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Luiz Gomes: Conmebol ‘estica a corda’ e protagoniza deboche com torcidas

Com a final da Libertadores agora em Lima, milhares de flamenguistas e riveristas se veem diante de um transtorno monstruoso após mudança que a Conmebol demorou para fazer

Mudança para Lima gerou diversos contratempos aos torcedores de Fla e River (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)
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Esticar a corda é uma expressão tipicamente brasileira que tem ampla utilização, a mais comum no mundo empresarial quando uma das partes leva uma negociação até o extremo. Por falta de habilidade, por intransigência, ganância ou até mesmo por interesses escusos, inconfessáveis, por vezes a tal corda arrebenta e os prejuízos, então, são inevitáveis. Para todos os envolvidos.

Quando o assunto é Libertadores, o principal torneio que organiza e a maior vitrine global do futebol sul-americano, esticar a corda e vê-la romper-se tem sido uma especialidade da Conmebol. Foi assim no ano passado quando Boca e River foram decidir do outro lado mundo, no Santiago Bernabéu, em Madrid, o título continental - naquela que era apontada e poderia ter sido de fato a final do século. E está sendo assim, agora, na decisão entre o Flamengo e o mesmo River.

A forma como se deu a transferência do jogo de Santiago pata Lima foi absurda. Era óbvio, desde o início, antes mesmo que os ingressos fossem colocados à venda, que a capital chilena, vivendo um clima de convulsão social por conta dos protestos contra o governo do presidente Sebastian Piñera, não poderia mais ser a sede da decisão, de um evento internacional dessa magnitude. Tão óbvio que a ONU e a Apec, mais ágeis e responsáveis, trataram de tirar de Santiago a Conferências do Clima e a cúpula de chefes de estado do Fórum de Cooperação Econômica Ásia Pacífico.

Mas a Conmebol insistiu. Só quando manifestações grandiosas foram convocadas para a porta do Estádio Nacional, no dia e no horário da final, é que a cartolagem decidiu agir, convocando a reunião de Assunção que acabou por transferir, essa semana, o jogo para a capital peruana. Talvez, nenhum problema, nada demais para o senhor Alejandro Dominguez e sua trupe. Mas certamente tarde demais para milhares de flamenguistas e riveristas que ingenuamente já haviam reservado voos e hotéis, comprado seus ingressos e se veem diante de um transtorno monstruoso.

Chega a ser um deboche a forma como a Conmebol tratou o assunto. Dando uma de boa moça, ofereceu-se para negociar o imbróglio com as companhias aéreas, como se tivesse poder e credibilidade para isso. E comprometeu-se a devolver o dinheiro ou trocar os ingressos de quem já tinha, com a simplicidade de quem transferia um jogo do Morumbi para o Pacaembu ou do Nilton Santos para o Maracanã, a poucos quilômetros de distância um do outro. E não de um país para o outro.

Principal companhia aérea do país, as Aerolineas Argentinas, por iniciativa própria e não da Conmebol, que fique claro, decidiu reembolsar o valor da passagem de quem tinha o ingresso comprado para o jogo no Chile. Uma atitude nobre. Por aqui nenhuma ação desse tipo ainda foi anunciada, mesmo o Flamengo prometendo dar holofotes a quem ajudasse seu torcedor. Espera-se algo na mesma linha. De concreto apenas a decisão do Rubro-Negro de dar prioridade a quem já tinha o código de compra de ingresso de Santiago quando abrirem as vendas para Lima.

A indefinição do local da primeira final única da Libertadores, algo anunciado com pompa e circunstância como uma das grandes mudanças da “nova gestão” da Conmebol - assim como o que ocorreu no ano passado, no confronto dos gigantes argentinos -, é mais um retrato do amadorismo que impera no futebol sul-americano. O respeito ao torcedor é o que menos importa, a mídia e os clubes - que igualmente haviam preparado sua estrutura logística para o embate decisivo - que se danem. Só o que é levado em conta são os interesses financeiros - que valores estariam envolvidos na escolha de Santiago e em sua substituição por Lima? - e eleitoreiros da cartolagem. Essa parte da história, um dia, espera-se, virá à tona.