Poucos nomes estão tão ligados à história do Fluminense quanto Telê Santana. Ídolo nas Laranjeiras em mais de uma função, o “Fio de Esperança” foi um dos maiores pontas da história do clube, além de ter exercido papel fundamental como treinador, tanto nas divisões de base quanto no time profissional. Seu legado ultrapassa os números expressivos e chega até a filosofia de jogo que cultivou em campo e fora dele. O Lance! relembra a carreira de Telê Santana no Fluminense.
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Revelado pelo próprio Fluminense, Telê despontou no início da década de 1950 como um atacante de grande mobilidade, inteligência tática e precisão nos passes e finalizações. Embora atuasse como ponta-direita, muitas vezes recuava para articular jogadas, quebrando os padrões tradicionais da posição. Ainda jovem, ganhou o apelido que o acompanharia por toda a vida: “Fio de Esperança”.
Ao longo da década, Telê se consolidou como titular absoluto e símbolo do clube. Foi campeão estadual, conquistou torneios interestaduais importantes e deixou sua marca em clássicos decisivos. Sua identificação com o Fluminense era tamanha que, mesmo após encerrar a carreira como jogador em outros clubes, retornou ao Tricolor para iniciar a trajetória como técnico.
Como treinador, Telê também brilhou. Começou nas categorias de base, foi campeão juvenil e assumiu o time profissional pouco tempo depois. Comandou o Fluminense em campanhas vitoriosas no Carioca e foi responsável por estruturar o time que ganharia títulos nacionais nos anos seguintes. Sua passagem mais curta no fim dos anos 1980 reafirmou sua ligação com o clube, consolidando uma das carreiras mais completas da história do futebol brasileiro em um único time.
A era de Telê Santana no Fluminense - como jogador
Telê Santana vestiu a camisa do Fluminense entre 1951 e 1960, período em que se destacou como um dos principais jogadores da história do clube. Foram 558 partidas disputadas e 163 gols marcados, marcas que o colocam entre os líderes históricos tanto em número de jogos quanto em artilharia. É até hoje o terceiro atleta com mais jogos oficiais pelo Fluminense.
Seu desempenho foi fundamental em conquistas importantes da época. Entre os títulos que colecionou estão dois Campeonatos Cariocas, dois Torneios Rio-São Paulo e a histórica Copa Rio, competição internacional que reuniu grandes clubes e teve prestígio mundial no início da década de 1950. Telê foi decisivo em várias dessas campanhas, sempre aparecendo com gols e assistências nos momentos decisivos.
Sua estreia no profissional foi cercada de expectativa. Após se destacar em um teste com cinco gols marcados, não demorou para ganhar a vaga no time principal. A torcida rapidamente o abraçou e participou ativamente da escolha de seu apelido, que venceu um concurso entre os torcedores para definir como o novo ídolo seria chamado.
Mesmo sua despedida foi marcante. Em sua última partida com a camisa do Fluminense, acabou marcando um gol contra de forma acidental. Em vez de vaias, recebeu aplausos e demonstrações de carinho da arquibancada, reflexo do respeito conquistado ao longo de quase uma década de serviços prestados ao clube.
Telê Santana como técnico do Fluminense
Depois de encerrar a carreira como jogador no início dos anos 1960, Telê iniciou sua trajetória como treinador justamente no Fluminense. Em 1967, assumiu o comando da equipe juvenil, com a qual conquistou o Campeonato Carioca da categoria. O bom desempenho nas divisões de base rendeu uma promoção rápida ao time profissional, onde passou a comandar atletas que, em muitos casos, ele mesmo havia ajudado a formar.
Sua primeira passagem como técnico principal começou em 1969. Logo em seu primeiro ano, conquistou a Taça Guanabara e o Campeonato Carioca, formando uma base sólida que renderia ainda mais frutos nos anos seguintes. Embora tenha deixado o clube antes da conquista do Campeonato Brasileiro de 1970, grande parte do elenco campeão foi moldada por ele.
Telê tinha um estilo exigente, focado em fundamentos, disciplina tática e valorização do futebol ofensivo. Sua filosofia já estava presente no Fluminense antes mesmo de ganhar projeção nacional com trabalhos em clubes como Atlético Mineiro, Grêmio e São Paulo, além das Seleções Brasileiras de 1982 e 1986.
Anos depois, em 1989, ele voltou ao clube para uma segunda passagem como treinador do time principal. Ficou por cerca de três meses, comandando a equipe em 28 partidas. Mesmo sem títulos nesse retorno, o vínculo emocional entre Telê e o Fluminense foi reafirmado com força.
O legado eterno de Telê nas Laranjeiras
A influência de Telê Santana no Fluminense ultrapassa suas estatísticas como jogador e treinador. Seu amor pelo clube era notório, assim como sua postura ética, seu respeito pelo atleta e sua busca constante pela excelência técnica. Foi um dos primeiros técnicos brasileiros a valorizar treinamentos intensivos, jogadas ensaiadas e métodos de preparação física mais avançados para a época.
Além disso, Telê sempre defendeu a autonomia dos jogadores dentro e fora de campo. Em momentos de tensão, como em disputas salariais ou embates internos, se posicionava a favor dos atletas, mesmo contrariando dirigentes. Era um defensor da meritocracia, da lealdade ao clube e da liberdade com responsabilidade.
O reconhecimento da importância de Telê Santana para o Fluminense é permanente. Seu nome batiza um dos espaços mais simbólicos do Centro de Treinamento do clube, como forma de homenagear não apenas o atleta e o técnico, mas também o homem que ajudou a moldar a identidade do Tricolor em diferentes gerações.
Uma figura que moldou gerações
A história de Telê Santana no Fluminense é única. Começou como uma aposta das categorias de base, virou ídolo absoluto como jogador e retornou como formador e técnico vitorioso. Sua carreira no clube é marcada por títulos, gols, inovações e, acima de tudo, uma relação sincera com a torcida. É o exemplo de uma trajetória completa, que se confunde com a própria história do clube.
A combinação de talento, ética e paixão fazem de Telê uma referência eterna não só no Fluminense, mas no futebol brasileiro. Seu nome permanece vivo na memória dos torcedores, nas estatísticas do clube e nas ideias de futebol que influenciaram gerações. Para o Fluminense, Telê Santana sempre será mais do que um ídolo: será sinônimo de excelência e identidade.