O Flamengo nasceu como clube de regatas em 1895, décadas antes de se tornar um gigante do futebol brasileiro. Quando os primeiros remadores do recém-formado Grupo de Regatas do Flamengo definiram a identidade visual da equipe, as cores escolhidas eram bem diferentes das que se tornariam famosas mundialmente: azul e ouro. Essa combinação, presente no primeiro uniforme da história rubro-negra, marcou a fase inicial do clube de regatas, refletindo elegância e inspiração náutica. O futebol, no entanto, nasceu rubro-negro, mas diferente do que vemos atualmente. O Lance! conta a história da primeira camisa do Flamengo.

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A camisa azul e ouro carregava simbolismo forte. O azul representava o mar, ambiente original dos atletas flamenguistas, enquanto o ouro simbolizava prestígio, força e o espírito competitivo que o clube buscava transmitir. A peça, no entanto, enfrentou problemas desde o início: o tecido azul desbotava com facilidade sob o sol e a água salgada das competições de remo na Baía de Guanabara. Ainda assim, tornou-se a primeira marca oficial do Flamengo e acompanhou os remadores nos desafios primordiais da história do clube.

Com o passar dos anos, as dificuldades de manutenção e a instabilidade das cores levaram à mudança. Em 1898, o Flamengo adotou seu primeiro padrão vermelho e preto — ainda diferente do atual — e, a partir daí, evoluiu até chegar ao tradicional uniforme rubro-negro que se tornaria um dos símbolos esportivos mais reconhecidos do planeta. A origem desse processo, porém, está justamente na camisa azul e ouro, peça pouco lembrada, mas fundamental para a trajetória do clube.

Esse uniforme inaugural representa a fase embrionária do Flamengo, quando o foco ainda era o remo e o futebol sequer existia dentro da instituição. Mais tarde, quando o departamento de futebol foi fundado em 1911, as cores rubro-negras já estavam consolidadas, mas sua criação só foi possível porque a camisa azul e ouro abriu caminho para mudanças estéticas e estruturais dentro do clube.

História da primeira camisa do Flamengo

A primeira camisa do Flamengo, utilizada a partir de 1895, tinha listras horizontais em azul e ouro — uma combinação rara no esporte brasileiro da época. O modelo foi criado pelos remadores fundadores, influenciados pelos uniformes náuticos europeus e pelo desejo de conferir ao clube uma identidade que dialogasse com o esporte praticado.

A camisa era produzida com tecido pesado de lã, comum nos uniformes de remo do século XIX. O calor do Rio de Janeiro e a umidade constante tornavam a peça desconfortável, mas ainda assim ela era símbolo de elegância e distinção. O Flamengo rapidamente se destacou pelas cores chamativas e pela estética diferente de outros clubes cariocas, que ainda não possuíam padrões consolidados.

No entanto, como o azul desbotava com extrema facilidade nas competições, o uso do uniforme tornou-se inviável. O Flamengo começou a procurar alternativas que mantivessem a identidade visual forte, mas com mais durabilidade. Assim surgiu a transição para o vermelho e preto, que seria amadurecida ao longo dos anos seguintes.

Por que o Flamengo abandonou o azul e ouro

O principal problema da camisa azul e ouro era a baixa resistência do tecido azul, especialmente ao contato com água salgada. Após poucas competições, o azul ficava esverdeado, acinzentado ou completamente desgastado. Os remadores reclamavam que o uniforme nunca mantinha a padronização, prejudicando até mesmo a estética da equipe durante os eventos oficiais.

Além disso, o Flamengo buscava cores mais simples, vibrantes e fáceis de padronizar. O vermelho e o preto surgiram como resposta perfeita: eram tons fortes, resistentes e combinavam com a identidade mais enérgica que o clube assumiria na virada do século. As novas cores foram adotadas oficialmente primeiro no remo e se tornaram definitivas quando o departamento de futebol foi fundado em 1911.

A saída do azul e ouro também representou uma mudança de mentalidade. Os remadores queriam um visual mais "combativo", que refletisse vigor e presença marcante. Assim, o tradicional rubro-negro nasceu e rapidamente conquistou a torcida e os atletas.

Evolução do uniforme até o rubro-negro atual

Após abandonar o azul e ouro, o Flamengo adotou o chamado "papagaio de vintém" em 1898, camisa com quadrantes vermelhos e pretos, mais complexa e com forte apelo visual. Esse modelo, porém, era considerado difícil de confeccionar e desconfortável para remadores e, mais tarde, jogadores de futebol.

Em 1912, no início do departamento de futebol, o clube consolidaria usaria a 'papagaio vintém', até, em 1916, passar usar as faixas rubro-negras — formato que permanece até hoje como marca registrada do Fla. Nos anos seguintes, ajustes de espessura das listras, tonalidade das cores e detalhes de gola consolidariam o uniforme como um dos mais icônicos do futebol mundial.

A história do rubro-negro é diretamente conectada à evolução iniciada lá atrás, com a primeira camisa azul e ouro. Sem aquele modelo inicial, a identidade flamenguista talvez fosse completamente diferente.

Curiosidades e detalhes pouco conhecidos

  1. O azul da camisa original precisava ser importado da Europa, o que aumentava ainda mais os custos.
  2. O Flamengo foi um dos poucos clubes brasileiros a começar com cores que não são usadas por seu time de futebol até hoje.
  3. Réplicas modernas da camisa azul e ouro são raras e, quando produzidas, tornam-se itens cobiçados por colecionadores.
  4. O uniforme original não tinha escudo: apenas as cores identificavam o clube.
  5. A combinação azul e ouro não chegou a ser usada pelo departamento de futebol, que nasceu já rubro-negro.

Lista das primeiras camisas do Flamengo

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