João Miranda de Souza Filho, o Miranda, foi um dos zagueiros mais regulares e confiáveis do futebol brasileiro neste século. Frio, técnico, bom no jogo aéreo e com leitura de jogo impressionante, ele se destacou no São Paulo multicampeão do Brasileirão, virou referência no Atlético de Madrid de Diego Simeone, passou pela Inter de Milão e ainda defendeu a seleção brasileira em Copa do Mundo, Copa das Confederações e três edições de Copa América. O Lance! te conta por onde anda Miranda.

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Criado em Paranavaí (PR), Miranda saiu de Coritiba rumo à Europa, voltou ao Brasil para brilhar no São Paulo, ganhou tudo com o Atlético e se consolidou como um dos grandes defensores da geração. Foram quase 500 jogos como profissional, 58 partidas pela Seleção e uma coleção de títulos nacionais e internacionais que o colocam entre os zagueiros mais respeitados do período.

Em janeiro de 2023, aos 38 anos, ele anunciou oficialmente a aposentadoria, encerrando uma carreira marcada por regularidade e nível alto por mais de 15 anos no topo.

A seguir, veja por onde anda Miranda hoje e relembre os principais capítulos da sua trajetória.

Do Coritiba ao tricampeonato brasileiro pelo São Paulo

O início da trajetória profissional de Miranda foi no Coritiba, onde ele completou a formação de base e subiu ao time principal em 2004. Pouco depois, chamou a atenção do futebol europeu e seguiu para o Sochaux, da França.

A adaptação ao futebol francês não foi simples, e, em 2006, Miranda retornou ao Brasil para defender o São Paulo. Foi no Tricolor que ele explodiu de vez: tornou-se titular absoluto, peça-chave do sistema defensivo e participou de uma das fases mais vitoriosas da história do clube. Entre 2006 e 2008, conquistou três Campeonatos Brasileiros seguidos (2006, 2007 e 2008), sendo eleito para a seleção do campeonato em quatro temporadas consecutivas (2007 a 2010).

No São Paulo, Miranda se firmou como o zagueiro completo: forte na marcação, seguro por cima, rápido na recomposição e com boa saída de bola. Esse desempenho chamou a atenção da Europa mais uma vez — e, desta vez, ele saiu em definitivo para um dos projetos mais ambiciosos do continente.

Atlético de Madrid: auge de Miranda na Europa

Em 2011, Miranda assinou com o Atlético de Madrid e, sob o comando de Diego Simeone, viveu o auge da carreira na Europa. Em quatro temporadas, ele se tornou um dos pilares da melhor defesa do continente, formando dupla histórica com Diego Godín e ajudando o clube a quebrar a hegemonia de Real Madrid e Barcelona em diversos torneios.

Pelo Atleti, Miranda ergueu La Liga, Copa do Rei, Supercopa da Espanha, Liga Europa e Supercopa da UEFA, além de disputar a final da Champions League em 2014. Um dos momentos mais marcantes foi o gol de cabeça na final da Copa do Rei de 2013, na prorrogação, que encerrou um tabu de 25 jogos sem vitória sobre o Real Madrid e deu o título ao clube colchonero.

Em 2014, após o título espanhol e a temporada brilhante, Miranda chegou a ser indicado entre os melhores defensores de La Liga, consolidando o status de zagueiro de elite no futebol europeu.

Inter, China e volta ao São Paulo: reta final da carreira

Após o ciclo vitorioso na Espanha, Miranda foi contratado pela Inter de Milão em 2015. Na Itália, manteve boa regularidade, virou titular e referência da defesa, embora não tenha conquistado grandes títulos com o clube. Foram quatro temporadas em alto nível na Serie A, enfrentando alguns dos melhores atacantes do mundo.

Em 2019, rescindiu com a Inter e seguiu para o Jiangsu Suning, na China, onde conquistou o título do Campeonato Chinês de 2020 antes de o clube ser dissolvido por questões financeiras no início de 2021.

Pouco depois, Miranda retornou ao São Paulo, em 2021, para uma última passagem pelo clube que o projetou. Foi titular em boa parte da temporada e ajudou o time a conquistar o Campeonato Paulista de 2021, mas perdeu espaço em 2022 com a chegada de novos zagueiros e o processo de renovação conduzido por Rogério Ceni. Deixou o clube no fim daquele ano e, semanas depois, anunciou a aposentadoria.

Seleção Brasileira: Copa, Copa América e liderança de Miranda

Na seleção brasileira, Miranda teve uma carreira sólida e longeva. Estreou em 2009, participou da campanha campeã da Copa das Confederações daquele ano e voltou a ganhar espaço principalmente a partir da segunda passagem de Dunga, quando se tornou titular e chegou a assumir a braçadeira de capitão em diversos jogos.

Miranda esteve na lista de suplentes da Copa de 2014, mas foi titular na Copa do Mundo de 2018, na Rússia, formando dupla com Thiago Silva. Disputou também três edições de Copa América e foi campeão em 2019, atuando em parte da campanha vitoriosa em casa.

No total, foram 58 jogos e 3 gols pela Seleção, com papel importante tanto em campo quanto no vestiário, como uma liderança silenciosa, respeitada por técnicos e companheiros.

Por onde anda Miranda?

Miranda está oficialmente aposentado desde 11 de janeiro de 2023, quando publicou nas redes sociais o comunicado de despedida dos gramados. Clubes como Atlético de Madrid, Inter de Milão e o próprio São Paulo divulgaram homenagens ao zagueiro, destacando sua liderança, profissionalismo e peso histórico nos títulos conquistados.

Desde então, ele vive uma rotina mais voltada à família e à gestão de sua própria imagem e negócios. Sem assumir, até o momento, cargos de treinador ou dirigente em clubes, Miranda mantém um perfil discreto (@miranda023), mas aparece com frequência em eventos de ex-jogadores, ações promocionais ligadas aos times por onde passou e entrevistas pontuais sobre sua carreira e a seleção brasileira.

Um ponto que também marca essa nova fase é a proximidade com a carreira dos filhos. João Vitor e Lucas Miranda atuam nas categorias de base na Europa e no Brasil — o mais velho, zagueiro, já aparece em clubes europeus, enquanto o caçula segue na formação do São Paulo. Miranda, portanto, segue ligado ao futebol, mas agora mais como referência e conselheiro de uma nova geração do que como protagonista dentro de campo.

Todos os clubes da carreira de Miranda (em ordem cronológica)

Ao longo da carreira profissional, Miranda defendeu sete clubes, somando quase 500 jogos oficiais em ligas nacionais:

  1. Coritiba (2004–2005) – 49 jogos, 2 gols
  2. Sochaux (França, 2005–2006) – 20 jogos, 0 gol
  3. São Paulo (2006–2011 – primeira passagem) – 128 jogos, 4 gols
  4. Atlético de Madrid (2011–2015) – 117 jogos, 8 gols
  5. Inter de Milão (2015–2019) – 110 jogos, 1 gol
  6. Jiangsu Suning (China, 2019–2020) – 28 jogos, 2 gols
  7. São Paulo (2021–2022 – segunda passagem) – 43 jogos, 2 gols

No total, foram 494 partidas e 17 gols em ligas nacionais, além de dezenas de jogos em copas e competições internacionais.

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