A Copa do Mundo, maior evento esportivo do planeta, nunca foi estática. Desde 1930, o torneio passou por mudanças profundas em seu formato, ampliando número de seleções, redesenhando fases e ajustando o equilíbrio entre grupos e mata-mata nos Mundiais. Cada nova edição refletiu não só transformações esportivas, mas também mudanças políticas, econômicas e organizacionais no futebol global. O Lance! relembra o formato de cada Copa do Mundo.

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No início, a Copa do Mundo era compacta, com poucos participantes e sistemas simples para definir o campeão. Com o passar das décadas, o futebol cresceu, as confederações se fortaleceram e novas seleções passaram a reivindicar espaço. A FIFA, impulsionada pela globalização e pela pressão de representatividade continental, expandiu o torneio em ciclos decisivos, até chegar aos formatos modernos.

Essas mudanças impactaram diretamente a competição: aumentaram o número de jogos, modificaram o caminho até a final, influenciaram a preparação física das seleções e até alteraram a maneira como as equipes abordam fases de grupos. A Copa do Mundo se tornou mais longa, mais diverso e mais complexo taticamente.

Agora, com 48 seleções confirmadas para 2026, o torneio se prepara para mais um salto histórico. Mas para entender essa nova era, é importante revisitar como o formato evoluiu ao longo de quase um século.

Formato de cada Copa do Mundo

Visão geral da evolução dos formatos

A linha do tempo dos formatos da Copa mostra uma evolução progressiva. Em 1930, o torneio tinha 13 seleções e um sistema simples de grupos que levava diretamente às semifinais. Apenas quatro anos depois, em 1934, o formato mudou radicalmente: foi disputado inteiramente em mata-mata, sem fase de grupos, algo impensável no modelo atual.

A partir dos anos 1950, a Copa do Mundo consolidou-se com 16 seleções e uma combinação estável de fase de grupos seguida por mata-mata. Esse padrão durou até o fim da década de 1970, quando a competição precisou se adaptar às pressões por maior representatividade. Em 1982, veio o primeiro grande salto: 24 seleções e uma nova configuração com duas fases de grupos antes das semifinais.

Em 1998, a Copa do Mundo encontrou seu formato mais reconhecível e longevo: 32 seleções divididas em oito grupos de quatro, avançando para oitavas de final. A estrutura se manteve por sete edições consecutivas, de 1998 até 2022, e se tornou o padrão moderno da competição.

Formatos por época: como funcionava cada fase

Nos anos 1930, o Mundial ainda buscava sua identidade. Em 1930, quatro grupos definiram os semifinalistas; em 1934 e 1938, houve formato todo em mata-mata, refletindo a organização esportiva da época. Após a Segunda Guerra, a Copa de 1950 trouxe um modelo único, sem final, no qual a fase decisiva era disputada em grupo quadrangular.

Entre 1954 e 1970, o modelo com 16 seleções se estabilizou: grupos de quatro e avanço para mata-mata. Foi um período de amadurecimento da estrutura, mas que também mostrou limites diante da evolução do futebol em continentes emergentes.

Em 1974 e 1978, o torneio introduziu duas fases de grupos. A primeira etapa dividia 16 seleções em quatro grupos; os classificados avançavam a outro quadrangular, cujo vencedor de cada grupo disputava a final. Eram formatos diferentes do atual, mas que refletiam a busca por maior equilíbrio e mais jogos de alto nível.

A Copa do Mundo de 1982, com 24 seleções, representou uma revolução. Com mais vagas para África, Ásia, Oceania e CONCACAF, a competição utilizou dois grupos por fase antes de chegar às semifinais. Em 1986 e 1990, o modelo foi ajustado: 24 seleções, seis grupos iniciais e classificação de quatro melhores terceiros colocados para montar o mata-mata.

A grande mudança veio em 1998, com 32 seleções. A partir dali, as regras ficaram claras: oito grupos de quatro; os dois melhores avançam; oitavas, quartas, semifinal e final. Foi o formato que moldou gerações e que mais se aproximou da estrutura atual do futebol mundial.

Por que o formato da Copa do Mundo mudou tanto?

Cada mudança foi motivada por uma combinação de fatores. A globalização do futebol e o crescimento de confederações fora da Europa e da América do Sul pressionaram a FIFA a aumentar o número de vagas. Comercialmente, mais jogos significam mais audiências, mais países engajados e maior retorno financeiro.

Logística e calendário também influenciaram. Mundiais com duas fases de grupos, como em 1978 ou 1982, eram complexos e exigiam ajustes. Com o avanço da televisão e das transmissões globais, formatos mais claros e padronizados passaram a ser preferidos.

Além disso, o formato impacta diretamente o estilo de jogo. Grupos grandes, grupos pequenos, mata-mata precoce ou tardio — cada estrutura muda o comportamento das seleções. Portanto, o Mundial sempre precisou equilibrar competição, espetáculo e organização.

O que esperar para 2026 e além

A Copa do Mundo de 2026, com 48 seleções, inaugura uma nova era. O torneio terá mais jogos, mais países envolvidos e maior diversidade tática. O formato final aprovado pela FIFA prevê 12 grupos de quatro times, avançando 32 equipes para a próxima fase e adição de um jogo a mais de mata-mata: os 16 avos de final. Depois, segue normalmente com oitavas, quartas, semis e final.

Para seleções emergentes, o novo modelo representa uma oportunidade histórica de presença no maior palco do futebol. Para as grandes potências, aumenta o desgaste físico e a exigência de elencos amplos. Para a FIFA, o Mundial se torna ainda mais global — e mais comercial.

Se o formato se consolidará ou será ajustado nos ciclos seguintes, só o tempo dirá. Mas, como sempre aconteceu desde 1930, a Copa seguirá evoluindo. Afinal, o formato do Mundial é um espelho da evolução do próprio futebol — e 2026 será mais um capítulo dessa transformação.

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