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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 22/08/2025
07:33
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O 4-2-3-1 é, talvez, a formação mais emblemática do futebol moderno. Nas últimas duas décadas, foi o esquema preferido de técnicos campeões mundiais e continentais, combinando estabilidade defensiva com criatividade ofensiva. É um sistema que nasceu da necessidade de adaptação: com a evolução física dos atletas e o aumento da intensidade do jogo, treinadores perceberam que precisavam proteger melhor a defesa sem perder profundidade no ataque. O Lance! explica o funcionamento do 4-2-3-1.

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Seu desenho base é claro: uma linha de quatro defensores, dois volantes, três meias ofensivos e um centroavante. Mas, na prática, trata-se de uma formação camaleônica, capaz de se transformar em 4-4-2, 4-3-3 ou até 4-5-1 dependendo da fase do jogo. O 4-2-3-1 ganhou popularidade no início dos anos 2000, com times como o Real Madrid de Vicente del Bosque, o Arsenal de Arsène Wenger e a Alemanha de Joachim Löw. No Brasil, foi muito utilizado por Mano Menezes na Seleção e Tite no Corinthians, adaptado às características do elenco e do futebol local.

Hoje, mesmo que o 4-2-3-1 já não seja tão dominante como em sua época de ouro, ainda é visto em seleções e clubes de alto nível, especialmente por sua flexibilidade e equilíbrio.

Estrutura e funcionamento detalhado

No 4-2-3-1, a linha defensiva tem papel essencial na construção e proteção. Os laterais devem saber equilibrar apoio e marcação, já que a amplitude ofensiva muitas vezes passa por eles.

A dupla de volantes é o coração do sistema. Em geral, há uma função mais defensiva (o “primeiro volante”) e outra de transição e distribuição de jogo (o “segundo volante”). Alguns técnicos preferem dois volantes com boa saída, aumentando a posse; outros optam por um mais marcador para dar liberdade ao parceiro.

A linha de três meias ofensivos é responsável por criar. O meia central (camisa 10) atua entre as linhas, buscando passes verticais e triangulações. Os pontas alternam entre jogar abertos para esticar a defesa e se infiltrar pelo centro.

O centroavante é referência e pivô, mas também precisa participar do jogo associativo, abrindo espaços para os meias chegarem à área.

Na fase defensiva, o 4-2-3-1 pode recuar para um 4-4-1-1, com os pontas ajudando os volantes, ou fechar linhas compactas para dificultar a progressão do adversário.

Vantagens do 4-2-3-1

  1. Equilíbrio tático

A presença de dois volantes oferece proteção contra contra-ataques, enquanto a linha de três garante opções ofensivas variadas.

  1. Flexibilidade de transição

O sistema pode se tornar mais ofensivo ou defensivo rapidamente, dependendo da movimentação dos meias.

  1. Proteção do miolo defensivo

Com dois jogadores à frente da zaga, é mais difícil o adversário explorar passes verticais pelo centro.

  1. Amplitude e profundidade

Com pontas e laterais bem coordenados, é possível atacar pelos lados e pelo meio com eficiência.

Desvantagens do 4-2-3-1

  1. Dependência do meia central

Se o camisa 10 é bem marcado ou está em má fase, o time perde grande parte da criatividade.

  1. Laterais sobrecarregados

Como os pontas muitas vezes se movimentam para dentro, a largura ofensiva depende dos laterais, que precisam ter grande resistência física.

  1. Possível isolamento do centroavante

Se os meias ofensivos não se aproximarem, o atacante pode ficar isolado entre os zagueiros.

  1. Espaços nas transições defensivas

Se os volantes avançam demais ou os pontas não recompõem, o time pode ficar vulnerável nas laterais e na faixa entre defesa e meio.

Exemplos históricos

  1. Espanha (Copa do Mundo 2010): Campeã com Xabi Alonso e Busquets como volantes, Xavi centralizado, Iniesta e Pedro nas pontas e David Villa como referência.
  2. Alemanha (Copa do Mundo 2014): Lahm, Khedira e Kroos deram equilíbrio, com Özil, Müller e Klose no ataque.
  3. Real Madrid (2011-2014): Com Xabi Alonso e Khedira no meio, Di María, Özil e Cristiano Ronaldo criavam atrás de Benzema.
  4. Corinthians (Tite, 2012): Ralf e Paulinho como volantes, Jorge Henrique e Emerson pelas pontas, Alex centralizado e Liedson no comando do ataque.

O 4-2-3-1 no futebol brasileiro

No Brasil, a formação ajudou equipes a serem mais competitivas contra adversários de maior qualidade técnica, especialmente em torneios internacionais. Treinadores adaptaram o sistema para valorizar jogadores de transição rápida e volantes construtores.

Hoje, vemos variações híbridas que partem do 4-2-3-1, mas se adaptam ao adversário — Abel Ferreira, por exemplo, alterna para um 3-5-2 durante o jogo, enquanto Fernando Diniz muitas vezes aproxima a estrutura de um 4-3-3 posicional.

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