O comércio e o consumo de bebidas alcoólicas dentro dos estádios no estado de São Paulo é estritamente proibido. No entanto, a venda do lado de fora, longe dos domínios dos clubes é legalizada, o que gera uma concentração de bares, restaurantes e barraquinhas nas proximidades da arena. Com comércios tradicionais e muito conhecidos, os donos dos estabelecimentos e consumidores próximos ao estádio do Palmeiras foram muito afetados com a crise do metanol.
A reportagem do Lance! foi ao Allianz Parque na partida entre Palmeiras e Bragantino, na última quarta-feira (15). Horas antes do jogo, que acabou 5 a 1 para os donos da casa, foi possível observar algumas diferenças em relação à normalidade nos comércios do local. Diversos bares que tem como carro-chefe a venda de destilados estavam sem movimento ou até mesmo fechados. Outros locais nem mesmo ofereciam bebidas como gin, whisky e vodka, queridinhas dos torcedores.
Os proprietários dos bares que ficam na tradicional Rua Palestra Itália, em frente ao estádio Allianz Parque, relataram com unanimidade que observaram uma diminuição significativa nas vendas de bebidas destiladas.
A proprietária do bar “Skina 1914” disse que as vendas de bebidas destiladas caíram em aproximadamente 70%. Em compensação, a mesma confirmou que o número de cervejas comercializadas aumentou.
Atravessando a rua, no bar “São Marcos 12”, o proprietário Sérgio relatou que, mesmo comprando bebidas de distribuidores oficiais e possuindo notas fiscais de absolutamente todos os produtos que coloca à venda em seu estabelecimento, a crise do metanol também afetou suas vendas. Sérgio também confirmou que os seus clientes estão migrando para o chopp e a cerveja, que praticamente não foram afetadas pelo escândalo.
A rua Caraíbas, também próxima ao Palestra Itália, também possui comércios afetados.
- Caiu em 99% (a venda de destilados). Dos últimos jogos pra cá, praticamente não vendemos mais nada de destilados, só cachaça. A cerveja ainda está saindo - afirmou Pedro, sócio do restaurante “Jomix”.
Ainda na mesma rua, uma das proprietárias da “Adega das Ricas”, também relatou que as vendas dos famosos “copos” e combos caiu muito.
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Sentimento da torcida
Apesar de frequentarem os comércios que estão lá há anos e possuírem confiança, os relatos dos torcedores do Palmeiras apresentaram um grande medo em ingerir qualquer bebida que não fosse cerveja por conta da crise do metanol.
- Cara, não estou tomando nada. Estou realmente assustado com isso. Eu “tomo” (bebidas alcoólicas) quando venho ao estádio, mas agora cortei e vou esperar um pouquinho pra voltar - disse Luis Felipe, torcedor palmeirense.
Outros torcedores, como Lavínia, amiga de Luis, também afirmaram que estão com medo e que vão parar de consumir bebidas de ambulantes e até mesmo bares próximos ao Allianz Parque.
Cuidados
Apesar de terem poucos casos confirmados com bebidas que não são destiladas, como cerveja e vinho, não é possível afirmar com 100% de certeza que elas não apresentam nenhum traço da substância.
Para evitar qualquer tipo de contaminação através das bebidas ingerindo metanol, é importante que o consumidor tenha cautela e escolha atentamente aquilo os locais para compra e consumo. Além disso, o comprador também possui o direito de pedir ao comerciante para conferir a nota fiscal do produto.
Entenda o caso
O chamado “caso metanol” em São Paulo refere-se a um surto de intoxicação causado pelo consumo de bebidas destiladas adulteradas com metanol, um álcool industrial altamente tóxico. Investigações apontam que fábricas clandestinas estariam misturando etanol de posto de combustível com metanol na produção de cachaças e vodcas vendidas ilegalmente. Em outros casos, a contaminação pode ter ocorrido por erro de fabricação, como o uso incorreto de produtos químicos de limpeza. O metanol, quando ingerido, é metabolizado em substâncias como formaldeído e ácido fórmico, que podem causar efeitos graves à saúde, incluindo cegueira e morte, mesmo em pequenas quantidades.