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Nathalia Gomes
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 15/07/2025
16:10
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Com a conquista do Mundial de Clubes no último domingo, o Chelsea se tornou o primeiro clube europeu a vencer todas as competições possíveis, incluindo o novo formato da competição da Fifa. Um feito histórico que, além de consolidar a equipe no topo do futebol mundial, também reforça a revelância do modelo de SAF (clube-empresa) como motor de perfomance esportiva e desenvolvimento institucional. A SAF do Chelsea é um exemplo claro de sucesso.

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A reestruturação do Chelsea começou em 2003, quando o clube foi adquirido pelo bilionário russo Roman Abramovich. A profissionalização da gestão, a reformulação da infraestrutura e os investimentos estratégicos em elenco e categorias de base marcaram um novo capítulo na história do clube.

Os números confirmam o sucesso da aposta: 75% dos títulos continentais do Chelsea foram conquistados após a transição para o modelo empresarial.

— Dinheiro não garante sucesso, mas dinheiro continuamente direcionado a escolha dos mais qualificados, vai gerar sucesso. O dono do Chelsea queria ganhar todo o possível, de imediato, mas percebeu que se não era possível, era certo ganhar tudo ao menos uma vez, persistindo na qualificação do estafe. São pessoas a vencer sempre, nunca o dinheiro. Dinheiro é o que atrai a maioria delas — afirma Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil.

Em 2022, o clube passou por uma nova venda, desta vez para o consórcio liderado pelo empresário Todd Boehly e a Clearlake Capital, movimentando cerca de £4,25 bilhões (R$ 23 bilhões). A nova gestão manteve a mentalidade corporativa, com foco em planejamento, inteligência de mercado e crescimento sustentável. Segundo dados do Football Benchmark, o valor de mercado do Chelsea cresceu cerca de €500 milhões desde a aquisição e teve alta de 9% entre 2023 e 2024.

— O Chelsea é um exemplo claro de como uma estrutura empresarial no futebol pode acelerar conquistas. O clube passou a pensar o futebol com lógica de projeto: scouting, base forte, elenco competitivo e metas de performance — tudo planejado e executado com precisão — comenta Claudio Fiorito, CEO da P&P Sport Management no Brasil.

SAFs no Brasil

O cenário brasileiro ainda engatinha na adoção e consolidação das SAFs, mas casos como o do Fortaleza têm chamado atenção justamente por seguirem um modelo próprio e eficiente. O clube cearense se tornou SAF em setembro de 2023, mantendo o controle 100% com a associação – sem venda para investidores externos. Mesmo assim, já colhe resultados expressivos.

Segundo levantamento do "ge", em parceria com o instituto AtlasIntel, o Fortaleza foi apontado como a 4ª SAF mais bem-sucedida do Brasil, com 4,8% dos votos, atrás apenas de Botafogo, Bahia e Cruzeiro – todos com aportes externos consideráveis.

— O mercado do futebol brasileiro reconhece o Fortaleza como uma SAF de sucesso em um modelo diferente. Reconhece o trabalho feito pela gestão ao longo dos últimos anos, que entregou resultados esportivos acima dos orçamentos. Nossa SAF está preparada para um próximo passo, que seja uma venda minoritária ou majoritária. Sempre pensando no bem do clube e na alegria dos seus torcedores — afirma Marcelo Paz, CEO do Fortaleza.

Marcelo Paz, CEO da SAF do Fortaleza (Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC)

Os números do “Laion” impressionam: melhor campanha no Brasileirão (4º lugar em 2024), três Libertadores consecutivas, crescimento de 197% no valor de mercado entre 2020 e 2024 (segundo a SportsValue), R$ 371 milhões em receita – a maior da história de um clube nordestino – e o maior contrato de patrocínio já firmado, com a Cassino, do Grupo Ana Gaming, válido até dezembro de 2026.

Sucesso do Chelsea: o que fica de lição para as SAFs do Brasil?

O sucesso do Chelsea mostra que a SAF, quando bem estruturada, é mais que um modelo financeiro, é uma mentalidade. Trata-se de enxergar o futebol como projeto, com metas claras, governança eficiente e decisões baseadas em dados.

O caso inglês comprova que gestão profissional pode (e deve) andar de mãos dadas com paixão. “Assim como já aconteceu nos principais países do futebol mundial — em alguns casos por organização espontânea do mercado, como na Inglaterra, em outros por legislação específica, como no Brasil — a migração do modelo associativo para o empresarial pode gerar grande impacto positivo.

Esse processo facilita a entrada de investidores, especialmente estrangeiros, como os Multi Club Owners (MCOs), e contribui para o aumento substancial dos orçamentos e da competitividade dos clubes”, afirma Marco Loureiro, sócio da CCLA Advogados.

No Brasil, o Fortaleza prova que mesmo sem a entrada imediata de capital externo, é possível aplicar os princípios de uma gestão corporativa com foco em sustentabilidade e performance. A lição para o futebol brasileiro é clara: não basta virar SAF — é preciso saber o que fazer com essa transformação.

— Indo além e analisando seu histórico vejo três lições estratégicas fundamentais para o futebol brasileiro. Primeiro, investir em recrutamento inteligente, orientado por análise avançada de dados, para contratações certeiras e de retorno garantido. Segundo, priorizar a formação e o desenvolvimento contínuo de jovens talentos, com metodologias claras e estrutura de alto nível. E por fim, realizar uma expansão comercial fortalecendo parcerias internacionais que ampliem receitas, posicionem a marca e gerem maior engajamento da torcida — finaliza Ricardo Bianco Rosada, fundador da consultoria brmkt.co que atua nas áreas de Estratégia, Branding, Marketing e Desenvolvimento de Negócios.

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