Certamente Ramón Díaz, técnico do Internacional, virá dizer que a declaração infeliz e machista que disse na coletiva após o empate em 2 a 2 com o Bahia foi tirada de contexto. O problema, porém, ah, porém, é que não existia contexto. A frase "futebol é para homens, não é para meninas", foi dita em meio a nenhum contexto de que pudesse ser retirado. Ela veio solta. Infeliz. E machista. Afinal, futebol é para quem quiser jogar. Futebol é para meninas.

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A coletiva após o jogo do Campeonato Brasileiro estava em 11 minutos. Nessa altura, Don Ramón reclamava da arbitragem, do gol anulado de Carbonero – golaço, aliás. Ele dizia que a diretoria tinha que estar atenta a este tipo de situação, que ia falar com o presidente Alessandro Barcellos e... Pá! Lá veio a frase. Infeliz. E machista: "futebol é para homens, não é para meninas".

Essas oito palavras, quebradas por uma vírgula bem no meio, após a quarta, repercutiram na imprensa e nas redes sociais. De pronto vieram inúmeras postagens contra, é claro, e a favor. Essas últimas, por sinal, até não surpreendem. Afinal, sabemos que X, Instagram etc. são repletos de negacionistas, racistas e machistas que se escondem atrás de perfis com nomes aleatórios.

Meninas também são muito boas de bola

Assim como o técnico argentino do Internacional, os donos desses perfis pararam no tempo. Provavelmente nunca ouviram Pepeu Gomes cantar em Masculino Feminino "ser um homem feminino, não fere meu lado masculino/ Se Deus é menina e menino/ Somos masculino e feminino".

Muito menos prestaram atenção na aula dada por Gilberto Gil em Super-homem (a canção): "Um dia/ Vivi a ilusão de que ser homem bastaria/ Que o mundo masculino tudo me daria/ Do que eu pudesse ter/ Que nada/ Minha porção mulher que até então se resguardara/ É a poção melhor que trago em mim agora/ É que me faz viver".

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Ora, sem dúvida por preconceito, esse tuiteiros – ou seria xiseiros? – e instragameiros, assim como Don Ramón, jamais viram a rainha Marta, a colombiana Linda Caicedo, a espanhola Aitana Bonmatí ou as estado-unidenses Mia Hamm e Alex Morgan em campo. Deveriam ver.

Quem sabe aprenderiam que futebol é sim para meninas. E que, assim como Pelé, Maradona, Messi e tantos outros craques, essas meninas muito boas de bola, algumas até geniais, como nossa eterna camisa 10, podem ensinar muito a marmanjos como eles. E também a jogadores como os colorados, que têm deixado muito a desejar em campo, jogando como homens.

Ramón Díaz, técnico do Internacional (Foto: Ricardo Duarte/SC Internacional)
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