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A batalha que poderia ser chamada de Guerra dos Aflitos

Jornalista do LANCE! que fez a cobertura do jogo entre Náutico e Grêmio, em 2005, destaca o clima de hostilidade antes, durante e depois do apito final

Quando o árbitro marcou o segundo pênalti, a confusão começou (Reprodução de TV)
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Se uma batalha é um componente de uma guerra, não seria exagero chamar o épico jogo da Série B 2005 de Guerra dos Aflitos. Pois o time do Grêmio enfrentou várias batalhas desde a véspera da partida até o glorioso apito final.

​O primeiro desafio foi na noite anterior, quando o 26 de novembro de 2005 mais parecia Reveillón de Copacabana: fogos de artifício para atrapalhar o sono dos tricolores gaúchos. Mas isso se trata de evento um tanto comum no futebol sul-americano. Portanto, nessa batalha o time gaúcho não teve perdas.

A dificuldade aumentou mesmo no dia do jogo. Torcedores do Náutico esperavam a delegação do Grêmio no portão de entrada do Estádio dos Aflitos. Quando apareceu um primeiro ônibus rival, os alvirrubros ficaram ensandecidos, sedentos por aqueles que deveriam ser caçados. A confusão foi grande: pedras voando, cassetetes da polícia acertando o lombo da galera, empurra-empurra, spray de pimenta nos olhos (dos outros é refresco)...

Mas aquele era um ônibus fake. Foi só para testar os bobos. Outro coletivo - este sim com a delegação - pintou no horizonte e a confusão foi a mesma. Parecia abertura de portões do Aniversário Guanabara. Mas o busão conseguiu entrar sem maiores prejuízos. A segunda batalha foi vencida.

Já dentro dos Aflitos, os tricolores devem ter pensado que estavam seguros. E realmente estavam! Ficaram trancafiados em um vestiário um pouco maior do que uma cela solitária, com tinta óleo fresca queimando os pelos do nariz e o único portão de saída para o campo trancado. Sem poderem ir para o gramado, o único aquecimento permitido era o forte calor do local - o jogo foi em novembro, em Recife. Depois de longos minutos, o gado tricolor foi liberado.

Nesse momento, os gaúchos não estavam mais 100% física e psicologicamente, estavam No Limite. E ainda tinham que jogar 90 minutos - na verdade, um pouco mais devido às confusões. No campo de batalha, porém, apresentaram-se como verdadeiros gladiadores. E, mesmo com um número relevante de baixas, mantiveram-se de pé e deram uma rasteira nos rivais. O 1 a 0 com maior sabor de goleada já visto.

Na Guerra dos Aflitos, venceu o mais forte. Com louvor.

*André Alt foi repórter e editor de conteúdo do LANCE!. Atualmente é editor de produtos digitais.