Futebol Nacional

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Luiz Fernando Gomes: ‘Sobre o VAR, reclamações e a lei sem lei’

Presidente do Palmeiras levou gancho de 15 dias do exercício da presidência do clube após críticas. Sentenças como a do STJD trazem para o esporte nuvens carregadas

Presidente do Palmeiras, Mauricio Galiotte, foi punido após críticas ao VAR (Foto: Fabio Menotti/Ag. Palmeiras)
Escrito por

As declarações do presidente do Palmeiras sobre o VAR têm sido completamente estúpidas. Vale repetir aqui, para contextualizar, o que disse Mauricio Galiotte seis rodadas atrás, depois do empate com o Internacional, em Porto Alegre, quando o gol que daria a vitória ao Verdão foi anulado após uma consulta à arbitragem de vídeo.

– O Palmeiras lutou muito para ter a tecnologia no futebol, mas o VAR tem que ser igual para todos. Tem que tratar todos da mesma maneira, e não cada jogada de maneira pontual. O Palmeiras está revoltado, porque algumas situações envolvendo o VAR estão sendo situações pontuais. O VAR trabalha para alguns clubes, para alguns é chamado o VAR e para outros não. Ou seja, são jogadas que o VAR entra para o time A e não para o time B – afirmou, numa clara referência, embora sem explicitar, ao que seriam benefícios ao Flamengo por parte dos árbitros.

Teorias da conspiração, especialmente quando a liderança de um campeonato está em jogo, são costumeiras no futebol brasileiro. Fazem parte da rivalidade, da nossa cultura, não dá para levá-las a sério. Por mais desprovida de argumentação lógica que seja a afirmação de Galiotte, portanto, tão ou ainda mais absurda foi a decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva da CBF de suspender o dirigente por 15 dias do exercício da presidência do clube. A que ponto chegamos, senhores. Que país é este que estamos construindo em que o direito de criticar é cassado sem a menor cerimônia e com base na interpretação de um outro procurador sobre termos da legislação?

Vale lembrar que, também essa semana, o técnico Jorge Jesus, denunciado por pesadas críticas ao VAR e ao árbitro da vitória do Flamengo por 2 a 0 sobre o Athletico, foi apenas advertido pelo mesmo STJD. O Mister, como Galiotte, estava enquadrado no artigo 258 (conduta contrária à ética), além do 243-F (ofensa à honra do juiz Bráulio da Silva Machado), e escapou de um gancho que poderia chegar a 12 jogos. Teriam sido dois pesos e duas medidas?

Galiotte não fez acusações pessoais a ninguém especificamente - o que poderia resultar em um processo por ofensa da honra, injúria, difamação, sei lá o que mais. Ele atacou um sistema – e, como se vê, não foi o único a fazê-lo nos últimos tempos. Criticou critérios, ainda que forma dura, passional, em causa própria e com argumentos frágeis. Mas tem, como Jesus, todo o direito de questionar, isso faz parte do jogo democrático.

O problema aqui não está na advertência ao treinador rubro-negro, mas na condenação do cartola palmeirense. A liberdade de expressão é assegurada pela Constituição da República - esse ente tão atropelado ultimamente nas mais diversas instâncias. Sentenças como a do STJD trazem para o esporte as mesmas nuvens carregadas que semeiam nesses tempos difíceis a ameaça censora às atividades culturais, à mídia, aos direitos individuais mais básicos do cidadão.

Tem se dito que o futebol está chato. A Fifa, que dos palácios de Zurique baixa regras e dita comportamentos, de fato está muito longe de ser um exemplo de modernidade, de transparência e de adaptação às transformações que o mundo exige. Mas será mesmo que o futebol é que está chato? Ou será que é o futebol brasileiro que está mais chato do que se vê no resto do planeta?

Na goleada histórica do Flamengo sobre o Grêmio, quarta-feira, Gabigol foi até a arquibancada, pegou um cartaz das mãos de um torcedor e saiu exibindo-o diante das câmeras de TV. Viram o que o juiz argentino fez com ele? Nada! Se fosse um jogo do Brasileirão, da Copa do Brasil ou de um Estadual, certamente o atacante teria levado um cartão amarelo.

Reprimir a comemoração de um gol, a explosão de emoção, as provocações que por vezes surgem nesses momentos nada tem a ver com combater a violência no futebol. Tolir o direito de criticar o sistema, nada tem a ver com moralização. São simplesmente atitudes despóticas.