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Marcio Dolzan
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 17/05/2025
05:20
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Personagem importante no afastamento de Ednaldo Rodrigues do comando da CBF, o coronel Antônio Carlos Nunes presidiu a entidade entre 2016 e 2019, depois que Marco Polo Del Nero foi afastado do cargo. É a assinatura de Nunes em um documento que gerou a ação na Justiça que tirou Ednaldo da presidência — uma perícia particular aponta para possível fraude. Ainda que o coronel tenha participação indireta na atual crise, ele foi figura central no processo sucessório ocorrido há cerca de nove anos, quando chegou ao comando da entidade após uma manobra de bastidores.

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Eleito presidente da CBF em 2014, Marco Polo Del Nero assumiu no ano seguinte para um mandato de quatro anos. Meses após tomar posse, porém, o dirigente se tornou um dos investigados no Fifagate, considerado o maior escândalo da história do futebol mundial. Liderada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a investigação desvendou um esquema de corrupção envolvendo dezenas de dirigentes mundo afora.

Del Nero foi um dos alvos daquela investigação, e seu afastamento do comando da CBF se tornou questão de tempo. À época, José Maria Marín era o vice-presidente mais velho da CBF e, por força do estatuto, o primeiro na linha sucessória. Mas Marin foi preso na Suíça em meio ao Caso Fifa e extraditado para os Estados Unidos, abrindo caminho para o segundo vice mais idoso assumir.

A posição cabia ao então presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto. Ocorre que Peixoto era voz dissonante na cúpula da CBF e se manifestava publicamente contra algumas decisões da entidade. Assim, havia o receio de que ele promovesse mudanças "incômodas" caso fosse alçado ao comando.

CBF tinha presidente sob risco, e 1º vice preso

À época, a estrutura da administração da CBF previa um presidente e cinco vices — atualmente, são oito. Não havia uma determinação escrita, mas os vice-presidentes daquele tempo representavam as cinco regiões do País.

José Maria Marin era o vice que representava o Sudeste, mas como ele fora preso e o cargo ficou vago, cabia à Assembleia Geral eleger um novo vice para a região. Foi aí que surgiu a manobra.

A cúpula da CBF mapeou dirigentes de todas as federações do país, e encontrou um que era mais velho do que Delfim Peixoto: Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes. E foi assim que o presidente da Federação de Futebol do Pará, no Norte do País, acabou eleito como vice-presidente da CBF representando a região Sudeste — e, mais importante, se tornou o primeiro na linha sucessória.

Marco Polo Del Nero sempre negou as acusações que sofreu no Fifagate. Mesmo assim, em 2018 o dirigente acabou banido pela Fifa de forma vitalícia de qualquer atividade ligada ao futebol. Posteriormente, o cartola entrou com recurso no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS, na sigla em inglês) e teve a pena reduzida para 20 anos de afastamento.

Delfim Peixoto morreu em novembro de 2016. Ele era um dos ocupantes da aeronave da Lamia que transportava a Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana e que caiu na Colômbia.

Coronel Nunes, então presidente da Federação Paraense, entre Marin e Del Nero (Foto: Ricardo Stuckert/CBF)
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