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Clubes brasileiros são procurados por médicos norte-americanos para tratar lesões com células-tronco

Procedimento adotado há anos nos EUA e Europa, utilizado por Cristiano Ronaldo, foi oferecido a grandes clubes e teve boa aceitação. Médicos querem fazer pesquisas no Brasil

O fundador Kevin Dunworth, o cirurgião Scott Spann e o presidente Steven Melchiode, da Celling Biosciences, durante evento em São Paulo (Foto: Marcio Porto)
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Nos últimos dias, grandes clubes brasileiros têm recebido a visita de  profissionais de medicina dispostos a oferecer uma alternativa para o tratamento de lesões de seus atletas. Esses médicos vieram com o objetivo de apresentar  vantagens na utilização de células-troncos adultas para minimizar o período de recuperação, seja de um problema muscular ou ortopédico. Atlético-PR, Botafogo, Flamengo, Corinthians, Palmeiras e São Paulo estão entre os clubes visitados por esses profissionais. 

Ao mesmo tempo, em conjunto com esse contato com os clubes, estão médicos da Celling Biosciences, empresa norte-americana que está no mercado da medicina regenerativa desde 2007 e que pretende expandir as pequisas e tratamentos ao Brasil. A missão é desafiadora, já que por aqui o tratamento com uso de células-troncos não é aprovado pelo Conselho Federal de Medicina. 

Para isso, os chefes do laboratório estão dispostos a investir em pesquisas e ações que tragam resultados científicos, segundo eles um dos fatores que faltam para que esse tipo de tratamento seja aprovado no Brasil. Prometem ajudar instituições com financiamento, no caso universidades e outros centros médicos. A Santa Casa de São Paulo é uma das que estão por dentro do trabalho.

A parceria com os clubes surge como mais uma alternativa de expandir e divulgar o trabalho que é feito há anos nos Estados Unidos, Canadá e União Europeia, por exemplo. O retorno dos clubes têm sido positivo e todos já se mostraram dispostos a aceitar a experiência. 

Dentro daquilo que propõe a parceria, encabeçada pela empresa ClinTech, do médico brasileiro Fernando Techy, especialista em terapia celular, os clubes podem enviar jogadores lesionados para fazerem o tratamento nos Estados Unidos. As agremiações arcariam com o custo das passagens e hospedagem e todo o procedimento médico ficaria a cargo da empresa. 

O procedimento celular mais recente e que seria utilizado nesses casos é chamado de BMAC (sigla para Bone Marrow Aspirated Concentrated). Ela usa as próprias células-tronco adultas do paciente para tratar a lesão. O médico retira um pequeno volume da medula óssea, concentra-as por meio de uma centrífuga e injeta esse concentrado no local que se quer tratar.

Grandes nomes do esporte já foram submetidos a esse tipo de tratamento, casos de Cristiano Ronaldo e o tenista Rafael Nadal. O atacante do Real Madrid (ESP) cinco vezes melhor do mundo usou a terapia celular para se recuperar de uma lesão muscular e poder disputar as semifinais da Liga dos Campeões e a Eurocopa, em 2016. Foi campeão e melhor jogador em ambas. Diversos atletas da NBA (Liga norte-americana de basquete) e NFL (de futebol americano) também já utilizam do tratamento. Os resultados são utilizados como mais um argumento para a utilização.

Preocupação com a banalização
Toda essa intenção que parte da medicina norte-americana foi apresentada a jornalistas brasileiros em uma entrevista coletiva na semana passada em um hotel do centro da capital de São Paulo. Estavam presentes o fundador da Celling Biosciences, Kevin Dunworth, o presidente da empresa, Steven Melchiode, e o cirurgião de coluna Scott Spann. Da parte brasileiro, Ricardo Cury, chefe da Ortopedia da Santa Casa de São Paulo, representava o hospital que passará a fazer pesquisas sobre o tratamento. 

Todos eles mostraram preocupação que este tipo de tratamento, se aprovado, não seja banalizado com o passar do tempo. Isso aconteceu, por exemplo, com o uso de uma técnica que ficou conhecida como PRP (plasma rico em plaquetas), produzido a partir do sangue do próprio paciente. Ficou muito popular em atletas de futebol, mas passou a ser utilizado para qualquer caso, sem a regulamentação e os cuidados devidos, de acordo com os médicos. A ideia, portanto, é evitar o uso deliberado. 

Para, os representantes da Celling prometeram a criação de um instituto, desenvolvido justamente para monitorar e intermediar todas as pesquisas e tratamento com uso da técnica. 

- Estamos empolgados para ir mais a fundo nessas pesquisas muito pelos resultados já apresentados. No passado, pesquisa parecida teve problema aqui e não queremos passar por isso, evidentemente - afirmou o cirurgião Scott Spann. 

O fundador Kevin Dunworth foi na mesma linha e mostrou ainda mais preocupação porque o uso desse tipo de tratamento tem a ver com algo íntimo. Ele contou que iniciou as pesquisas celulares devido a uma doença do pai, que acabou fazendo uso da técnica, com resultados significativos, assim como um de seus irmãos. 

Na visita ao Brasil, os cientistas participaram de palestras e fóruns de debates sobre o tema e consideram o retorno positivo. Eles também se ofereceram a dar ajuda ao Estado para que as pesquisas sejam viabilizadas e tragam os resultados esperados. 

Outra preocupação é com o tipo de células utilizadas no tratamento. Eles deixam claro que sempre usas células-troncos adultas e não embriões, um dos pontos que gera conflito religioso ou com o estado quando se refere a esse tipo de técnica.