Aos 18 anos, o zagueiro Marquinhos já tinha os olhos do mundo inteiro voltados para si. Revelado nas categorias de base do Corinthians, o defensor passou por todas etapas do Terrão antes de se mudar para Roma, na Itália.
Lá, no principal clube da cidade, demorou apenas um mês para conquistar a condição de titular e chamar a atenção de outros gigantes europeus. Até o milionário PSG aparecer e contratar o jovem astro por R$ 104 milhões, à época a quarta maior transferência de todos os tempos entre jogadores de sua posição.
Em entrevista exclusiva ao LANCE!, Marquinhos relembra os dez anos que viveu no Terrão de Itaquera, vibra com o hexacampeonato do Timão, explica a ascensão meteórica na carreira, fala dos sonhos e ambições profissionais e destaca a importância do futebol europeu em seu amadurecimento como atleta.
Confira abaixo a entrevista com o zagueiro do PSG e da Seleção Brasileira:
Como avalia sua história no PSG até este momento?
Minha história no PSG acho que é bem sucedida até agora, conseguimos títulos importantes, chegamos em várias finais. Ano passado fizemos algo histórico conquistando todos os títulos disputados aqui na França. Estamos fazendo um trabalho muito bom.
Com os atentados em Paris, pensa em mudar de clube?
Ficamos tristes porque aqui é uma cidade maravilhosa, onde sempre tem muito turista. Ficamos tristes por isso, mas agora a gente vêm retomando a vida, tentando criar coragem para sair de casa, mas tendo mais cuidado. Vamos retomando, saindo para passear, indo a restaurantes para viver um pouco. Tenho mais três anos de contrato e não pretendo sair por isso.
Na Olimpíada de 2012 você foi convocado para a lista reserva, mas acabou não indo. Sonha em disputar os Jogos do Rio?
Não só sonho como tenho isso como objetivo. Olimpíada é um título inédito que o Brasil busca há um bom tempo. Meu pensamento hoje é me firmar na Seleção principal, mas também com rabinho de olho na olímpica, porque quando chegar o momento, a Olimpíada é o objetivo. Seria maravilhoso ganhar.
Apesar de ter integrado o elenco do Corinthians, você não teve muito espaço. Como você enxerga sua história lá?
Tenho muito respeito, carinho, amor, pois foi onde passei quase toda minha infância, dez anos vivendo no Terrão, depois no sintético, depois passamos para Itaquera e ali no final mudamos para Guarulhos. Peguei todas as fases, até mesmo quando foi rebaixado, subiu, ganhou Libertadores... Grandes momentos que acompanhei. Foi essencial na minha vida, fez meu nome, me fez grande jogador, com grandes qualidades e me ajudou na minha progressão como pessoa e jogador. Devo muito ao Corinthians.
Em seis meses na Roma você chamou atenção do PSG. Como manter a cabeça no lugar?
Sempre encarei elogio, interesse, como uma coisa que não me botasse pressão, mas que motivasse. Meu pensamento é esse e levo isso comigo. Não me coloco pressão, procuro aproveitar a oportunidade da melhor forma, fazer aquilo que sou capaz e não querer fazer mais do que sou capaz. Vou sempre no meu limite, evoluindo sempre.
Como foi a decisão de deixar o Corinthians aos 18 anos?
A decisão foi conjunta. Marquinhos, família, empresário, Corinthians. Foi uma decisão que na época seria boa para todos. A Roma era um projeto que me encantou. Se não fosse conjunta, claro que eu não sairia. Mas como foi vontade de todo mundo, acabamos decidindo isso.
Acompanhou o título do Brasileirão de 2015?
Acompanhei, fiquei muito feliz. Até postei foto parabenizando, mandei mensagem, estou muito feliz. Continuo acompanhando na medida do possível, mas procuro sempre notícias, falar com amigos e acompanhar. Corinthians continua sendo meu clube do coração, estou muito feliz com a conquista.
O Tite foi o responsável por te lançar ao profissional. Como era sua relação com ele?
Muito boa. Tite é especial, não só como treinador, mas também uma pessoa especial. Dá para ver como ele lida com o grupo, com pessoas, adversários. É uma pessoa realmente especial que tive na carreira. Apesar de pouco tempo, aprendi muito com ele, grande treinador. Continuo torcendo e seguindo o trabalho dele, torcendo pelas conquistas, por ele ter voltado ao Corinthians conquistando grandes títulos. Me lançou no profissional, que foi uma oportunidade importante que me trouxe dos juniores, então ele é marcante na minha vida.
Qual foi a importância de chegar cedo à Europa?
Foi grande. Aqui na Europa você acaba aprendendo jogo diferente, creio eu que saindo de casa e enfrentando dificuldades, você amadurece mais rápido. Foi uma escolha boa e graças a Deus cheguei aonde cheguei pelas escolhas certas.
Você teve um crescimento muito rápido. Como explica?
É até difícil explicar como cheguei tão rápido no profissional, conquistei grandes títulos, Seleção. Mas creio eu que é um pouco de talento sim, mas fruto de muito trabalho. Acabei plantando tudo aquilo que estou colhendo. Tem aquele ditado de que quem planta o bem, colhe o bem. Levei isso para minha vida.
Apesar da pouca idade, você sonha em conquistar a Bola de Ouro ou considera algo distante?
A gente tem que sonhar. Se a gente não sonhar, quem vai sonhar para a gente? Tem que lutar, trabalhar. Creio que o Canavarro (zagueiro italiano eleito o melhor jogador do mundo em 2006) sonhou e estava distante para ele também. Ele conquistou com trabalho, então eu também tenho que sonhar e almejar. Assim consigo meus objetivos e ambições na vida, para não estacionar. Então tenho que sonhar com coisa grande. Para ser jogador, é preciso sonhar