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João Brandão
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 01/08/2025
06:00
Atualizado há 4 minutos
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Ex-jogador de Portuguesa, Flamengo e Palmeiras, Diogo encerrou sua carreira no fim de 2023 e se tornou empresário de atletas. O brasileiro tem como um de seus principais mercados o Sudeste Asiático, mas principalmente a Tailândia, onde atuou em duas equipes: Buriram United e BG Pathum.

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Diogo revelou ter começado a tomar gosto pelo que viria a ser sua nova função dentro do futebol quando atuava pelo Johor, da Malásia. Na época, os dirigentes de seu clube pediram para que o brasileiro atuasse de forma informal no convencimento da contratação do centroavante Bérgson, que deixou o Fortaleza em março de 2021.

- Não foi nada planejado, estudado. As coisas foram caminhando. Na pandemia, comecei a pensar na reta final da carreira, questão familiar. Quando eu estava no Johor, o diretor me perguntava sobre atletas. Fiz uma amizade com o Bérgson na Portuguesa e começou assim. A negociação estava meio emperrada e eu disse "Vem Bergson. Vai ser bom para você". Conversei com o pai dele, com o diretor do clube e encaminhei (a negociação). Eu parei de jogar, chegaram outros atletas através de amigos e começou assim, na base da confiança. Não foi algo que planejei, mas que a vida foi me levando para o caminho. Depois você começa a analisar, pesquisar, conversar com pessoas que estão há mais tempo no ramo.

Diogo aliou sua experiência como jogador profissional com o que observou de outros empresários para criar sua versão de agente. A ida para a Tailândia foi o primeiro passo para gerenciar sua própria carreira antes de aprender mais sobre gestão de carreiras e ajudar outros atletas.

- Como todas as profissões, tem os bons e os maus. Tive meu primeiro empresário e fiquei 10 anos com ele. Quando fui pra Ásia, resolvi tomar conta das minhas próprias coisas. Eu achei que levei jeito e tentava fazer de forma diferente do que eu via no dia a dia. Jogadores de futebol também trocam informações, não é só sobre o jogo em si. É sobre negociação, carreira, tudo. Tentar de certa forma fazer algo diferente. Como fiz uma amizade muito grande com o diretor (do Johor), eu comecei a entender como funcionava essa parte extracampo. Fui vendo o lado do agente, do jogador e tentando fazer uma combinação que fosse bom para todos.

Com um grande respeito na Tailândia, Diogo explicou os principais motivos e os maiores atrativos para um jogador optar pelo Sudeste Asiático. O ex-jogador citou a questão financeira como um grande diferencial, mas também o estilo de vida.

- Futebol é muito globalizado. Quando saí do Palmeiras, estava entre 27 e 28 anos, foi um ano difícil do Palmeiras e não surgiram tantas coisas financeiramente boas. Surgiu a Tailândia. Eu não sabia nada sobre o país, mas a proposta era boa. Não era coisa de outro mundo, como hoje em dia. Mas foi algo que me chamou a atenção. O jogador pensa na família, em dar uma condição melhor. Eu já tinha saído pra Grécia e achei que era o momento ideal de sair de novo. Quando chegou a proposta da Tailândia, eu fui pesquisar, vi as praias e dizia que iria naquela hora. Mas foi sem dúvidas a parte financeira que me atraiu pra ir pra esse mercado. Surpreendentemente, foi mais do que eu esperava. Estrutura, país, povo. Foi algo que me impactou positivamente. O estilo de vida também é bom, é um país que lembra muito o Brasil, o povo receptivo, alegre. A parte financeira também. Não é o mesmo nível do nosso futebol, mas se joga de uma forma competitiva.

Diogo iniciou sua trajetória na Tailândia em 2015, onde defendeu o Buriram até 2019 antes de se transferir para o Johor, da Malásia. Após duas temporadas, o brasileiro voltou para a Tailândia, onde defendeu o BG Pathum e encerrou sua carreira em sua segunda passagem no Johor.

Na Tailândia, Diogo conquistou 11 títulos somando as passagens pelos dois clubes, além de ter sido duas vezes o artilheiro da Thai League. Na Malásia, o ex-atacante erguei cinco troféus e é considerado ídolo nos dois países.

Diogo com a camisa do BG Pathum, da Tailândia (Divulgação)

Veja outras respostas de Diogo sobre a Tailândia e mais:

Estrutura na Tailândia e Malásia

- Quando cheguei na Tailândia, eram no máximo quatro clubes que tinham uma condição. Hoje, a maioria dos clubes da primeira divisão tem uma condição boa de treino. O Buriram e o BG Pathum são muito bons. Não devem nada. Não é de Europa, mas não falta nada. Fisioterapia boa, academia boa, campo de treino bom, hospital bom. Tudo o que você precisa, o clube te dá. Na Malásia, o Johor é fora do normal. É nível top de linha da Europa. Nos outros clubes, nada se compara ao Johor, é bem abaixo ao clube. Comparação Tailândia e Malásia, a Tailândia é melhor de forma geral, em termos de campeonato, de campo.

Sudeste Asiático x Japão e Coreia

- O investimento do Japão e da Coreia são mais antigos do que a Tailândia. A Tailândia começou a se profissionalizar há uns 10, 15 anos e está tentando melhorar. Faz uma diferença. Indonésia tem muitos estrangeiros com dupla nacionalidade. Mas jogadores locais são poucos. Na Tailândia não pode dar passaporte a não ser que tenha um dos pais tailandeses. Mas eu, por exemplo, não poderia jogar na seleção.

Crescimento do futebol na Tailândia

- Anteriormente, só podiam três estrangeiros. Hoje, podem jogar sete. Você vê muito mais estrangeiros na liga. O Buriram, por exemplo, chegou nas quartas de final da Champions e perdeu para o Al-Ahli, que foi o campeão. Há 10 anos, jamais um clube da Tailândia, do sudeste asiático acharia que chegaria nesse patamar. O crescimento é constante.

Relação entre empresários e atletas

- Tenho muitos atletas. Meu maior objetivo são os meninos da base. O lado do jogador é muito importante, porque envolve o ser humano. Tem dia que o cara tá mal, brigou com a esposa, tem problema familiar. Essa gestão vai pra fora de campo. Não é só falar sobre futebol, dia a dia e treinamentos. A questão fora de campo influencia lá dentro. Você tenta ter uma boa relação com os parentes, porque isso reflete dentro do campo. A relação próxima que você vai ter com o atleta e com a família. Perguntar se está precisando de algo. Não algo material, mas um suporte. O cara está com algum problema e você está ali pra poder ajudá-lo dentro do seu alcance. Tem coisas que dependem do atleta.

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