Diego Armando Maradona completaria 65 anos nesta quinta-feira, 30 de outubro. Nascido em 1960, o eterno camisa 10 da Argentina continua sendo, mesmo quase cinco anos após sua morte, um símbolo nacional. Em Buenos Aires, é impossível caminhar algumas quadras sem encontrar um mural, um grafite ou uma lembrança de "El Diego". O Lance! esteve na Argentina para entender como o país vive sem um de seus maiores ídolos — reverenciado como um verdadeiro "Dios" pelos argentinos.
O ídolo que uniu um país
Maradona foi mais do que um jogador de futebol. Ele foi um personagem que transcendeu o esporte. Criado em Villa Fiorito, uma das regiões mais humildes de Buenos Aires, o craque tornou-se o símbolo da superação.
- Ele chegou em cima da sua carreira, mas ele começou lá embaixo, sabe? Ele começou muito pobre. Então, todo argentino se identifica muito com ele. A identificação é muito grande - contou ao Lance! o ex-jogador e auxiliar técnico Alejandro Mancuso, companheiro de Diego na seleção argentina durante a Copa do Mundo de 2010.
Herói da Copa de 1986 e ícone do Napoli
Com a camisa da seleção argentina, Maradona disputou 91 partidas, marcou 34 gols e protagonizou o maior feito de sua carreira: o título mundial de 1986, no México. Naquele torneio, encantou o planeta com jogadas mágicas — incluindo os lendários gols contra a Inglaterra: a "Mão de Deus" e o "Gol do Século". Quatro anos depois, levou novamente a Argentina à final, sendo vice-campeão em 1990.
Nos clubes, Maradona brilhou intensamente pelo Napoli, da Itália. Entre 1984 e 1991, disputou 259 partidas e marcou 115 gols, conduzindo o time às maiores glórias da história: dois Campeonatos Italianos (1986/87 e 1989/90), uma Copa da Uefa (1988/89), uma Copa da Itália (1986/87) e uma Supercopa Italiana (1990). Em Nápoles, até hoje, seu rosto é visto em bandeiras, muros e altares — assim como em Buenos Aires.
A visita ao restaurante favorito de Maradona
Durante a cobertura da semifinal da Libertadores entre Racing e Flamengo, o Lance! aproveitou a passagem por Buenos Aires para conhecer o La Brigada, restaurante que roubou o coração de Diego Armando Maradona. Localizado no tradicional bairro de San Telmo, o espaço é um verdadeiro templo para quem ama futebol e boa gastronomia.
Ao abrir o cardápio, o visitante é recebido pela imagem de Maradona — uma homenagem feita após sua morte, em novembro de 2020, vítima de insuficiência cardíaca. O gesto reflete o carinho do craque pelo lugar, que frequentava com amigos e familiares.
Com um cardápio variado de carnes e massas, o La Brigada é parada obrigatória para torcedores que viajam a Buenos Aires. Além de Maradona, o restaurante também já recebeu Lionel Messi, outro gênio que marcou a história do futebol argentino. Nas paredes, há fotos, camisas e lembranças que transformam o ambiente em um museu vivo da paixão portenha.
➡️ Restaurante favorito de Maradona é parada obrigatória em Buenos Aires
Uma carreira marcada por polêmicas
Apesar do talento inquestionável, Maradona viveu intensamente fora de campo. Problemas com drogas, suspensões e questões de saúde o afastaram do futebol por períodos importantes. Ainda assim, o amor do povo argentino jamais diminuiu. "
- Trabalhar com ele era um prazer muito grande... ele era uma figura internacional. Todo mundo queria chegar perto dele, tirar uma foto, pedir autógrafo. Era uma loucura andar com o Maradona - relembrou Mancuso.
O legado e a saudade
Durante a estadia na Argentina, o Lance! apurou que o governo argentino prepara um grande mausoléu próximo a Puerto Madero, onde o corpo do ídolo será colocado para visitação pública. A ideia é criar um ponto turístico e de memória nacional.
Além disso, murais de Maradona estão espalhados por toda Buenos Aires — de La Boca a Palermo, de San Telmo a Villa Fiorito. A cidade respira a imagem de seu maior ídolo.
- Agora, nesse momento que nós estamos passando, não podemos não falar de Messi, sabe? Porque Messi hoje para nós é o rei. Então, acho que para nós, argentinos, Maradona e Messi são aquelas coisas que você vai lembrar na vida toda. Você vai falar com seus filhos, seus netos, e eles vão perguntar por Maradona. E vão perguntar por Messi também. Temos que ser muito agradecidos por esses dois monstros serem argentinos - completou Mancuso.
O amor pelo futebol brasileiro
Em meio à conversa, Mancuso lembrou ainda da admiração que Maradona tinha pelo futebol do Brasil.
- Ele gostava muito do Brasil. Toda vez que falávamos do Romário, do Bebeto, ele se empolgava. Ele se dava muito bem com o Zico. O ídolo do Maradona era o Rivelino. Depois falávamos de Pelé, mas com o Zico, ele tinha uma relação muito boa - revelou.
Imortal em cada mural
Maradona partiu em 25 de novembro de 2020, mas segue mais presente do que nunca. Na Argentina, nas ruas, nos cantos e nas memórias, o "Dios" do futebol permanece vivo — agora, prestes a ganhar um local definitivo para ser eternizado.
Maradona é do povo, diz mural em Buenos Aires
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Maradona com a camisa do Boca Juniors
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Maradona comemorando um de seus gols
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Maradona em mais um painel em Buenos Aires
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Maradona e Messi juntos comemorando o título da Copa do Mundo
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