O momento de instabilidade do Real Madrid virou pauta na imprensa espanhola. Depois de um outubro e início de novembro marcados por atuações dominantes – com ápice na vitória sobre o Barcelona no El Clásico e no 4 a 0 contra o Valencia –, a equipe de Xabi Alonso viu seu rendimento despencar em menos de um mês. Sabendo disso, o "AS", da Espanha, publicou uma longa análise apontando possíveis fatores que explicam a queda.

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O jornal destaca que a sequência de três empates seguidos em La Liga, algo que não acontecia desde 2019, somada aos tropeços na Champions League, acendeu um alerta geral no clube e expôs problemas que estavam escondidos sob o brilho inicial do novo projeto.

A matéria ressalta que a oscilação acontece em contraste direto com a fase vivida há apenas 35 dias. Naquele momento, o Real Madrid parecia finalmente consolidar a ideia de jogo de Xabi Alonso. Porém, a vantagem sobre o Barcelona evaporou rapidamente. O time somou apenas três pontos em três partidas fora de casa – 0 a 0 contra o Rayo Vallecano, 2 a 2 com o Elche e 1 a 1 com o Girona – enquanto os catalães venceram seus três compromissos. No AS, a expressão usada resume o sentimento interno: "quão distante parece o Clásico".

A queda da pressão alta

O primeiro ponto citado é a mudança brusca no desempenho da pressão pós-perda e das ações defensivas no campo adversário. Segundo o AS, o início do trabalho de Xabi foi marcado por agressividade, intensidade e recuperação rápida da posse — elementos que sustentaram a vitória no Clásico e o domínio diante do Valencia.

Os números reforçam o argumento: na temporada passada, a equipe tinha média de 69,3 recuperações por jogo; neste início, esse índice subiu para 75,6. O mesmo ocorreu nas ações rápidas após perda da bola e nas recuperações no campo rival. No entanto, após a derrota em Anfield, o sistema desandou. Nas cinco partidas seguintes, o Real Madrid despencou para 61 recuperações, além de queda significativa em todas as métricas de pressão.

A publicação define a estatística como "a que explica toda a história", apontando que a identidade concebida por Xabi começa justamente por esse mecanismo – e ele foi o primeiro a falhar.

Vini Jr lamentando o empate do Real Madrid diante o Elche, em La Liga (Foto: Josep Lago/AFP)

Outro fator-chave está relacionado ao calendário. Com o Santiago Bernabéu cedido temporariamente para uma partida da NFL, o Real Madrid foi obrigado a disputar uma sequência de jogos como visitante. O AS destaca que a equipe é "infalível" em casa — seis jogos e seis vitórias —, mas ainda não encontrou estabilidade longe de Madri.

Nos últimos cinco jogos como visitante, o time somou apenas uma vitória, três empates e uma derrota. No total da temporada, são quatro vitórias, três empates e uma derrota em La Liga. Uma queda abrupta para quem até semanas atrás apresentava desempenho perfeito. O jornal ressalta que esse período concentrado de partidas fora de casa expôs fragilidades que não apareciam no calor do Bernabéu.

O labirinto tático no Real Madrid

A instabilidade também passa pela indecisão na formação. O AS afirma que, apesar de Xabi Alonso defender a flexibilidade como vantagem, a quantidade de mudanças tem dificultado a consolidação de uma identidade clara. O treinador tem alternado entre o 4-3-3, o uso de um falso ponta-direita, o meio-campo em linha e até o 4-1-4-1.

Camavinga já atuou aberto, Güler ganhou função de articulador, o time variou entre três e quatro meio-campistas, e Vinicius e Mbappé tiveram diferentes zonas de atuação. O jornal destaca que, no Clásico, a estrutura funcionou perfeitamente, mas experimentos posteriores – como em Anfield e Atenas – acabaram alimentando a sensação de um time ainda em busca de um formato estável.

A análise também aponta o desafio de encaixar dois jogadores que naturalmente ocupam o mesmo espaço: Bellingham e Güler. O AS explica que Arda tem sido o principal parceiro criativo de Mbappé, responsável inclusive por todas as suas sete assistências na temporada. Porém, quando o turco precisa recuar para armar o jogo, perde força.

Do outro lado, Bellingham viveu seu auge recente atuando como um meia avançado no losango de Ancelotti, quase como um segundo atacante. Quando os dois precisam dividir zona, ambos rendem menos. O jornal cita como exemplo as partidas recentes em Atenas e Girona, nas quais o encaixe não funcionou e acabou gerando substituições precoces. Para o AS, esse "desafio permanente" está cada vez mais evidente à medida que os resultados negativos se acumulam.

Dependência de Mbappé

O último motivo citado é a dependência ofensiva de Mbappé. O francês tenta rejeitar a narrativa, mas os números publicados pelo AS são contundentes: 23 dos 41 gols do Real Madrid na temporada – 56% – tiveram participação direta dele. Nos jogos que custaram a liderança da liga, Mbappé só marcou em um: o empate contra o Girona. Nos empates sem gols diante de Rayo Vallecano e Elche, o ataque simplesmente não funcionou.

O jornal define a situação de forma direta: sem Mbappé, o Real Madrid perde seu farol ofensivo. E quando o camisa 9 não encontra caminhos – especialmente em jogos fora de casa – toda a estrutura ofensiva entra em colapso.

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