Fim do primeiro tempo entre Esperance, da Tunísia, e Raja Casablanca, do Marrocos, pela decisão da Supercopa Africana, em Doha, capital do Qatar. São 19h48 quando os jogadores começam a se dirigir para os vestiários do estádio do Al-Gharafa. Para alguns, os 15 minutos de intervalo não são dedicados apenas para a conversa com o treinador ou para descansar à espera da etapa final.
Segundo o Islamismo, são obrigatórias cinco orações diárias, sempre voltados à Meca, cidade na Arábia Saudita onde está localizado o principal santuário da religião: no nascer do sol, ao meio-dia, às 15h, às 17h e às 19h. E a final da Supercopa, iniciada exatamente às sete da noite, impediu que os atletas muçulmanos fizessem a última das preces. Para muitos deles, o momento de cumpri-la é exatamente antes da volta para a segunda metade da final.
Nos países com maioria de população muçulmana (Oriente Médio e parte da África), os estádios, como tantos outros locais públicos (shoppings e hotéis, por exemplo), possuem salas de reza. No estádio do Al-Gharafa não é diferente.
E os espaços dedicados a isso não estão restritos aos vestiários. Em vários pontos do estádio da final da Supercopa, as salas de oração estão à disposição das pessoas. Uma delas, ao lado de uma lanchonete, estava lotada durante o intervalo do jogo. Bastava olhar para a entrada para ter a certeza. Dezenas de pares de sapato, sandálias e chinelos são deixados para fora, como manda o costume.
A prece, em média, pode durar de 10 a 20 minutos. Depende muito da "pressa" da pessoa ou do capítulo do Alcorão (mais curto ou mais longo) escolhido para a ocasião. Por esses motivos, muitos que estavam no estádio optaram para deixá-la para outro momento. Não existe uma obrigação do cumprimento exato o horário para a prece. Só não é possível "acumular" duas ou, no caso da última, às 19h, fazê-la após a meia-noite.
Em campo, o Raja ganhou por 2 a 1 e faturou o título.
O editor viajou a convite da Federação de Futebol do Qatar
Dia 29/03/2019 13:22
Atualizado em 30/03/2019 16:53