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Copa América Centenário aponta para crescimento do ‘soccer’ nos EUA

País norte-americano será a sede do torneio e, ao longo dos anos, vem ganhando fãs do esporte. Um dos objetivos é conseguir ser a maior liga de futebol até 2022

AFP
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Enquanto, em 1916, a bola rolava na primeira edição da Copa América (que contou com Argentina, Brasil, Chile e Uruguai), nos Estados Unidos eram discutidas mudanças nas regras do futebol americano, que culminaram em uma popularização do esporte e, em 1920, permitiram a profissionalização, com a criação da "American Professional Football Association", que, pouco tempo depois, viria a se tornar a National Football League (NFL). A partir daí, o país onde o 'football' era sinônimo de um esporte jogado com as mãos, passou a andar em paralelo aos lugares onde o esporte era praticado com os pés, em caminhos que pareciam que jamais iriam se cruzar. Porém, 100 anos depois, a escolha da sede da Copa América mostra que esse cenário está mudando e aponta um ganho de espaço do 'soccer' em meio a práticas já enraizadas, como beisebol.

Uma prova disso é o crescimento da Major League Soccer - liga que representa a primeira divisão do país - nos últimos anos, com a criação de times e a contratação de astros mundiais, como Kaká, David Villa, Lampard e Gerrard. Não apenas isso, mas os norte-americanos estiveram entre os estrangeiros que mais compraram ingressos para a Copa do Mundo de 2014, que foi realizada no Brasil.

Por trás desse crescimento, há um objetivo nada modesto: ter a liga mais forte até 2022, além de receber o Mundial de 2026. A 20ª edição do campeonato, recém-iniciado, tem transmissão para países europeus e até mesmo pelo Youtube, através de parcerias, permitindo que o mundo volte os olhos ao futebol norte-americano.

Somando-se as duas emissoras detentoras dos direitos, a audiência foi de 25,2 milhões de espectadores, mais que os 15,5 milhões que acompanharam a final da NBA

O fenômeno passou a chamar atenção justamente a partir da Copa do Mundo do Brasil. Na partida entre EUA e Portugal, que aconteceu em 22 de junho, a ESPN - apenas uma das TV's com direito de transmissão da competição - teve uma audiência de 18,2 milhões de pessoas. Para se ter uma ideia, somando-se as duas emissoras detentoras dos direitos, a audiência foi de 25,2 milhões de espectadores, mais que os 15,5 milhões que acompanharam a final da NBA (liga de basquete) daquele ano, disputada entre Miami Heat e San Antonio Spurs.

Estádios com grande número de torcedores e jogos com boas médias de público já são uma realidade no país que outrora não ligava para o esporte.
Esse caminho vem sendo trilhado há algum tempo, mas ganhou uma guinada em 1996, com a criação da MSL, com uma gestão mais profissional ‑ dois anos depois da polarização provocada pela Copa do Mundo, sediada no país em 1994 e que terminou com o tetra da Seleção Brasileira após o pênalti desperdiçado pelo italiano Baggio.

Final da Copa de 1994 aconteceu no Rose Bowl (Omar Torres / AFP)

Os Estados Unidos deixaram de lado o esporte criado pelos ex-colonizadores por muitos anos. O futebol começou a entrar no país a partir da década de 1930, mas, marginalizado, ficou praticamente restrito aos imigrantes. Durante muito tempo, houve, inclusive, um discurso político em torno do futebol. Nas rádios, durante a transmissão de esportes, narradores criticavam o 'soccer' e afirmavam que se tratava de uma invasão comunista no país. No discurso de políticos, havia até mesmo uma distinção clara: enquanto o 'football' era um esporte americano e capitalista, o 'soccer' era europeu e socialista.

Os anos se passaram e a NASL (North American Soccer League), então principal liga do país, ganhou notoriedade mundial na década de 70, quando o New York Cosmos contratou duas estrelas: o brasileiro Pelé e o alemão Franz Beckenbauer, além disso, o Los Angeles Aztecs acertou com Cruyff e George Best. A Liga, porém, não engrenou devido às dívidas dos clubes, que gastavam com remuneração aos jogadores mais do que arrecadavam.

A liga do país ganhou notoriedade na década de 70, quando o New York Cosmos contratou duas estrelas: Pelé e Franz Beckenbauer. Além disso, o Los Angeles Aztecs teve Cruyff e George Best

Nesta época, o futebol ficou muito popular entre o público feminino, uma das causas do 'boom' da liga feminina e do sucesso da seleção nacional da modalidade, uma das referências do esporte.

A reestruturação do futebol no país passou a dar frutos mais notórios a partir da década de 2000, com a chegada de nomes como Beckham, que em 2007 deixou o Real Madrid (ESP) e desembarcou na América para defender o Los Angeles Galaxy, assim como Thierry Henry, que em 2010 saiu do Barcelona (ESP) para o New York Red Bulls. De lá para cá, foram muitos os nomes que chegaram à América do Norte para a prática do futebol, como o brasileiro Kaká, que está na lista de convocados do técnico Dunga para a Copa América Centenário.

Hoje, o futebol dos Estados Unidos ainda é considerado uma liga muito inferior a diversas outras ao redor do mundo. Um dos pontos contestados, é a idade com que os grandes jogadores chegam à MSL, muitas vezes já avançada. Apesar disso, aos poucos, o esporte vem conquistando adeptos e fãs apaixonados de Nova York a Portland e de Orlando a Seattle.