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O Caso Espanhol: as S/As da Espanha e suas resistências

Futebol espanhol adota o modelo de sociedades anônimas para seus clubes, mas resistências como o Osasuna ainda estão mantidas

Osasuna venceu a segunda divisão espanhola de 2018-2019 (Foto: Divulgação/La Liga)
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O futebol espanhol é composto, na maioria dos clubes, pelo modelo de sociedade anônima. Poucas exceções fogem à regra da S/A, sendo os multimilionários Barcelona e Real Madrid, o tradicional Athletic Bilbao e, surpreendentemente, o modesto Osasuna. O LANCE! mostra o 'Caso Espanhol', com uma entrevista exclusiva de Luiz Sabalza, presidente do Osasuna.

Veja a tabela do Espanhol

O SUCESSO DO ATLÉTICO DE MADRID
Dentre os clubes que entraram no modelo da sociedade anônima, o Atlético de Madrid foi um que saiu alegre. A equipe chegou em duas finais de Champions League, venceu duas Europa League e ainda conquistou um Campeonato Espanhol na era Messi-Cristiano.

O sucesso dentro de campo alavancou o Atlético de Madrid ao resto do mundo. Seu treinador tornou-se a face do clube, e jogadores que brilharam na equipe, como o atacante Antoine Griezmann, agora no Barcelona, tornaram-se estrelas mundiais. A marca do clube gira o planeta, e o time mudou até mesmo para um novo estádio, o Wanda Metropolitano.

O Atleti de Simeone é um sucesso (Foto: AFP)

A RESISTÊNCIA: OSASUNA
Uma resistência ao clássico modelo formado na Espanha é o Osasuna. O modesto clube de Navarra não possui as cifras e investimentos de Barcelona e Real Madrid, e também não conta com o passado de glórias de Athletic Bilbao.

Ainda assim, a equipe conseguiu manter-se estável por muito tempo. Em entrevista ao LANCE!, o presidente do clube, Luiz Sabalza, falou sobre o clube.

- Bem, nós já passamos por momentos muito ruins. Nem sempre estivemos estáveis como hoje. Mas, sem dúvida, um clube cujas raízes estão baseadas em estar conectado com a área que representamos, isso significa que oferece uma certa estabilidade ao clube, obviamente - disse Sabalza.

Um dos motivos do Osasuna conseguir se manter estável é a sua categoria de base, as canteras de 'El Tajonar'. Assim como o Athletic Bilbao, o clube cresce com os seus jovens talentos, diferenciando-se do clube basco apenas na política de contratação.

Osasuna e Real Madrid por La Liga (Foto: ANDER GILLENEA / AFP)

- Temos um lugar que é El Tajonar, nossa academia, e todas as crianças de Navarra querem ir para participar. E eles têm o desejo verdadeiro de estar no Osasuna, e acho que é isso que nos dá estabilidade, para que nos momentos difíceis, eles nos ajudem e a gente consiga progredir. Porque eles não são apenas jogadores de futebol, mas eles também têm este sentimento para o clube - afirmou.

- Nunca quisemos e esperamos nunca querer ser apenas um S/A, que é apenas uma empresa de apoio à imagem pública, porque pensamos que todos os nossos membros juntos estão todos ligados às nossas raízes, e temos sido a 100 anos. E, como dizemos, pensamos que é um clube muito local, e isso representa os sentimentos e tudo que se relaciona com a área local, Navarra - concluiu o presidente do Osasuna.

MÁLAGA E A FALÊNCIA
Um outro time que parecia começar a seguir o caminho de clubes como Atlético de Madrid, Valencia e Sevilla, que começou a conquistar títulos continentais também, foi o Málaga. O clube havia falido em 1992, pouco depois da Lei de Deportes, e voltou em 1994 com outro nome, já como S/A.

O Málaga surpreendeu a Espanha quando foi bem no Espanhol e chegou às quartas da Champions League. Pouco depois, o Málaga passou a arcar com punições da UEFA. A organização baniu o clube espanhol por conta de questões financeiras, e a equipe passou a ver o seu desempenho em campo regredir, até chegar ao ponto de cair para a segunda divisão espanhola.

Málaga em campo contra o Real Madrid (Foto: JAVIER SORIANO / AFP)

OPINIÃO DO ESPECIALISTA​
Entrevistado pelo L!, o economista Daniel Souza, especialista em mercado esportivo, explica a mudança do futebol espanhol para o modelo das sociedades anônimas.

- No início da década de 1990, os clubes espanhois foram obrigados por lei a se tornarem sociedades anônimas esportivas (SADs, em espanhol). Isso ocorreu em um contexto de altíssimo endividamento da grande maioria dos clubes. Nos anos 1980, haviam sido criadas regras para aumentar transparência e limitar o crescimento dessas dívidas, mas não surtiram efeito. Pelo contrário, a situação financeira das equipes piorou. Nesse contexto, a transformação em SAD foi imposta como forma de reverter o cenário - diz o economista.

- Em um futebol caracterizado pelo forte vínculo dos clubes com suas cidades e comunidades, essa mudança foi um choque cultural. Os resultados foram variados. A mudança por si só não trouxe melhoria financeira para muitos clubes, pois não protege os clubes dos maus dirigentes. A conclusão é: o modelo em si não é mágico. O determinante do sucesso é a competência de quem o opera - disse Daniel.