Não é por acaso que os rumores do paddock colocam a Mercedes em vantagem no desenvolvimento dos motores para a temporada 2026 da Fórmula 1 (F1), que contará com grande mudança por causa da ampliação da parte elétrica. Trata-se, aliás, de um pensamento até lógico, considerando que a montadora alemã é hoje a fabricante que mais possui clientes no grid da categoria.

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Quem explica isso é o diretor de engenharia de pista, Andrew Shovlin. Hoje, além de si própria, a Mercedes atende outras três escuderias: McLaren — a líder do Mundial de Construtores —, Aston Martin e Williams. E embora perca a clientela do time comandado por Lawrence Stroll, passará a fornecer as unidades de potência para a Alpine. São, portanto, oito carros equipados com motores Mercedes.

George Russell, da Mercedes, durante treino no GP da Áustria de F1 (Foto: Joe Klamar / AFP)

Situação semelhante aconteceu em 2014, quando a F1 entrou na era das unidades de potência híbridas. A Mercedes dominou os anos subsequentes e conquistou oito títulos consecutivos de Construtores pela vantagem que adquiriu na produção do motor. Na ocasião, Williams, McLaren e Force India eram as clientes.

O trabalho, portanto, segue a todo vapor na Mercedes High Performance Powertrains, em Brixworth, divisão responsável pela produção dos motores que serão 50% formados por componentes elétricos, ao contrário dos 15% atuais. Além disso, terão de funcionar com combustível 100% sustentável, o que significa que milhares de horas já foram gastas em testes na fábrica.

Os engenheiros, porém, ainda enfrentam falhas no processo atual, segundo informações da revista alemã "Auto Motor und Sport" desta segunda-feira (29). Mas tais contratempos são encarados por Shovlin como normais e também fizeram parte do trabalho em 2014.

— É certamente um desafio produzir um grupo de motores para tantas equipes. Isso gera trabalho adicional, que, portanto, precisa ser iniciado mais cedo — explica Shovlin — O modelo de negócios da Mercedes na Fórmula 1 sempre estipulou que fornecêssemos motores para várias equipes — afirmou, acrescentando que é um modelo que compensa por vários motivos.

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— O primeiro motivo é que faz sentido financeiramente produzir mais de um motor. A maior parte dos custos não é gerada pela produção, mas pelo programa de desenvolvimento — Shovlin destaca ainda que fornecer motores para várias equipes clientes aumenta a captação de dados, pois os engenheiros aprendem coisas novas a cada quilômetro rodado em testes. Tais insights são incorporados ao desenvolvimento.

— Naquela época [2014], tínhamos uma clara vantagem de desempenho sobre a concorrência. Permitimos que as equipes clientes percorressem mais quilômetros do que nós próprios — salientou.

— Esperamos na garagem e sabíamos que ainda poderíamos conquistar a pole-position. Com mais carros no grid e uma quilometragem maior, você simplesmente encontra os erros mais rápido — encerrou Shovlin.

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