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Indicação de ex-presidente banido, reunião vazada e caso de assédio: a turbulenta gestão de Caboclo na CBF

Afastado da presidência da Confederação Brasileira, onde estava desde 2019, ele coleciona polêmicas e histórico com 'antiga CBF'. Caboclo assumiu após escândalos de corrupção

Agora afastado, Rogério Caboclo chegou à CBF após punição para Marco Polo Del Nero - que foi abolido por corrupção (Rafael Ribeiro/CBF/Divulgação)
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Com os últimos três ex-presidentes da Confederação Brasileira de Futebol afastados do cargo ou banidos do futebol por escândalos, a CBF convive com uma sequência de dificuldades administrativas. Denunciado na última sexta-feira por uma acusação de assédio moral e sexual, então presidente Rogério Caboclo está afastado do cargo. O LANCE! mostra que a trajetória do dirigente é recheada de turbulências no comando de uma das maiores entidades de seleções.

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HISTÓRICO DE DESVIOS E DESRESPEITO COM A ENTIDADE
Ricardo Teixeira esteve como presidente da CBF de 1989 a 2012. Ele precisou renunciar da presidência antes de 2015, quando terminaria seu mandato, após investigações apontarem o recebimento de propina em contratos da Libertadores, Copa América e Copa do Brasil. Além de ter recebido dinheiro para votar no Qatar na sede da Copa 2022.

José Maria Marin comandou entre 2012 a 2015. Ele foi detido pela polícia norte-americana em uma operação na Suíça e foi condenado por fraude bancária, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Esteve preso nos EUA até 2020, quando retornou ao Brasil por conta da Covid-19.

Por fim, o mandatário que "apadrinhou" Caboclo, Marco Polo Del Nero, que esteve no comando entre 2015 e 2017. Del Nero foi indiciado nos EUA em 2015 por corrupção. Ele foi suspenso pela Fifa de qualquer administração no futebol, assim como recebeu uma multa.

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CONTEXTO CAÓTICO X DESEJO POR TRANSPARÊNCIA
É com esta realidade que o ex-dirigente do São Paulo e da Federação Paulista de Futebol, Rogério Langanke Caboclo, de então 46 anos, assumiu por quatro anos. Antes disso, o cartola paraense Coronel Antônio Nunes ocupou o espaço até o começo de Caboclo. Ele é o 20º presidente e seu mandato vai até 2023. Neste domingo, o mandatário foi afastado por 30 dias durante as investigações.

Caboclo chegou falando em priorizar uma "gestão transparente e eficiente". Filho de um ex-presidente do São Paulo, o advogado se tornou cartola nos anos 2000. Porém, o passado da CBF parece seguir comandando o cargo principal. Gravações obtidas revelam que Marco Polo liderava a Confederação mesmo após ser banido. 

Del Nero, mesmo banido do futebol e, por isto, não podendo ter contato com a bola, era responsável por dar a última palavra em muitas das decisões em torno do cenário futebolístico brasileiro. Nos últimos três anos, Del Nero debateu e alinhou a indicação de funcionários para cargos menores, conversas da rotina da CBF e até contratos milionários feitos pela entidade.

GESTÃO DE CABOCLO NA PANDEMIA TEVE "JOGO FORÇADO"

Rogério Caboclo, Ricardo Teixeira e Marco Polo (Montagem LANCE!)

Com anos de gerência, Rogério precisou enfrentar uma das maiores crises sanitárias da história recente da Confederação. A entidade anunciou a paralisação de todas as competições nacionais em março daquele ano após o aumento de casos de coronavírus no país e pressões externas ao futebol. O esporte foi paralisado por três meses, quando então criou-se um protocolo.

"Vai ter competição e vocês estão f... se não tiver", diz Caboclo

Com a sequência das partidas, a CBF precisou se posicionar principalmente no começo de 2021, com um novo aumento de casos em todo país. Em uma reunião vazada feita com dirigentes, Caboclo afirmou: "A CBF, Federações e clubes fizeram o que os governos deveriam ter feito". O presidente não se restringiu a se opor veementemente à paralisação das competições nacionais, em trecho da reunião de 10 de março.

GLOBO E PATROCINADORES TAMBÉM QUERIAM MANTER O FUTEBOL
No mesmo encontro, Rogério se mostrou irredutível em relação ao desejo da bola continuar a rolar mesmo com a escalada da pandemia de Covid-19. No trecho da videoconferência com dirigentes de clubes da Série A e B, Caboclo subiu o tom e citou a Rede Globo e os patrocinadores sobre as consequências da paralisação.

Senador Randolfe Rodrigues convoca Caboclo para CPI (Montagem Lance! Fotos: Jane de Araújo/Agência Senado; Lucas Figueiredo / CBF)

No vídeo, ele ainda diz que "vai ter competição e vocês estão f... se não tiver", em referência à um possível corte de verbas televisivas e comerciais caso o esporte não fosse disputado. 

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Já em abril, o presidente afirmou em entrevista ao Uol que desejava comprar vacinas contra a Covid-19 para o futebol, caso a permissão fosse concedida em votação no Congresso Nacional. A "prioridade" acabou recebendo reclamações de torcedores. No fim das contas, a Conmebol ganhou doações de vacinas para imunizar atletas. 

UM CAPÍTULO EXTRA: COPA AMÉRICA
​A aceitação da CBF e do governo do presidente da República Jair Bolsonaro ao questionamento da Conmebol sobre a realização da Copa América no Brasil também gerou desgastes fora do ambiente esportivo. O senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, oficializou o requerimento para convocação de Rogério para depor na comissão. 

ESCÂNDALO DE ASSÉDIO ABALA CBF
Após ser formalizada a denúncia contra o presidente da Confederação Brasileira de Futebol por assédio moral e sexual, em junho deste ano, mais um capítulo da acusação foi noticiado. As investigações internas do Conselho de Ética apontaram para o afastamento.

Caboclo teria retaliado a funcionária que o denuncia, apontando as vestimentas da mulher como inapropriadas e regulando amizades dela na Confederação, onde trabalha desde 2012. Ela ainda afirma que Caboclo teria chamado-a de "cadelinha" e mandado que ela comesse biscoitos para cachorro.

Caboclo ao lado do presidente da República, Jair Bolsonaro (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)