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Sharon Nigri Prais
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 21/05/2025
23:31
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Na coletiva após a vitória por 4 a 1 do Fluminense sobre a Aparecidense, Renato Gaúcho voltou a falar sobre o problema de calendário e os impactos na equipe. Ainda, admitiu a cobrança interna por intensidade, mas ponderou as exigências da torcida com o desgaste causado pela sequência de jogos e pediu mais paciência.

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A goleada trouxe a classificação para as oitavas da Copa do Brasil. Apesar do placar elástico, o Flu saiu atrás e teve dificuldade para encontrar a virada, que veio nos acréscimos do primeiro tempo. Os gols tricolores foram marcados por Samuel Xavier, Everaldo, Vanderley (contra) e Ganso.

- Aparecidense está muito bem treinada e tem jogadores de velocidade, o que é muito importante. Para eles era uma Copa do Mundo e isso eu deixei bem claro para o meu grupo ontem na preleção. Se a gante não entrar com bastante intensidade e foco no jogo, nós vamos ser surpreendidos e fomos. Porque baixamos a intensidade e tomamos o gol. E aí tem que correr atrás, todo mundo fica cobrando, temos que deixar espaços, tem que arriscar mais. Conseguimos virar o jogo, mas nem sempre vai ser assim. Hoje em dia quando falo em futebol nivelado, vocês estão vendo os exemplos: Grêmio e Fortaleza perderam, Vasco teve dificuldade. - analisou o treinador tricolor.

Thiago Silva e Guga no banco de reservas no jogo contra a Aparecidense (Foto: Mateus Bonomi/AGIF)

Desde que chegou, Renato Gaúcho instituiu um rodízio entre os jogadores titulares, repetindo poucas escalações e chegando a levar uma equipe reserva em partidas fora de casa pela Sul-Americana. Contra a Aparecidense, por exemplo, Keno e Freytes sequer viajaram para evitar o desgaste. Thiago Silva e Martinelli, que normalmente são titulares, ficaram no banco e não foram acionados. As mexidas no time tem como objetivo ter o melhor à disposição no clássico contra o Vasco, pelo Brasileirão.

- O importante do futebol sempre é a vitória. Isso dá uma confiança sempre maior para o grupo. Nós temos um clássico no próximo sábado, mas tinhamos que estar com a cabeça aqui hoje para conseguir a classificação até porque estamos vendo o que está acontecendo nos outros jogos, a dificuldade que os outros times estão passando. O futebol brasileiro está muito nivelado, não importa a divisão. Ontem vi os jogos e vi a dificuldade de outros grandes clubes, um saiu, outro hoje. Não tem jogo fácil, o problema é que todo mundo no Brasil quer ver espetáculo, o time jogando bem. Infelizmente o futebol não é mais assim. Até porque, desde que eu cheguei não tivemos uma semana cheia, a cada três dias temos jogos de competições diferentes e decisivos. Não há tempo para trabalhar e o desgaste é muito grande.

As últimas atuações do Fluminense geraram cobranças por parte da torcida, fazendo com que vaias fossem ouvidas com frequência no Maracanã. No jogo de ida contra o Camaleão, o time foi vaiado antes do fim do primeiro tempo e na volta, nesta quarta (21), os torcedores presentes no Mané Garrincha protestaram após o gol de Wellington Carvalho, que abriu o placar e empatou o agregado. O comandante do clube carioca concordou com as exigências, mas também defendeu seu elenco, deixando ainda um pedido ao torcedor.

- O torcedor nesse sentido tem razão e isso é o que eu mais cobro do meu time. Por outro lado, preciso sair em defesa do meu grupo justamente pelo desgaste. Não dá para toda hora fazer marcação pressão, durante os 90 minutos, ninguém aguenta. Por exemplo, a Aparecidense jogou no sábado, nós tivemos um jogo pesado lá em Caxias do Sul, viemos para Brasília, então eles tiveram um dia a mais que a gente. Sábado temos o clássico, o Vasco jogou ontem e nós hoje. Eu tenho colocado jogadores em campo que estão pedindo para sair no intervalo porque não aguentam mais correr. Aí eu mudo meio time e não consigo classificação... Difícil agradar todo mundo. O torcedor tem que entender que no momento o mais importante é o resultado. Entendo o que eles cobram em alguns jogos e eu também cobro diariamente do meu time, principalmente nos jogos, essa intensidade. Só que ao mesmo tempo não adianta eu cobrar uma intensidade com o degaste que o time tem. Ninguém está dando desculpa, eu estou vendo todos os jogos e não tenho visto nenhum time do Brasil se destacando, jogando bonito e ganhando. Todo mundo está buscando resultado devido ao desgaste. Então quando falam que falta intensidade e que o time não jogou bem, ok, acontece. Realmente tem acontecido isso, mas o time está desgastado. O calendário brasileiro desgasta qualquer clube. Tanto que em todos os jogos tem treinadores que mudam seus jogadores - e tem que dar graças à Deus os que têm dinheiro e quase dois times - e muitas vezes vemos os jogadores saindo por desgaste.

Renato Gaúcho e Fuentes no jogo contra a Aparecidense (Foto: Mateus Bonomi/AGIF)

Renato Gaúcho projeta Mundial de Clubes

- É difícil porque, como falei, todo mundo quer o resultado. A cada três dias temos um jogo decisivo. Aí eu mudo meu time, a gente perde em entrosamento e qualidade. Quatro grandes clubes vão jogar o Mundial, o restante preaticamente vai dar férias para os jogadores e eles vão descansar. Na volta, eles vão ter tempo para se reorganizar enquanto a gente vai estar com o desgaste do Mundial, porque não sabemos até que ponto vamos avançar. Então, todo mundo vai cobrar na volta de novo. No Brasil ninguém mais tem paciência com jogadores, com treinadores, só querem cobrar. Querem futebol bonito, ver o time ganhar. A exigência é muito grande, às vezes com dois, três minutos de jogo, as pessoas já estão cobrando. É muito difícil trabalhar assim.

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Sobre a venda do mando de campo

- Para mim foi ótimo, jogamos no Maracanã e aqui em Brasilia, praticamente em casa, mas eu cumpro ordens. O que tem ser mudado são as decisões na CBF. Se tem essa brecha, os clubes se aproveitam e os clubes menores vendem os jogos para arrecadar. Unem o útil ao agradável. Quanto mais vantagens tivermos, melhor, mas isso acontece com todos os clubes.

Sobre a saída de Renato Augusto do Fluminense

- Quando eu cheguei no Fluminense já tinha esse 'zumzumzum', que ele poderia parar de jogar. Eu não estava acreditando muito, então ele foi levando. Comecei a dar oportunidade para ele, é um jogador inteligente, importante no grupo, bem acima da média. Fiquei triste, mas já tinham me buzinado no ouvido que ia parar. Falei com ele ontem e ele falou que não aguentava mais as lesões, estava estressado e precisava descansar. Ainda falei para ele 'pensou direito? Repensa, vai fazer falta ao futebol', mas ele disse que pensou com a família e decidiu. Infelizmente é mais um jogador acima da média que para no Brasil. Muita gente pode não sentir falta dele porque não estava tendo sequência, mas eu vou sentir.

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