Bruno Henrique virou réu na Justiça do Distrito Federal nesta sexta-feira (25) por fraude em apostas esportivas. O jogador do Flamengo é investigado desde 2024 por um lance ocorrido na partida contra o Santos pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2023.
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A decisão do juiz Fernando Brandini Barbagalo, da 7ª Vara Criminal de Brasília, acolheu o pedido do Ministério Público do Distrito Federal em partes. O órgão apresentou a denúncia contra Bruno Henrique e outros réus por fraude em aposta esportivas e estelionato. O magistrado acolheu apenas o primeiro pedido.
Agora, Bruno Henrique terá que apresentar sua defesa em um prazo de até 10 dias após ser notificado de maneira oficial pela justiça. Apesar de o status de Bruno Henrique ter mudado de investigado para réu, a situação do jogador do Flamengo permanece inalterada no âmbito esportivo.
Bruno Henrique pode continuar a jogar pelo Flamengo
O Flamengo entra em campo no próximo domingo (27), pela 17ª rodada do Brasileirão contra o Atlético-MG, no Maracanã e o Rubro-Negro poderá contar com Bruno Henrique na partida. Isso acontece porque o processo corre na justiça comum e não na esportiva.
O Ministério Público do Distrito Federal solicitou medidas cautelares à justiça, além de um pagamento de fiança de R$ 2 milhões por parte de Bruno Henrique. Os pedidos, no entanto, foram indeferidos por Fernando Brandini Barbagalo. O Lance! teve acesso à decisão. Confira trecho.
— Em nenhum momento, a autoridade policial reportou qualquer atitude que indicasse resistência da parte do réu. Da mesma forma, nada foi reportado que indicasse postura que objetivasse de alguma forma prejudicar as investigações. Por conseguinte, até o momento, não foram apresentados quaisquer indicativos concretos de que o réu pretende se furtar de possível responsabilidade penal ou que pretenda obstruir a atividade estatal — diz parte da decisão.
O magistrado também apontou que, mesmo na posição de réu, Bruno Henrique não pode ser obrigado a participar de atos processuais, exceto caso sua presença se mostre imprescindível. Isso significa que o camisa 27 pode não participar de futuras audiências, por exemplo.
O Ministério Público também solicitou que todos os réus fossem proibidos de firmar contratos de patrocínio e de publicidade pessoal com casas de apostas e a suspensão de contratos vigentes nesse âmbito. O juiz do caso negou a solicitação, alegando que isso impediria o jogador de atuar pelo Flamengo.
— Recordo que o denunciado Bruno Henrique é atleta da equipe de futebol profissional do Flamengo que, por sua vez, possui contrato de patrocínio com plataforma de aposta on-line que estampa publicidade no uniforme do clube. Ao se deferir a medida requerida, estar-se-ia, indiretamente, inviabilizando sua atividade profissional no clube — destacou o magistrado.
Relembre o caso
O jogador começou a ser investigado em 2024 por suspeita de manipulação de resultados ligados a cartões amarelos durante partidas, após a Polícia Federal e o Ministério Público instaurarem a chamada Operação Spot‑Fixing. O caso ganhou força por conta de uma jogada específica em 1º de novembro de 2023, no confronto entre Flamengo e Santos, quando Bruno Henrique recebeu um cartão amarelo seguido de expulsão por reclamação acentuada da arbitragem. As autoridades investigam se o atleta provocou propositalmente a punição, sabendo que parentes e amigos fariam apostas específicas com base nessa informação privilegiada.
Segundo a Polícia Federal, o atacante teria beneficiado seu próprio irmão, cunhada, prima e outros sete apostadores, que apostaram no cartão amarelo por meio de casas como Kaizen Gaming, GaleraBet e Betano, obtendo lucros que chegam a R$ 5.000 em alguns casos. As mensagens encontradas no celular do irmão de Bruno Henrique incluem conversas em que o atleta confirma estar “pendurado” e instrui o momento de ser advertido, gerando evidências contundentes para o seu indiciamento por estelionato e fraude em evento esportivo.
Em 16 de abril de 2025, Bruno Henrique foi formalmente indiciado pela Polícia Federal, no âmbito criminal, enquanto o STJD, instância esportiva, já havia aberto inquérito em novembro de 2024 e recebeu os autos da PF em junho de 2025 para avaliação disciplinar. Na sequência, em maio, ele prestou depoimento ao tribunal esportivo por videoconferência, adiando sua ida presencial devido a compromissos com o Flamengo, e sua defesa solicitou diversas medidas, como o pedido de arquivamento e transferência do processo da Justiça Distrital para a Justiça Federal.