A goleada por 4 a 0 sobre o Juventude, neste domingo (20), no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro, confirmou a excelente fase do Cruzeiro na temporada. Líder provisório, com 33 pontos – o Flamengo tem um jogo disputado a menos – a equipe do técnico Leonardo Jardim está há 10 rodadas sem perder na competição e tem a melhor campanha como mandante, com sete vitórias e um empate. Desempenho completamente diferente do início de 2025 e até mesmo do começo do trabalho do treinador.
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Leonardo Jardim chegou à Toca da Raposa sob muita expectativa. O Cruzeiro apostava alto num treinador consagrado na Europa, principalmente pela boa campanha com o Monaco, semifinalista da Champions League na temporada 2016/2017.
A diretoria já havia investido em contratações badaladas, como as dos atacantes Gabigol e Dudu, do zagueiro Fabrício Bruno e do lateral Fagner. Mas os resultados no início do ano e, principalmente, o desempenho da equipe eram decepcionantes sob o comando do técnico Fernando Diniz.
De imediato, Leonardo Jardim não conseguiu mudar o panorama. O Cruzeiro foi eliminado na semifinal do Campeonato Mineiro pelo América, nos pênaltis, em fevereiro. O mês de março sem jogos oficiais acendeu a esperança de que o técnico conseguiria pôr o time nos eixos, afinal teria tempo para conhecer melhor o elenco e colocar suas ideias em prática.
No entanto, os efeitos não foram imediatos. A vitória por apenas 2 a 1 sobre o então desacreditado Mirassol, na estreia no Brasileirão, seguida por três derrotas (uma para o Internacional, na segunda rodada, e duas pela fase de grupos da Copa Sul-Americana) assustou os cruzeirenses. Dois meses de trabalho de Leonardo Jardim e nada havia mudado no desempenho do Cruzeiro.
➡️Com gols de Gabigol, Cruzeiro goleia o Juventude e se mantém na liderança do Brasileiro
Mudanças de Jardim deixam Cruzeiro mais marcador e combativo
A melhora começou após uma decisão do técnico que pareceu, a princípio, desesperada, além de surpreendente. No jogo contra o São Paulo, no Morumbis, pela terceira rodada do Brasileirão, em 13 de abril, os medalhões Gabigol e Dudu começaram no banco, assim como os laterais William e Marlon, destaques da temporada passada.
Outra modificação, essa forçada por contusão, também foi fundamental para o crescimento do rendimento da equipe. O meia Matheus Henrique, o jogador de melhor desempenho no ano até então, havia sofrido lesão no menisco do joelho direito no jogo contra o Mushuc Runa. Leonardo Jardim, então, optou por um meio-campo mais marcador, com a entrada de Lucas Silva, ao lado de Lucas Romero. E, em vez de um ataque com pouco poder de pressão na saída de bola adversária, com Dudu e Gabigol, escalou Christian, para ajudar a ocupar o lado direito do campo, e Kaio Jorge.
Coincidência ou não, o atacante, que, no início do ano ainda se recuperava de contusão na coxa direita, sofrida na temporada anterior, deslanchou. Logo no empate por 1 a 1 com o São Paulo, marcou pela primeira vez em 2025. Na rodada seguinte, a vitória do Cruzeiro por 3 a 0 sobre o Bahia, fez mais dois, depois de perder um pênalti que poderia ter aberto o placar. Na sequência, foram mais 11 gols, nove deles que o levaram à liderança da artilharia do Brasileirão.
O desempenho defensivo também mudou completamente. Depois de sofrer gol em 15 jogos consecutivos no ano, o Cruzeiro sofreu apenas quatro nas últimas 12 partidas. As atuações do goleiro Cássio são um reflexo dessa melhora. De muito criticado no início da temporada, tornou-se um dos responsáveis por muitas das vitórias celestes no Brasileirão.
Intensidade, comprometimento, coletividade: características do Cruzeiro de Jardim
O afastamento de Dudu, antes do jogo contra o Vasco, em Uberlândia, e a liberação de Marlon para o Grêmio reforçaram as ideias de Leonardo Jardim para comandar o Cruzeiro. Desde as primeiras entrevistas, o treinador frisava que intensidade seria uma das características da equipe. O técnico também reforça sempre as qualidades dos jogadores como um grupo, tanto que admite que agora está mais difícil contratar reforços do que há alguns meses.
Nesse ponto, o comportamento de Gabigol tem chamado a atenção. Se no Flamengo, o atacante se desentendeu com o técnico Tite, quando ficou na reserva, no Cruzeiro, ele tem se mostrado mais conformado com o papel de coadjuvante. E não lhe tem faltado oportunidades de ajudar a equipe em campo, como na partida deste domingo (20), contra o Juventude.
Apesar de Leonardo Jardim sempre ressaltar que há equipes mais bem preparadas para brigar pelo título, o Cruzeiro, a cada rodada, mostra sim que está entre os que podem ser apontados como possíveis campeões brasileiros de 2025.