Armando Mendonça, vice-presidente do Corinthians, convocou uma entrevista coletiva para esclarecer a possível participação em irregularidades na distribuição de materiais esportivos fornecidos pela Nike. As suspeitas surgiram a partir de uma auditoria interna.

O vice-presidente afirma que o relatório não reflete a realidade. Dos 131 itens apontados como desvios, apenas 47 foram retirados com sua assinatura para uso em atividades do clube. Os outros 84, incluindo 64 transferências internas, foram feitos por terceiros, sem que Armando tenha se beneficiado pessoalmente.

— Não esperei que fizessem o que fizeram comigo. Desde o começo, tenho certeza absoluta de que não cometi nenhum ato lesivo ao clube. Por respeito ao clube, ao presidente, aos órgãos internos, conversei com o Cori, fiz todas as explicações, provei, documentei. Fui ontem às autoridades policiais, provei. Apresentei todos os documentos. Agora, eu preciso falar com vocês, falar com a torcida, explicar a sacanagem. Não sei se é interesse ou político. Divergência de ideia, política, faz parte, mas acabar com a reputação de uma pessoa é inaceitável. Eu vivo da minha reputação. Eu sou advogado, vivo da minha reputação. Sem ela, não sustento minha família — disse Armando.

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— Não desviei 131 materiais. É mentira. Ele diz que eu tirei, mas cadê o comparativo? Cadê o comparativo? Está direcionado ao vice-presidente. Eu tirei mais que os diretores e o presidente? Cadê o comparativo? Ele diz que tirei para meu uso, mas ele não teve o cuidado de ler a requisição e verificar que a descrição são de 62 itens em uma transferência administrativa para o Parque São Jorge. O departamento administrativo solicitou do CT para o Parque São Jorge. Eles não foram retirados, eles foram transferidos — completou.

Entre os materiais mencionados no relatório estão capa de chuva, mala de viagem, kits de viagem e camisetas. Esses itens, segundo ele, foram apenas alguns exemplos das transferências administrativas registradas, sem caráter de apropriação pessoal.

— Eu faço questão de provar que sou honesto. Eu nunca desviei um material do Corinthians. Eu nunca utilizei um material do Corinthians. Eu vou provar para vocês que o trabalho das pessoas que estão dizendo, deixa de ser bem feito quando eu provou que as informações são mentirosas e não condizem com a verdade. Estou aberto para falar sobre todos os assuntos, mas preciso começar falando sobre a minha pessoa. Primeiro, eu quero provar que o relatório é falho. Eu preciso fazer esse esclarecimento. Eu não fui para o Corinthians lesar o Corinthians, fui para fazer diferente, ver o que está errado — alertou.

Camisa da Nike do Corinthians (Foto: Gustavo Vasco / Corinthians)

Armando ainda destacou ações dentro do clube vão contra às suspeitas de desvio, citando investimentos próprios para apoiar atletas e eventos.

— Um vice-presidente que, em 24 e 25, gastou R$ 11 mil na loja Todo Poderoso para uso de sua família. Um vice-presidente que não tem função nenhuma nos esportes radicais, mas é procurado para esportes radicais, e fica sabendo que uma atleta nossa, que foi campeã, não tem R$ 3 mil para pagar, e eu vou e pago; não tem por que desviar material. Vice-presidente que acompanha o sofrimento, fica sabendo que uma festa, um churrasco de Halloween para 800 crianças, ia ser cancelada por falta de dinheiro, e eu não fiz propaganda e dei R$ 20 mil reais para não ser cancelada. Ser obrigado a ouvir a imprensa, através de falsas afirmações, ser acusado de desvio de materiais. É o pior momento da minha vida. Não esperava isso — disse.

— Se constatar que eu desviei materiais para uso indevido, eu renuncio. Eu não tenho compromisso com o erro. Não fui para o Corinthians para roubar material. Não fui para acabar com a minha vida e roubar 131 materiais. Não preciso disso — finaliza.

Camisas NFL

Sobre as camisas especiais com patches da NFL, Armando Mendonça explicou que todo o material remanescente do evento foi separado e registrado formalmente, negando qualquer tentativa de cancelar procedimentos internos ou de ocultar itens. Segundo ele, as peças destinadas a colaboradores continuam armazenadas no clube.

— Quando terminou o jogo da NFL, pedi ao Zeca que ele deixasse separado no almoxarifado todo o material que sobrou. Documentei por e-mail. Retirei oito camisas e sugeri de presentear os colaboradores do evento. O presidente disse que estava tendo uma auditoria sobre isso e pediu para guardar. Eu não pedi para ninguém cancelar. As oito camisas estão guardadas em uma sacola no clube, vamos destinar a colaboradores — explicou.

— Se eu quisesse pegar o material para mim, eu iria pegar na sacola, iria retirar, não iria assinar nada, botar no carro e ir embora. Quem desvia faz isso. Eu não, eu documentei por e-mail — completou.

Nova auditoria?

Armando Mendonça também fez críticas ao responsável pela auditoria realizada por Marcelo Munhoes, diretor de tecnologia. Segundo o vice-presidente, ele próprio solicitou a Osmar Stabile, mandatária do Timão, a abertura de uma nova auditoria para reavaliar os documentos.

— O relatório é falho, é errado, tem algum interesse, porque atribui a mim coisas que eu não fiz — disparou.

— Eu deixo muito claro para vocês e para a torcida, que está falando que sou ladrão: se fizer uma auditoria independente, externa e especializada e constatar que eu desviei um grampo do Corinthians, eu renuncio no dia seguinte. Não precisa de processo disciplinar ou de impeachment. Eu renuncio. Eu não piso nunca mais em um jogo do Corinthians — seguiu.

Ainda sobre Munhoes, Armando Mendonça negou que tenha o ameaçado, como consta nos autos da auditoria.

— Eu não interrompi ninguém, eu não ameacei ninguém. Isso é crime. Não posso admitir uma coisa dessa. Ele está imputando a mim um crime — concluiu.

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