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Luiz Gomes: ‘O que acontece com Luan? É preciso ter paciência com ele’

'É preciso ser tolerante. Tratá-lo com carinho é a única forma de vê-lo voltar a ser o que seu futebol pode fazê-lo ser'

Luan durante a eliminação do Corinthians na Libertadores (Foto: Marco Galvão/Fotoarena/Lancepress!)
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O que acontece com Luan? Não faz afinal tanto tempo assim que o meia gremista ganhou o título de melhor jogador da América após um Brasileirão impecável e uma participação decisiva na condução do Grêmio à conquista da Libertadores de 2017. E passaram-se apenas dois anos entre o céu e o inferno.

É difícil precisar quando a transformação começou. Na final do Mundial de Clubes contra o Real Madrid, em Abu Dhabi, seu desempenho já foi pífio, muito inferior ao que se esperava de um craque da sua dimensão e da temporada que fizera. Houve, ao longo de 2018, o agravamento da fascite plantar que o persegue desde a base e que o tirou de campo em jogos importantes. Até que, no ano passado, de líder, virou reserva. De inegociável, virou um fardo para Renato Gaúcho.

A transferência para o Corinthians, os novos ares nos gramados paulistas abriram a perspectiva de novos tempos, de uma nova fase. São poucos jogos até aqui, muito cedo para qualquer julgamento. Luan tem lutado para se firmar, se dedicado nos treinos, alterado bons e maus momentos. A comemoração emocionada no gol contra o Guarani do Paraguai foi um sinal disso. Mas para vencer essa batalha e voltar a brilhar precisa, antes de tudo, de equilíbrio, cuidar da cabeça e reconquistar sua autoconfiança. Fazer com que o corpo obedeça ao cérebro.

Já vimos esta história antes, não precisa puxar demais pela memória. Quando Neymar e Paulo Henrique Ganso subiram da base do Santos como expoentes de mais uma geração de Meninos da Vila, muita gente apostava que o meia tinha um futuro mais promissor do que o atacante, não eram raros os comentários na mídia em que seu talento era considerado ainda maior do que o de Neymar.

Ganso surgiu como um craque fora de série, daqueles que desequilibram um jogo. Até que, em 2010, sofreu a grave lesão ligamentar no joelho esquerdo que o tirou dos gramados por sete meses. Foi vítima, então, da artimanha dos cartolas santistas da época que aproveitaram a situação para reduzir a proposta de reajuste salarial que já havia sido acertada antes. E acabou ficando com o salário muito inferior ao de Neymar, rompendo um equilíbrio que vinha desde a base.

Foi um delimitador. Desde então Ganso nunca mais encantou. Teve sim, ainda, momentos marcantes nas temporadas seguintes, mas abafados por desentendimentos com a diretoria e novas contusões. Nitidamente, mais do que os marcadores rivais seu maior adversário passou a ser ele mesmo, sua cabeça, a falta de equilíbrio psicológico que foi comprometendo sua autoconfiança e roubando seu talento. A saída do Santos para o São Paulo, mesmo conturbada, parecia ser a grande chance de dar a volta por cima, de, quem sabe, conquistar um espaço na Seleção.

Não deu certo. Como não deu certo no Sevilha, no Amiens e ainda não convenceu no Fluminense. Em todos esses times, Ganso chegou cercado de pompa e circunstância, com espaço para ser líder, ser "o cara". Não suportou o peso da responsabilidade, teve até alguns momentos da velha genialidade, mas em meio à rotina de um jogador comum e mediano. E a cada erro, cada cobrança das torcidas, por mais justa que fossem, sua situação só foi piorando e a instabilidade aumentando.

É uma lição para o torcedor corintiano. Na derrota para o Guarani paraguaio, que custou a eliminação da Libertadores, Luan errou três passes no final do jogo - um deles quase resultou em gol. Foi vaiado pela primeira vez no novo clube, numa clara demonstração de impaciência do torcedor. Mesmo sem ser decisivo e apesar do cansaço no final, melhorou seu desempenho no empate no clássico com o São Paulo. É preciso ter paciência com ele, ser tolerante. Tratá-lo com carinho é a única forma de vê-lo voltar a ser o que seu futebol pode fazê-lo ser.