Memphis segue se recuperando de uma entorse no joelho esquerdo, que o tirou da derrota contra o Cruzeiro, no último domingo (23). O Corinthians comunicou que exames constaram um edema ósseo no joelho do atacante e não há uma previsão de retorno.

A lesão se tornou uma preocupação para a Fiel, pois o Timão volta a encarar o Cruzeiro, desta vez pelo jogo de ida da Copa do Brasil, no dia 10 de dezembro, em pouco mais de duas semanas. Para entender o problema do atacante, o Lance! ouviu Dr. João Roberto Polydoro Rosa, ortopedista e médico do esporte do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

- Esse edema ósseo é muito comum após entorses e, dependendo da localização dentro do joelho, ajuda até a entender o mecanismo da lesão. Ele também pode ter outras origens, como impacto direto (pancada no joelho) e microfraturas por estresse, em situações de sobrecarga repetitiva. No caso de jogadores de futebol, a causa mais comum é um trauma contusional durante a partida, seja por entorse, seja por choque direto - explicou.

Segundo o médico, diversos fatores podem causar lesões em atletas profissionais, variando da fadiga muscular ao uso das travas da chuteira. Após retornar da Data Fifa, a delegação da seleção da Holanda apontou a necessidade de cautela com Memphis, que começou o clássico contra o São Paulo no banco de reservas.

- Entre os fatores de risco para jogadores de alto nível, destacam-se o número excessivo de jogos e carga de treinos: aumenta a fadiga muscular, que reduz a capacidade de estabilizar o joelho; o gramado pesado: o campo mais pesado facilita que a chuteira "trave" no solo, aumentando o risco de entorse; desequilíbrio muscular: muita força de quadríceps e pouca força de músculos posteriores (isquiotibiais) aumentam o risco de lesão; o tipo de chuteira: travas muito grandes ou inadequadas para o tipo de gramado tendem a prender demais no chão e o histórico de lesões prévias: quem já teve entorses ou lesões frequentes no joelho tem mais chance de nova lesão - detalhou o ortopedista.

Corinthians aguarda retorno de Memphis Depay aos gramados (Foto: Peter Leone/O Fotografico/Gazeta Press)

Tratamento

Na segunda-feira (24), Memphis usou as redes sociais para mostrar seu processo de recuperação. O jogador publicou uma foto em que um médico aplicou uma seringa em seu joelho que retirou um líquido. O tratamento é uma punção articular, que seguiu com a aplicação de ácido hialurônico. O Dr. João Roberto Polydoro Rosa detalhou o procedimento.

- A punção articular é indicada quando há um derrame significativo dentro do joelho, gerando aumento importante da dor e limitação de movimento. O acúmulo de líquido eleva a pressão intra-articular, intensifica o desconforto e dificulta a reabilitação. Ao realizar a punção, o médico consegue aliviar a pressão e a dor, melhorar a mobilidade e ainda avaliar o tipo de líquido presente, como sangue ou líquido inflamatório, informação que pode ajudar a identificar eventuais lesões associadas - Explicou.

Segundo o médico, a aplicação de ácido hialurônico funciona como um reforço na recuperação do jogador. O procedimento não é obrigatório, mas é bastante utilizado no contexto esportivo.

- A aplicação de ácido hialurônico funciona como um adjuvante nesse contexto, pois melhora a lubrificação da articulação, reduz o atrito intra-articular e favorece a mobilidade graças à sua característica viscoelástica. Há também correntes que apontam um possível papel do ácido hialurônico em processos de cicatrização, embora esse efeito ainda não esteja plenamente estabelecido nas lesões agudas. Em consultório, esse tipo de intervenção não é considerado obrigatória nem parte da rotina para as entorses recentes. No entanto, entre atletas profissionais, em que há maior disponibilidade dos recursos e a necessidade de acelerar a recuperação, o procedimento é frequentemente utilizado como estratégia adicional para tentar antecipar o retorno ao esporte, desde que haja indicação adequada - detalhou.

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(Foto: Rperodução/Instagram/Memphis)

Recuperação

O Corinthians não fez nenhuma previsão para o retorno de Memphis, que já ficou 73 dias fora dos gramados nesta temporada devido a lesão. O Dr. João Roberto Polydoro Rosa apontou dois cenários: no mais otimista, o atacante poderia voltar a campo contra o Cruzeiro, no dia 10 de dezembro; no cenário mais cauteloso, a recuperação pode se estender.

- Falando de forma geral, em uma entorse simples, sem edema ósseo importante, o atleta pode retornar em aproximadamente 10 a 21 dias, dependendo da gravidade da lesão e da resposta individual à fisioterapia. Quando há edema ósseo associado, esse tempo costuma ser maior, principalmente devido à dor e ao desconforto para executar novamente os gestos esportivos. Na prática, a reabilitação começa com a fase inflamatória, que dura de 10 a 15 dias, seguida por um período de fortalecimento muscular e corrida leve, que se estende por cerca de duas a quatro semanas. De forma geral, o retorno aos jogos costuma ocorrer entre três e seis semanas, algo em torno de 30 a 45 dias, sempre considerando a evolução de cada atleta - finalizou.

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