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Libra: conheça todos os detalhes sobre a criação da nova Liga Brasileira de Clubes

Saiba o posicionamento de cada um dos clubes, valores negociados, divisão das receitas, tratativas com a CBF e como se desenha a nova tentativa de uma associação de clubes

Leila Pereira (do Palmeiras) e Júlio Casares (do São Paulo) anunciam criação da Libra (FOTO: Rafael Ribeiro/LANCE!)
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A próxima quinta-feira (12) poderá ficar marcada na história do futebol brasileiro com o possível lançamento da Libra, a nova Liga Brasileira de Clubes, em reunião na sede da CBF, no Rio de Janeiro (RJ). A maioria dos dirigentes dos 40 clubes das séries A e B estiveram reunidos em São Paulo (SP) na última terça-feira (3), mas apenas oito deles assinaram o estatuto que criou a associação.


O próximo passo está certo para oficializar o lançamento da Libra? Nem tanto. Com isso, o LANCE! explica a atual conjuntura desta nova tentativa de união dos clubes brasileiro. Entenda como está a situação.

CLUBES

Fundadores
(Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos, RB Bragantino, Ponte Preta e Cruzeiro)


Os chamados fundadores da Libra, afinal foram os que assinaram a filiação à nova Liga na terça, já estão também acertados com a Cadajas Sports Kapital (CSK), que tem o apoio do banco BTG, e promete atrair investimentos superiores a R$ 1 bilhão. A ideia dos quatro grandes paulistas e o rubro-negro carioca é potencializar a fonte de receitas, principalmente com o advento de um parceiro forte, criar mecanismos para evitar o acúmulo de jogos e arrecadar mais com direitos de transmissão, seja qual for o meio e o mercado. Por meio da FPF (Federação Paulista de Futebol), Bragantino (com o aval da empresa de bebidas que agora administra o seu futebol) e Ponte Preta se uniram ao grupo. Agora uma SAF gerida pelo ex-atacante Ronaldo, o Cruzeiro também viu com bons olhos uma aproximação com os clubes mais ricos do futebol brasileiro e topou de imediato a filiação.

> GALERIA: Agora vai? Veja as tentativas de criação de liga no futebol brasileiro

Futebol Forte
(América-MG, Atlético-GO, Atlético-MG, Athletico, Avaí, Ceará, Coritiba, Cuiabá, Fortaleza, Goiás e Juventude)

O grupo dos emergentes da Série A foi firmado no ano passado, antes mesmo do esboço de criação de uma Liga. O objetivo era se unir para pleitear junto à CBF e à TV Globo um aumento nas receitas vindas do Brasileirão. Após conquistar o título, o Atlético-MG se uniu a eles e, por conta da visibilidade e força nos bastidores, foi alçado a uma espécie de líder. É o maior ponto de desacordo sobre a Libra. Segundo o LANCE! apurou, o grupo desaprovou a proposta dos paulistas para divisão da grana na nova associação (veja mais abaixo), mas ficou rachado após a reunião de terça. Alguns, como o Athletico, querem novos termos na próxima quinta. Outros, como Cuiabá e Goiás, estão propensos a assinar. A reportagem levantou que em reunião na capital paulista pouco após o encontro com os fundadores, o grupo decidiu que cada membro é livre para decidir se assina ou não. Não haverá decisão em bloco, apesar da divulgação de uma nota conjunta na quarta-feira (4).

Moderadores
(Botafogo e Internacional)


São os dois entusiastas de uma nova Liga que não aprovaram totalmente a Libra neste seu início. Mesmo assim, atuam como conciliadores entre a turma do Futebol Forte e os fundadores. No caso do Botafogo, há queixas internas sobre a divisão de renda e a falta de protagonismo. Esse último é o mesmo desejo do Inter, que não gostou de não ter sido procurado pelos fundadores antes do acordo com o CSK ser fechado. Ambos tinham certa preferência por um acordo com a LaLiga (veja mais abaixo).

À espera da SAF
(Vasco, Chapecoense e Bahia)


Próximos ou com projetos de acertarem a venda de seus departamentos de futebol a terceiros, o trio se mantém distante das negociações da Libra. No caso dos cariocas, o presidente Jorge Salgado revelou que mantém informada a 777, provável responsável dona do clube no segundo semestre, sobre os passos dados e não age sem consultá-la. 

O alheio
(Fluminense)


Inicialmente convidado pelo Flamengo a integrar o grupo de fundadores, o Flu recuou. Chamado para integrar o Futebol Forte, também declinou. A postura do presidente Mário Bittencourt até o momento é de neutralidade excessiva na visão dos dirigentes colegas. O que se sabe é que o Tricolor não concorda com a divisão de rendas sugerida pelos paulistas e o rival rubro-negro. Mas também não endossa a proposta dos emergentes. Oficialmente a postura é a de esperar. Pode ser um ponto de oposição na próxima quinta.

Rebeldes
(Guarani, Vila Nova, CSA e CRB)


A postura da Federação Paulista de Futebol é de se alinhar pela criação da Liga, até por motivos políticos. mas o Guarani não vem se alinhando com os colegas de Estado. Oficialmente o clube quer verbas maiores para os participantes da Série B. Mesma postura dos alagoanos e do goiano, que decidiram não fechar acordo com nenhum dos grupos dissidentes pelo mesmo motivo.

Indiferentes
(Grêmio, Sport e Náutico)


Com crises políticas internas e buscando uma reestruturação, o trio não assumiu um papel de protagonismo na Libra e tampouco quis ouvir os divergentes. Se a Liga sair, assinam, seja qual for os termos. 

O DINHEIRO

Sem expor valores ou previsões de fontes dessas receitas, o grupo CSK projeta arrecadações superiores a R$ 1 bilhão à Libra. Uma parte significativa do aumento de receitas viria da venda de direitos do Brasileirão para o exterior. Encantou o grupo dos fundadores as projeções de que o torneio do Brasil tem potencial para se igualar pelo menos à francesa Ligue One, algo que o Grupo de Investimentos XP, que conseguiu atrair o interessa da espanhola LaLIga, também já desenhava.

XP e LaLIga chegaram a se reunir com os clubes em março para apresentar uma proposta. Mas os paulistas já estavam fechados com a CSK e o Banco BTG. O Fla assinou depois. Ao L!, um dirigente revelou que financeiramente ambas eram parecidas. E que não atraiu parte do grupo a aproximação com uma liga europeia por não saber claramente quais seriam seus interesses no mercado brasileiro. 

A DIVERGÊNCIA

O estatuto assinado pelos paulistas e o Fla prevê a divisão de 40% da receita dividida igualmente entre todos os participantes da competição, 30% de variável por performance e 30% por engajamento.

O Futebol Forte quer uma cópia da divisão adotada na Premier League, da Inglaterra: 50% divididos igualmente, 25% por performance e 25% da receita nos critérios de engajamento, que poderia ser rediscutida adiante.

Há discordância também quando se trata da Série B. No estatuto dos fundadores há cláusulas que repassam de 15% a 20% do total arrecadado para a competição, isso em caso de queda de grandes. Os clubes da segunda divisão, contudo, querem 25% do bolo e parte do total ganho com direitos de TV.

PRÓXIMOS PASSOS

Os fundadores querem aproveitar a reunião de quinta para tratar do repasse da organização das séries A e B para a Libra. Nos planos dos dirigentes, esse movimento pode ser iniciado já na próxima temporada, apesar de alguns clubes ainda terem contratos em andamento com a Globo. Oficialmente, a entidade máxima do futebol brasileiro aceita o acordo, desde que seja após o fim de alguns acordos em andamento, como transmissão para o exterior e internet, e que ela mantenha as rédeas quanto ao calendário, arbitragem, antidopagem e taxas administrativas das bilheterias dos jogos. Também exige unanimidade dos clubes.

São pontos que exigirão jogo de cintura dos paulistas e Flamengo. Isso porque entre os planos previstos no estatuto assinado, está a profissionalização da arbitragem, autonomia no calendário das competições (que pode durar o ano todo, mesmo com os estaduais) e fim das taxas pagas às federações (motivo pelo qual entidades como as federações Carioca, Mineira e Gaúcha não apoiam o movimento como a Paulista).

Sobre a adesão, pelas contas dos fundadores, segundo a reportagem apurou, há uma tendência de pelo menos mais 16 assinaturas certas na próxima quinta, quando o grupo passará, então, a decidir eventuais lideranças e contratará escritórios de advocacia e marketing para criação de instrumentos jurídicos para assinatura de contratos e criará logos e afins. Um dos pontos levantados pelos fundadores e cuja concordância foi unânime é a de que deverá ser contratado um CEO da iniciativa privada, sem ligação com o futebol, para comandar as ações e ser o porta-voz.