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Reforços a rodo, dança das cadeiras e comprometimento: os motivos do rebaixamento do Botafogo

Com seis treinadores diferentes no comando da equipe durante o ano, 25 reforços e problemas extracampo, Alvinegro seguiu a "cartilha da segunda divisão"

Jogadores do Botafogo lamentam derrota (Foto: Nayra Halm/Fotoarena/Lancepress!)
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Pouco dinheiro, dificuldade para encontrar novas fontes de renda e contratos antigos que acumularam uma gigante bola de neve de problemas. Os fatores negativos do Botafogo já eram conhecidos, mas não foram os únicos responsáveis pelo rebaixamento do clube para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, confirmado na última sexta-feira após derrota para o Sport no Estádio Nilton Santos.

Com seguidos anos ruins e administrações que apresentavam mais dúvidas do que respostas, o rebaixamento parecia questão de tempo. Chegou. E o clube de General Severiano caiu na 34ª rodada, com apenas 24 pontos. O LANCE! lista alguns dos motivos que ajudam a explicar a queda do Glorioso.

QUEDA DE BRUNO LAZARONI
O estopim para o terceiro rebaixamento da história do clube. Bruno Lazaroni, que havia assumido o lugar de Paulo Autuori, estava com um aproveitamento positivo no comando do Botafogo, mas, mesmo assim, foi demitido após uma derrota para o Cuiabá, no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, no Estádio Nilton Santos.

A diretoria, contando com o dinheiro de uma possível classificação, quis dar uma rápida resposta para a torcida e procurar um substituto para tentar buscar a vaga. Resumo da ópera: em uma semana, os dirigentes não encontraram um nome e Flávio Tênius, preparador de goleiros, comandou a equipe de forma interina. Botafogo eliminado após um empate sem gols no Mato Grosso.

A partir de então, a diretoria buscou dar respostas imediatas para fatores que nunca apareciam. A equipe, é claro, sentiu o baque de perder mais um técnico em um momento decisivo da temporada. À época, Carlos Augusto Montenegro, ex-presidente e membro do Comitê de Futebol, criticou as escolhas de Lazaroni na relação da escalação do time.

Mesmo com a demissão, Lazaroni, com história no clube, havia sido chamado para continuar como auxiliar técnico e aceitado a função. Após as declarações de Montenegro, contudo, o profissional desistiu e pediu o desligamento imediato do clube. Desde então, o Alvinegro conquistou uma vitória em toda a temporada, diante do Coritiba.

Bruno Lazaroni teve apenas seis jogos (Foto: Vítor Silva/Botafogo)

TROCAS DE TREINADORES
O tópico envolvendo Bruno Lazaroni poderia estar incluído neste, mas, por representar uma troca marcante, teve um espaço próprio. Não apenas com o filho de Sebastião Lazaroni, mas o Botafogo conviveu com uma dança das cadeiras envolvendo treinadores e, consequentemente, diferentes estilos de jogo durante a temporada.

Oficialmente, o Alvinegro teve cinco treinadores em 2020/21. Começou a temporada com Alberto Valentim, que já chegava com desconfiança por conta da reta final ruim em 2019. Após duas semanas de pré-temporada, o técnico foi demitido ainda na Taça Guanabara, primeiro turno do Campeonato Carioca.

Depois, foi a vez de Paulo Autuori assumir. Campeão brasileiro em 1995, ele tinha a confiança da diretoria e foi o treinador que mais durou no cargo na era Nelson Mufarrej como presidente do Alvinegro. Aos poucos, contudo, o técnico ficou esgotado com os muitos empates e a questão envolvendo as regras envolvendo o futebol brasileiro e o desligamento foi um consenso entre profissional e diretoria.

Após a passagem de Bruno Lazaroni e a experiência de Flávio Tênius como interino, o Botafogo contratou Ramón Díaz, o nono estrangeiro a comandar o Alvinegro. O argentino, contudo, jamais chegou a entrar em campo com o time: com um problema de saúde, realizou uma cirurgia no Paraguai, teve que passar por um repouso e o clube, sem paciência, optou pela demissão. Emiliano Díaz, filho e auxiliar, comandou a equipe em quatro jogos, com quatro derrotas.

Eduardo Barroca, então, chegava para tentar fazer um milagre. Já na reta final do Brasileirão e com o Botafogo na zona de rebaixamento, o treinador não conseguiu completar a missão: com um aproveitamento ruim, o Alvinegro foi o clube campeão brasileiro a ser rebaixado de forma mais precoce, na 34ª rodada.

Alberto Valentim: 3 vitórias, 1 empate e 3 derrotas
Paulo Autuori: 6 vitórias, 13 empates e 2 derrotas
Bruno Lazaroni: 2 vitórias, 2 empates e 2 derrotas
Ramón Díaz: 0 vitórias, 0 empates e 3 derrotas
Eduardo Barroca: 1 vitória, 1 empate e 9 derrotas

Honda e Kalou: da esperança à decepção (Foto: Vítor Silva/Botafogo)

CONTRATAÇÕES E MAIS CONTRATAÇÕES
O Botafogo contratou 49 jogadores na gestão Nelson Mufarrej, que durou três anos. Vinte e cinco destes atletas chegaram em 2020, o que representa mais da metade do total. Muitos, inclusive, nem terminaram a temporada vestindo a camisa preta e branca.

A chegada sem critério de jogadores encheu o elenco e inflou a folha mensal de pagamento. Mesmo com tantas contratações, o icônico é que o Alvinegro jogou as últimas partidas do Brasileirão com um time formado por atletas criados nas categorias de base.

Para a próxima temporada, a tendência é que haja uma "barca" e alguns desses jogadores deixem o clube. O Botafogo busca acordos para liberar os atletas com os maiores salários do elenco. A ordem da vez é buscar jogadores com bom custo-benefício e valorizar as categorias de base.

CONTRATAÇÕES DO BOTAFOGO EM 2021
Zagueiros: Ruan Renato (deixou o clube) e Rafael Forster
Laterais-direitos: Barrandeguy, Kevin e Gustavo Cascardo
Laterais-esquerdos: Guilherme Santos, Danilo Barcelos (deixou o clube) e Victor Luís
Volantes: Thiaguinho (deixou o clube), Luiz Otávio, Carlos Rentería (afastado) e José Welison
Meio-campistas: Bruno Nazário, Keisuke Honda (deixou o clube). Gabriel Cortez (deixou o clube), Éber Bessa (deixou o clube) e Cesinha
Atacantes: Alexander Lecaros, Pedro Raul, Warley, Matheus Babi, Salomon Kalou, Davi Araújo, Kelvin (afastado) e Iván Angulo

Antigo Comitê de Futebol (Foto: Sergio Santana / LANCE!)

ESPERANÇA PELA S/A
Boa parte da temporada do Botafogo foi moldada pelo projeto de clube-empresa, que prometia profissionalizar o departamento de futebol do clube. Entre prazos e mais prazos, o tempo passou e os investidores nunca chegaram. O ambiente criado em torno de uma possível S/A atrapalhou o clube, que fez movimentos pensando que o projeto sairia do papel.

O primeiro plano da S/A, que contemplaria apenas investidores e torcedores botafoguenses, não deu certo. A diretoria não conseguiu dinheiro suficiente para começar a negociar as dívidas de curto prazo com os credores. Iniciou-se um plano B, com um mercado aberto para capital externo.

O projeto ainda existe, mas a verdade é que o 2020 do Botafogo foi pautado na esperança de que o clube-empresa seria colocado em prática. Sem sair do papel, os dirigentes tiveram que arrumar novas maneiras de conseguir dinheiro.

ÁUDIOS VAZADOS
Em certo momento, os dirigentes foram mais protagonistas e apareceram mais do que os próprios jogadores do Botafogo. Um desses casos aconteceu com Carlos Augusto Montenegro que afirmou, após uma derrota para o Vasco no Campeonato Brasileiro, que o Alvinegro é o "maior freguês do Cruz-Maltino".

Outro caso emblemático envolveu Ricardo Rotenberg, ex-VP Geral e Marketing e que também fazia parte do Comitê Executivo de Futebol. O dirigente afirmou, após a contratação de Kelvin, que "não tinha problema" se não atacante, afastado pela diretoria antes de o contrato acabar, não desse certo.

Os áudios, é claro, foram compartilhados com frequência, chegaram ao dia a dia do Botafogo e tiveram influência no ambiente.

Equipe do Botafogo (Foto: Vítor Silva/Botafogo)

FALTA DE COMPROMETIMENTO
O Botafogo fechou o Campeonato Brasileiro com um time repleto de garotos. Internamente, a visão é de que muitos jogadores não assumiram a responsabilidade necessária para o momento que o clube vive e, ao longo da temporada, não mostraram comprometimento para com o Glorioso.

Entende-se que muitos atletas não sentiram o momento e agiram como se nada tivesse acontecido. Por isto, a decisão foi de colocar, em massa, garotos criados nas categorias de base. Os jogadores se acostumaram a perder e isto era refletido dentro de campo: a equipe entrava em campo sem competir.

Os dirigentes também sofreram com problemas envolvendo atrasos de jogadores a treinamentos. Eduardo Freeland, novo diretor de futebol, ao lado da gestão que assumiu em janeiro, resolveu punir os atletas que descumpriram o horário do treinamento, deixando cinco jogadores de fora da partida contra o Palmeiras, na última terça-feira.

Já era tarde, contudo. O Botafogo, há muito tempo, vem seguindo a "cartilha do rebaixamento" e a queda para a segunda divisão era uma questão de tempo. A palavra da vez é reconstrução para tentar retornar à elite em 2021.