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Jefferson, o tempo e o filho que não tenho

Repórter do LANCE! escreve crônica sobre a carreira do goleiro do Botafogo, que anunciou a aposentadoria para o fim desta temporada. Camisa 1 é o maior ídolo recente do clube

(Foto: Paulo Sergio/Lancepress!)
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Oi, tudo bem? Por aqui são 2h02 da madrugada. Tô no meu horário, mas é o dia de ontem que me faz escrever.

É que ontem, cara, eu vi o tempo passar. Provavelmente, quando você entender essas palavras terá seus dez, 15 anos, e eu já terei bem mais que as quase três décadas de hoje.

Ontem, dia 29 de janeiro, o Jefferson disse que vai parar. Foi num programa de tv, o papo chegou num ponto tal e ele cuspiu que estava chegando a hora. Ele falou uns troços de foco, de cabeça... mas é o tempo. Ele é implacável.

O tempo chegou, pediu outras coisas pro sujeito e ele, sem perceber, me fez pensar no tal do tempo também.

Fez pensar no tempo em que ele era um garoto e venceu. Fez pensar no tempo em que ele era garoto e errou feio. No tempo em que ele se mudou e venceu, e venceu e venceu.

Do lado de cá, a gente que gosta de bola acompanha as histórias dos personagens e cria empatia por um ou por outro, mesmo a milhas de distância.

Aquilo me fez pensar no meu tempo também. No tempo que dediquei a algumas coisas e não a outras. No tempo em que a minha irmã - a sua tia - era viva, e o que eu podia ter vivido a mais com ela.

Você pode estar achando meio exagerado, mas quando ele falou em parar de dar alegria para o grande público, ele disse também que precisava dar atenção - precisava dar mais tempo - aos mais próximos. À família. Aos amigos.

E olha que é um cara bem de grana. Um cara que poderia muito mais do que já tem e fez na profissão. Mas ele ouviu o tempo.

Pro Jefferson já deu de bola, luva, chute, pulo, treino, jogo, vitória, derrota, cair, levantar. Em todos os sentidos.

O tempo viu ele cair longe de casa e se levantar em casa.

O tempo viu o Jefferson segurar barras que não precisava.

O tempo fez ele ser coadjuvante várias vezes em que o mérito era de protagonista.

O tempo maltratou o Jefferson. Imagina você: o que você mais gosta de fazer? Tenta ficar mais de um ano sem. Imaginou? Eu não consigo me imaginar. Mas ele se recuperou da lesão e voltou como herói.

Talvez ele não tenha acertado nas escolhas, nas decisões que tomou algumas vezes. Só que isso é o próprio tempo quem há de dizer.

O Jefferson é aquele cara que pegou pênalti do Messi! É, do Messi. O cara fazia cada defesa... todo mundo sabia o tamanho do problema que era enfrentá-lo. Torcedores de todos os times queriam tê-lo.

Esse mesmo tempo vai botar este camisa 1 num lugar bem nobre da história, você vai ver. Aliás, você já deve saber.

Mas qualquer hora eu te levo pra gente tomar um café com ele.

*Felippe Rocha é setorista do Botafogo desde janeiro de 2016.