Barreira do Gigante

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Urna 7, a discórdia: processo eleitoral do Vasco não tem data para acabar

LANCE! destrincha caminhos da polêmica votação da última terça-feira. Com a urna em separada, Eurico Miranda foi o vencedor. Sem ela, a vitória ficou com Julio Brant

J RICARDO/ AGENCIA FREELANCER
Escrito por

Não é de hoje que uma urna em uma eleição no Vasco causa discórdia. Praticamente em todos os pleitos do Conselho Deliberativo do clube - a escolha do presidente cruz-maltino é indireta -, a Justiça é acionada para resolver alguma questão, seja da situação ou da oposição. A desta semana caminha para este rumo com a discórdia da urna 7. O atual processo eleitoral do clube, que começou na última terça-feira, não tem prazo para acabar.

A ação que resultou na separação da urna 7 na votação do Vasco nesta semana foi impetrada pelo advogado Felipe Carregal para Fernando Horta, então candidato no pleito, mas que no meio da votação retirou a candidatura em apoio a Julio Brant. Foi elaborada por eles uma lista com 691 sócios com suspeita de irregularidades. A juiza Maria Cecília Pinto Gonçalves, da 52ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio, acatou e deu uma liminar para a votação destes sócios em separado.

Estes 691 nomes são referentes a sócios que entraram no quadro social do Vasco entre os meses de novembro e dezembro de 2015. Membros da oposição reclamam de não haver comprovação de pagamento desses sócios, levando até em consideração o balanço fiscal do clube. Os sócios sob suspeita na decisão da juiza entrariam na contagem somente depois de apurados por completo.

O resultado final da eleição do Vasco com as sete urnas apuradas foi de Eurico Miranda vencedor com 2111 votos, enquanto Julio Brant teve 1975 votos. Sem a urna 7, Julio Brant venceria com 1935 votos, e o atual mandatário cruz-maltino ficaria com 1683 votos. O Vasco proclamou o resultado com a urna 7, o que não deveria ter sido feito nos olhares da equipe jurídica de Julio Brant.

- O que tenho reforçado bastante é que na opinião da nossa chapa teve um flagrante desrespeito a decisão judicial na medida que a urna 7 não poderia ter sido totalizada junto a outras urnas para o resultado final e muito menos declarado o resultado da eleição - afirmou ao LANCE! o advogado Renato Brito Neto, da chapa de Julio Brant.

Pelas redes sociais, os torcedores do Vasco vem fazendo campanha com a hashtag #AnulaUrna7. Esta decisão em caráter definitivo, porém, deve demorar. Neste ano, a possibilidade existente é para uma liminar antes de 19 de dezembro, quando o Judiciário entra em recesso - e retorna somente em 20 de janeiro de 2018, após a troca de gestão do Vasco dois dias antes. Na última eleição com intervenção judicial, em 2006, o resultado final saiu apenas em 2008.

- É difícil afirmar quanto tempo irá demorar porque o Fórum fecha em 19 de dezembro para o recesso forense. Mas aí tem medidas de plantão. Se tiver uma liminar, aí pode ser que saia antes de 19 de dezembro. O Vasco não merece isso. Mas risco tem de demorar o resultado igual 2006 - disse Brito Neto.

O advogado ainda explicou as diferenças do caso atual com o de 2006, quando também teve uma urna em separado que no transitado em julgado se constatou irregularidade. Entretanto, naquela época o pleito foi anulado e feito novamente em 2008. No hiato entre os períodos, Eurico Miranda seguiu como presidente, saindo depois para Roberto Dinamite. 

- Tem algumas diferenças o caso de hoje com o de 2006. Em 2006 teve um episódio definitivo que foi uma revelia que o Vasco tomou em uma ação. O clube teve um prazo para se defender e aí o juiz acabou homologando o laudo que apontou as irregularidades e anulou a eleição. No caso desse ano tem uma diferença que é a seguinte. Na ação do Horta teve uma liminar deferida para os sócios votarem em separado. Além disso, na nossa opinião, essa liminar também determinava que os votos fossem contados e não contabilizados, o que não ocorreu. O termo de apuração fez o somatório da urna 7 com as demais e depois declararam o resultado da eleição. O que também desrespeita a ação.

Julio Brant tinha uma viagem marcada para fora do Brasil na última quarta-feira à noite, onde voltaria sábado, mas cancelou devido a prioridade de foco nestes próximos passos. Na próxima semana a equipe jurídica da chapa deve definir os próximos passos para o caso. Uma possibilidade é a de Brant entrar na ação de Fernando Horta como terceiro interessado. Renato Brito Neto ainda lembrou de outras duas ações que correm na Justiça sobre a eleição do Vasco neste ano que também ajudarão na solução definitiva da polêmica, norteando o processo eleitoral até o transitado em julgado.

- O Julio poderia entrar como terceiro interessado que é uma forma de intervenção na própria ação e além disso há outras duas ações em juízo. Uma que eu sou o titular, que é essa da perícia do HD que está suspenso por um mandado de segurança que o Vasco conseguiu e ele será julgado na terça-feira às 13h. E além dessa tem a do Juizado do Torcedor que teve o acordo e o Vasco tem que apresentar em cinco dias as listas pedidas - falou para completar:

- Essas três ações que devem nortear o processo eleitoral daqui pra frente. É óbvio que podem ser ajuizadas novas ações, tanto quanto o Julio como o Campello, mas isso ainda não está definido. A oposição irá lutar até o fim para que isso tudo seja apurado. Se chegar no final e de fato não tiver sócio irregular, aí faz parte, o judiciário vai definir.

Na madrugada de quarta-feira, após o fim da apuração em São Januário, policiais militares levaram a urna 7 lacrada para ser entregue em juízo e a perícia iniciar - o que deve acontecer até esta sexta-feira. A magistrada deste caso determinou urgência, o que deve fazer com que o término da perícia não demore.

- O principal passo seguinte é a urna que já está em juízo e o perito analisará os votos, apurará o cadastro, terá a perícia no sistema do Vasco, se o dinheiro entrou ou não, funcionários do Vasco aparentemente no quadro de sócios, sem CPF, mesmo telefone e endereço, isso tudo o perito irá apurar iniciando ainda esta semana já que a juíza determinou urgência e acredito que não vai demorar. Alguma medida tem de ser tomada pela declaração de resultado da eleição. Na opinião da Sempre Vasco isso descumpre totalmente a decisão judicial - comentou o advogado.

Ainda no dia da eleição, Eurico Miranda falou a sua versão e disse não ver risco em impugnação dos votos da urna 7. Vale destacar que como o voto é secreto, caso em sua decisão a juíza veja que teve ao menos uma irregularidade, todos os votos da urna serão descartados e passaria a valer a soma das seis urnas, o que faria Julio Brant vencer - não ocorreria uma nova eleição, como o caso 2006/2008.

- Não sei nem o que vão impugnar. Não sei. Vão impugnar os votos baseado em quê? Os votos estão na urna. O resultado está aí. Estão procurando pelo em casca de ovo. Vou continuar reconstruindo o Vasco. O resultado está aí. Não vejo risco algum. Ser anulado por quê? O sócio vem, vota e depois tem voto anulado? O resultado está proclamado - declarou Eurico Miranda.

Até o fim deste processo eleitoral do Vasco, muita coisa ainda vai acontecer.