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Matheus Guimarães
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 17/06/2025
07:00
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Ame ou odeie. Essa é a sina de um indivíduo, de 22 anos, fanático pelo clube. Polêmico nas redes sociais e conhecido na "VasTT" (ciclo de vascaínos nas redes sociais), Krav Maroja tem a personalidade "ser Vasco" e foi o cruz-maltino escolhido pelo Lance! para o especial sobre torcedores. Confira a entrevista completa no player acima.

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Krav se considera uma 'representação emocionada' do que é viver o Vasco (Foto: Matheus Guimarães/Lance!)

"O Vasco é muito mais do que tudo para mim e está acima da minha própria vida". Dizem que o amor é cego. E justamente é dessa forma que a paixão pelo clube está no coração de Krav.

- Sou uma representação emocionada do que é viver o Vasco. Uma representação em vida do que pode ser o Vasco. Não tenho mais uma personalidade. Minha personalidade vai variando de acordo com o Vasco, tanto para o ruim quanto para o bom. Quando está na fase boa, o que é mais raridade ultimamente, emenda qualquer tipo de vitória e eu sou o mais emocionado possível para o bom. Acontece o mesmo quando a gente está em má fase. Vai de acordo com o Vasco - definiu Krav.

Krav vive o Vasco desde cedo. No entanto, o torcedor não sabe de onde surgiu a paixão, uma vez que não foi influenciado pelos familiares. A mãe não gosta de futebol, enquanto a irmã torcer para o rival, o Flamengo.

- Ninguém sabe. Minha mãe odeia futebol completamente. Ninguém sabe de onde veio. Minha irmã torcendo para o rival, porque na escola, quando você não tem time e seus amigos torcem para o rival acaba influenciando. Ninguém sabe de onde veio a minha paixão pelo Vasco. Todo mundo sabe que lá para os meus 9, 10 anos ou um pouco antes eu já era obcecado, fanático, minha personalidade já era Vasco, já vivia disso. Tudo o que aconteceu na minha vida já era esperado. Já esperava que eu fosse voltar para o Rio e ficar aqui para sempre, porque não conseguia ficar longe. Mesmo sendo único vascaíno do meu convívio - contou o torcedor do Vasco.

🎥 VEJA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA NO PLAYER ACIMA 🎥

Krav acredita em títulos do Vasco em 2025 (Foto: Matheus Guimarães/Lance!)

Confira a entrevista com Krav Maroja, torcedor do Vasco, na íntegra:

TORCEDOR OFF-RIO
- Fui morar em Vitória em 2017. Era menor de idade. Tenho 22 anos, mas na época tinha 15. Não conseguia ficar longe. Comecei a pesquisar excursões de jogo do Vasco. Tinham muitas excursões por lá, porque Vitória tem muito vascaíno. Ia sempre mesmo menor de idade pelo menos uma ou duas vezes por mês. São Januário ou Maraca. Ia sozinho. Era bem tranquilo ir em excursão. Nunca deixei de frequentar mesmo sendo menor de idade. Não importa a fase, eu sempre estava lá.

MAIOR LOUCURA PELO VASCO
- Uma das maiores loucuras que eu fiz foi sendo menor de idade. Em 2019, foi um ano bem controverso pelo o que aconteceu com o rival naquele ano. Mas no início do ano ninguém imaginava o que fosse acontecer. O Vasco foi para a final do Carioca e acabamos perdendo o primeiro jogo por 2 a 0. Como já sabia que no primeiro jogo poderia ser complicado, eu comprei ingresso para o segundo jogo antes do primeiro. Eu já comprei e falei: "não importa o que aconteça, não vai ter como recusar essa viagem". Comprei o ingresso e o Vasco perdeu por 2 a 0. A final era no Maracanã contra eles e eu já imaginava que seria um dos poucos vascaínos que iriam, mas sabia que tinha que estar lá. Caso houvesse uma vitória, eu iria me arrepender o resto da minha vida por não estar lá. Sempre fui do jeito que vai estar para apoiar. Sou dessa forma de torcer. Comprei a excursão. O jogo era num domingo, chegou no sábado a noite e eu perguntei a ele (dono da excursão) se estava tudo certo. Ele me respondeu que a excursão era para ser mista, que sempre faziam quando era Vasco e Flamengo. Só que dessa vez, como a torcida do Vasco não compareceu, eu era o único vascaíno que iria. Não dava para eu comprar passagem aérea, porque estaria muito caro. Não tem ônibus para a final e eu teria que ir com eles. O dono da excursão falou para não ir de camisa do Vasco e ir neutro. Chegou em cima da hora e a minha mãe perguntou se eu ia vestido com casaco, short, cordão e camisa do Vasco e fui para o ônibus que só tinha flamenguista. Fui xingado a viagem toda. 10 horas de viagem sendo xingado. O planejamento da excursão era passar na Gávea e passar em São Januário. De última hora falaram que ficaria na Gávea. Desci lá. Quando cheguei já falaram que eu ia apanhar se eu ficasse lá com a camisa do Vasco. Apesar de novo, eu não era tão novo para não apanhar. Me deram uma camisa do Flamengo para ficar lá e eu recusei. Peguei um Uber e fui para São Januário. E foi nesse momento que eu vi que nada na minha vida ia se equiparar ao sentimento que eu tenho pelo Vasco. Nada. Pode falar qualquer coisa na minha vida que não chega perto. Família, animal, namorada, o que for. Não chega perto do Vasco.

- Cheguei no Maraca e pararam atrás da ponte. Faltavam duas ou três horas para o jogo. Fui atravessar a ponte sozinho com a camisa do Vasco. Quando estou na metade, ouço um barulho bem grande atrás de mim. A Raça Fla inteira passando atrás de mim. Eu pensei que ia morrer. Já imaginava que não íamos virar esse jogo, mas estava lá pelo sentimento.

"EU SOU VASCAÍNO"
- Eu sou mais conhecido pelo Twitter. Na época era bem bolha. Todo mundo se conhecia. Comecei a usar lá para 2018. Todo mundo que é mais conhecido no mundo do Vasco era mais próximo e estava sempre junto. Por eu sempre polemizar e ser emocionado, eu era sempre denunciado pelos rivais e a minha conta sempre caía. Parou de cair com o verificado. Chegou um momento que eu desisti, mas estava em vários grupos de WhatsApp de Vasco e o pessoal queria falar comigo. Cansei de responder em grupo e só mandava "eu sou vascaíno". Quando eu não respondia e falavam de mim, mandavam "eu sou vascaíno". Todo mundo fazia isso. Pensei: "po, pegou o bordão". Comecei a brincar com isso sempre. Eu fazia a mesma coisa do WhatsApp no Twitter. Uma página de fofoca postava que a Virgínia terminou com o Zé Felipe e eu comentava "eu sou vascaíno". Não tinha o que fazer e comentava. Foi uma estratégia proposital, mas não imaginava que fosse tomar essa proporção. Eu queria ser o cara chato, que irritava todo mundo comentando "eu sou vascaíno". Quando o Vasco postou, eu me lembro que a gente estava no campeonato que jogamos contra o Inter Miami. Eu não acreditei. Eu sabia que tinha sido por causa de mim. Na época estava no auge. Eu fiquei maluco. O Vasco até respondeu um comentário falando que foi por causa disso. É muito grande. Eu era um "cltzinho" qualquer que estava trabalhando, morando em Vitória e significou muita coisa. O Vasco é muito mais do que tudo para mim e está acima da minha própria vida.

CANAL "EU SOU VASCAÍNO"
- Canal "Eu sou vascaíno" está completando 1 ano. É muito pouco. Têm canais muito bons, mas eu achava que faltava conteúdo. Faltava um que englobasse tudo. Queria buscar algo sobre análise e tinha que buscar de outro canais. Não gosto de ver as pessoas falando de Vasco como se entendessem alguma coisa. Eu queria algo para todo mundo consumir Vasco 24 horas e não ficar aquela coisa massiva. O projeto "Eu sou vascaíno" está 5% do que vai ser. A torcida já conhece, mas não chegou na metade do que eu quero. Vai ser o canal mais completo do país.

"SOU VASCAÍNO" NA CAMISA DO VASCO
- Eu sei que pensaram por minha causa, mas não vão admitir. É uma coisa que ficou grande e o Vasco nunca utilizou essa frase. Antigamente usavam "sou Vasco", por causa do Cazé. É forte demais. Eu vou comprar essa camisa ainda.

GERAÇÕES DIFERENTES DE TORCEDORES
- O que mais me magoa não é ver o Botafogo, Fluminense e o Flamengo ganharem. É que todo mundo tenta buscar alguém para culpar. Quando todo mundo sabe quem são os culpados. O que mais me magoa é torcedor brigando com torcedor. Você não vê isso acontecer em time que está ganhando. Eu costumo ser otimista propositalmente e coloco na minha cabeça que vai dar certo. Senão não faz mais sentido eu torcer se acreditar que vai dar errado. Não é difícil me iludir, é bem fácil. Isso é o que me pega: ver que nos momentos ruins, como em 2019, a torcida fica um contra o outro. isso é o que mais pega para mim: não só ver os rivais ganhando, mas ver eles ganhando, ver que a torcida briga entre si e os culpados vão passando. Eu começo a me questionar se eu não vou viver isso. Se eu vivo em função disso, se a minha vida é isso, eu me questionar se eu vou viver isso me pega. Meu maior sonho de vida é fazer o que eu fiz ano passado: ver uma campanha de título do Vasco acompanhando todos os jogos.

TEM ESPERANÇA DE QUE PODE ACONTECER?
- Eu acreditei muito ano passado. Estava convicto que a gente seria campeão. O baque foi muito grande para mim. Outros torcedores até pensaram que era bom porque a gente ia focar em não cair. Isso para mim é ridículo. Nesse ano eu acho que a gente ainda será feliz.

MAIOR ÍDOLO E JOGADOR QUE TEM MAIS CARINHO
- Roberto. Admiração? Tem um cara que eu tive como ídolo, mas não sei se é quem eu mais admiro. Primeiro ídolo que eu tive no Vasco era o Fernando Prass. Eu era apaixonado nele. Fui para São Januário uma vez e fizeram uma coisa entre eu e o Prass, que ele me entregou uma camisa autografada. Fui no vestiário. Saí com ele. Encontrei com ele no Hotzone. Era fanático pelo Fernando Prass. Admirar que eu viu? O Juninho Pernambucano.

DINIZ
- A forma que eu vejo futebol é diferente da que o Diniz vê. O Diniz é apaixonado pelo futebol. Ele vive de futebol. Eu não sou apaixonado pelo futebol, eu sou apaixonado pelo Vasco. Acho ele uma excelente pessoa e torço muito que ele dê certo no Vasco. Mas como eu falei: sou uma pessoa que busca se iludir sempre. Quando ele fez 3 a 0 contra o Fortaleza, fiquei 100% dinizista. Já falei que a gente seria campeão de tudo, coloquei na minha cabeça que ia ser e ele ia fazer a reviravolta no Vasco. De vitória teve contra o Fortaleza. Contra o Melgar eu acho que jogou mal. Enfim, torço para que dê certo e estou esperando que ele me dê uma vitória agora no Morumbi para me iludir.

VIRADA DE CHAVE?
- Só me resta acreditar. Meu racional não acredita muito não. Mas como só me resta acreditar, eu estou confiante que ele vai ter tempo. Se não fizer nessa pausa para o Mundial, não vai ter (virada de chave). O momento é agora. Não só para ele, porque ele precisa de jogadores. O Vasco precisa contratar. Não dá para colocar tudo no colo do Diniz. Não é assim também. O Vaco sabe que precisa contratar e os próprios dirigentes falaram que precisa. É nítido. A gente está vivo na Copa do Brasil, na Sul-Americana e todo mundo sabe que o Vasco não vai disputar o título do Brasileiro. Minha esperança é ser campeão de alguma Copa para começar a renovar o time e melhorar. Em 2023, não caímos. 2024 fomos para a Sul-Americana, semifinal de Copa do Brasil. Tem que continuar avançando sempre e não pode parar. Não estou tão confiante, mas acredito.

ONDE O VASCO PODE CHEGAR EM 2025?
- Campeão da Sul-Americana e da Copa do Brasil. Depende do chaveamento também. Mas hoje, acredito já está nas quartas da Copa do Brasil. Não vamos perder para o CSA, porque temos São Januário. O Del Valle já é um pouco mais complicado, mas acredito que se passar dele, já passa do Mushuc Runa e estamos nas quartas da Sul-Americana. Se pegar um time forte na Sul-Americana, na Copa do Brasil e o momento for difícil no Brasileiro, vamos cair em alguma das Copas. Mas seremos campeões da outra. Podemos chegar. Podemos ser campeões das duas, mas talvez se der problema, acredito que seja uma das duas.

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