Técnico do Vasco, Fernando Diniz não ficou satisfeito com a atuação da equipe na derrota por 3 a 1 para o Juventude neste sábado (8), em São Januário, pela 33ª rodada do Brasileirão. Em entrevista coletiva após a partida, o treinador cruz-maltino analisou o desempenho e lamentou o resultado, admitindo queda de rendimento ao sofrer o empate e atribuindo os gols do adversário a falhas individuais.

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— A gente tem que ficar triste porque o torcedor do Vasco não merece isso. Ele muito merece mais, essa é a maior tristeza. Agora, o futebol é assim, tudo acontece muito rápido. Estamos falando de uma semana. Ao mesmo tempo, não dá para achar que está tudo arrasado por uma semana com três jogos, e eles foram bem diferentes entre si. Contra o São Paulo, jogamos bem na maior parte do tempo, mas precisávamos vencer. Não adianta só jogar bem, é preciso traduzir em vitória, e não conseguimos. Contra o Botafogo, fomos muito mal. Foi uma partida em que erramos quase tudo, faltou muita coisa — iniciou Diniz.

— Hoje jogamos bem até tomarmos o primeiro gol, aos 37 minutos do primeiro tempo. O time estava bem, tinha feito um gol, poderia ter feito o segundo e o terceiro, não estava cedendo nada ao Juventude. Mas aí tomamos um gol e, poucos minutos depois, o segundo. Duas falhas, dois gols totalmente evitáveis. O primeiro saiu de uma jogada em que a bola estava no nosso pé: fizemos um passe forçado, sem necessidade. Eles lançaram uma bola longa, que era justamente o tipo de jogada que esperávamos, e mesmo assim tomamos o gol, mesmo com sete jogadores nossos contra três deles — seguiu o técnico do Vasco.

— O segundo gol também não faz sentido. Saímos jogando por dentro, acelerando o jogo, com o time desorganizado em campo, e cedemos o segundo. No segundo tempo, eles baixaram bastante as linhas, tivemos dificuldade para criar e ainda cedemos contra-ataques. Essa foi a minha leitura do jogo de hoje, e foi isso que nos custou a derrota — concluiu.

Sobre a oscilação de momentos, com três derrotas seguidas após sequência de quatro vitórias, Diniz afirmou que é preciso estudar o porquê da queda de rendimento. Contudo, disse que o Vasco está "aprendendo a ser time grande" e suportar os momentos de inconsistência.

— Se eu soubesse todos os porquês, teria vencido os três jogos, mas aqui a gente acaba especulando. A verdade é que nem sempre se sabe exatamente por que se ganha ou se perde. Em alguns momentos, como contra o Botafogo, fizemos um jogo muito desconcentrado. Treinamos de um jeito e jogamos de outro completamente diferente. E era um adversário que a gente conhecia bem, tínhamos acabado de enfrentá-lo duas vezes pela Copa do Brasil, com um plano de jogo muito claro. Mesmo assim, a aplicação foi totalmente distinta. Faltou concentração, e esse nível de desconcentração custou uma derrota merecida — explicou o treinador.

— Já contra o São Paulo e no jogo de hoje, a explicação é diferente. O Vasco está aprendendo a jogar bem e, principalmente, a ser um time grande. Esse processo traz oscilações. Não é a primeira vez que o desempenho cai, já tivemos dois ou três momentos assim no campeonato. Esse é o terceiro ou quarto período de queda, e o desafio agora é reagir, como fizemos nas outras vezes. O importante é entender essas fases e aprender com elas para voltar a crescer — concluiu Diniz.

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Fernando Diniz, técnico do Vasco, durante derrota para o Juventude (Foto: Jorge Rodrigues/Gazeta Press)

Outras respostas de Diniz após Vasco x Juventude

Juventude conseguiu ler previamente o jogo do Vasco?

— Depois que o resultado acontece, as narrativas ficam muito facilitadas. Se (o adversário) tivesse uma leitura exata dos jogos, tanto contra o São Paulo quanto contra o Juventude, veríamos que tivemos superioridade e chegamos a sair na frente. No jogo de hoje, para o Juventude virar, a gente precisou entregar dois gols, e foi exatamente isso que aconteceu. Entregamos o resultado. Depois disso, eles recuaram as linhas e o placar começou a pesar: a torcida ficou mais impaciente, os jogadores perderam confiança, o time ficou apressado. As substituições, que em outros jogos surtiram efeito, como contra o Vitória, hoje não tiveram o mesmo impacto. No segundo tempo, a equipe já estava mais abalada, muito por causa do 2 a 1 e da perda de confiança.

— Tanto contra o São Paulo quanto contra o Juventude, tivemos domínio da partida. O normal seria não tomar o primeiro gol da forma como tomamos. O Juventude, por exemplo, não fez força nenhuma para marcar — nós é que entregamos o resultado. Assim como contra o São Paulo: dominávamos o jogo, e, mesmo assim, cedemos um escanteio desnecessário com sete jogadores nossos contra dois ou três deles. Na sequência, cometemos um pênalti infantil. No jogo de hoje, aconteceu algo muito parecido. Se tivéssemos esse mesmo comportamento em outras partidas, como contra o Bragantino, quando também entregamos um gol, ou se o Fluminense tivesse aproveitado as chances no início do jogo, o resultado teria sido diferente. Mas a realidade é que estamos cedendo gols que não podemos ceder. Contra o Botafogo, o desempenho foi ruim do início ao fim. Já contra o Juventude, não: jogamos bem, mas entregamos o resultado ao adversário. A equipe vinha bem, mas, quando perde confiança, tudo fica mais difícil, especialmente para buscar a virada.

Por que Rayan bateu escanteio?

— Foi uma jogada ensaiada que não deu certo, só isso. Se ele tivesse batido dez, tudo bem (o questionamento, mas foi um só.

Vai mudar para os próximos jogos?

— Eu não consigo nem entender a sua pergunta. Se você acha que os diagnósticos (dados nas últimas coletivas) são (os mesmos)… Sinceramente, eu não consegui entender muito a tua pergunta. É o mesmo diagnóstico (dado à torcida)? Você quer que eu fale que a torcida não merece (explicações)? Se você acha que esse diagnóstico vai mudar, não. Esse é um que a torcida merece, que a gente tem que entregar vitórias, que tivemos partidas diferentes. Não foram os mesmos estilos de derrota. Contra o São Paulo, conseguimos perder de 2 a 0 e sair aplaudido, porque apresentamos coisas positivas. Contra o Botafogo foi ruim, e assumi claramente toda a responsabilidade. Não houve o mesmo diagnóstico, você não tá prestando muita atenção nas coletivas. Não foi o mesmo, muito pelo contrário. A isso aqui eu entrego a minha vida, fico fazendo com muita dedicação. Posso às vezes não conseguir, mas não vou pelo superficial, pelo "facinho" para ganhar "like". Se eu ganhar algum "like" é por causa do meu coração, da minha entrega. Eu quis estar aqui no Vasco, fiz força para estar aqui no Vasco, e vou fazer de tudo para entregar vitórias à torcida. Tudo que eu puder fazer. Disso você pode ter certeza. Não tem essa coisa bobinha. Não é uma coisa fácil, é muito difícil vir aqui falar. Tenho um respeito gigante pela torcida do Vasco, muito grande mesmo. Você nem imagina o quanto, o quanto eu quero ser parte da reconstrução do Vasco. É uma alegria para mim não só de vencer, mas de ver a torcida na rua, fazer o (sinal de) "vitória, Vascão", esse negócio bonito. É difícil vir aqui, é dolorido para caramba. E eu não vou ficar expondo jogador aqui porque alguém quer, não vou. Cobro muito os jogadores e você sabe disso, na beira do campo você vê um pedaço disso. O Vasco é um dos times que mais treina em que eu trabalhei na minha vida. A gente vai se juntar para voltar a dar alegrias à torcida. Temos que saber ser criticados, porque o que merecemos agora são críticas. Mas não essas brincadeirinhas de querer achar um negócio falho para fazer uma pegadinha. Estamos aqui em prol do Vasco. Os jogadores a gente vai procurar melhorar para o jogo do Grêmio. Garantias a gente não tem, mas trabalho e seriedade… Está todo mundo querendo fazer melhor. (Dentro de campo) a gente vai buscar mudanças, principalmente de resultados. Se estivéssemos jogando bem como estávamos hoje (com 1 a 0), procurar ampliar o marcador, não entregar tantos gols bobos. De uma semana para outra, um time que é bom não fica ruim. Temos que saber corrigir, recuperar as coisas e entregar mais. Vamos preparar o time lá em Porto Alegre, teremos desfalques importantes. PH, o Cuesta provavelmente não chega para o jogo, Andrés Gómez e Puma também não. Saber fazer o melhor possível para ter um bom resultado em Porto Alegre.

Saída do Piton com Vegetti e GB em campo

— Naquele momento, ele não estava conseguindo achar cruzamentos. Quantos cruzamentos o Piton fez no segundo tempo? O Puma entrou para tentar os cruzamentos porque ele também bate muito bem na bola. Criamos muitas situações de gol com o Puma jogando de pé invertido, então isso era uma tentativa. A segunda é porque o Puma é um jogador que tem uma bola aérea importante, tem cabeceio bom. Tanto na bola parada quanto nas invertidas, quando fosse ter cruzamento do lado oposto, o Puma ia ser um cara na área com chance de fazer o gol. E também, quando entrou, faltavam oito minutos. Não foi por causa disso que o Vasco deixou de ganhar.

Paulinho e Thiago Mendes

Uma coisa que a gente precisa discutir aqui: o time não tá há três, quatro meses jogando mal. Aí, não dá, senão não tem racionalidade. De domingo para cá, foram três derrotas. Os caras que estão jogando aqui há cinco meses estão melhores para jogar. E não mudou. Como você acha que mudou tudo de uma semana para cá, e os outros que não estão entrando, que a gente nem tem tempo para treinar, treinaram muito bem a ponto de ganharem minutagem e virarem titulares? Isso não pode acontecer, é falta de racionalidade. Estão jogando os caras que têm treinado bem e estavam entrando bem. Matheus França, que estava sendo vaiado, entrou muito bem até o jogo contra o Bragantino, estava sendo super importante. Concordo que não entrou bem nos outros jogos, mas estava entrando bem em todos. Se a gente vai tirar um jogador que pega um momento ruim, daqui a pouco a gente não tem mais ninguém. Vamos circulando, todo mundo é questionado. No fundo, temos que tentar recuperar e dar confiança a todo mundo.

Cuesta e PH estão 'tirando o pé' por convocações?

— Eu não consigo responder porque eu não sou jogador, essa resposta é uma coisa muito pessoal. Eu não acredito. O Cuesta é um jogador que é acostumado a ser convocado, obviamente fazia um tempo que ele não era convocado, porque ele não estava jogando na Turquia. O PH não é a primeira convocação e tem que se habituar, porque se é um jogador que está indo para a Seleção, é um jogador que está indo para a Seleção por conta do momento que vive no clube, então tem que acabar entregando aqui. Eu não acho que aconteceu alguma coisa por causa das convocações, os jogadores, segundo a tua fala, caíram de rendimento. Eu não vejo dessa forma. O time agora nesse momento tem que se fechar mais, saber receber as críticas, que são todas elas praticamente merecidas, as que estão sendo feitas aqui e que foram feitas quando o Botafogo, foi muito rede social. Mas o fundo daquilo que eu sinto do ambiente da coletiva. O time é assim, no fundo, a gente quando joga bem, como jogou com o São Paulo boa parte do jogo e hoje até tomar o gol, a gente tem que converter isso em vitória. Porque só jogar bem já não adianta. E a torcida quer ver vitória, quer ver bom futebol, mas acima do bom futebol, quer ver vitória. Então a gente tem que saber entregar para a torcida o que a torcida merece. A torcida não está instável, o time tem que ser estável como a torcida está estável. Se está bem, ela apoia, ela vai, ela grita. A gente tem que ser estável como a torcida está sendo. Em determinado momento a gente estava entregando aquilo que a torcida queria e a gente foi criando uma conexão, que quando houver esse tipo de semana de três derrotas, isso aí por nossa responsabilidade, abala. E a gente tem que retomar.

Utilizar mais a base

— É uma possibilidade, é sempre uma possibilidade, mas eu repito, não é fácil pegar um jogador da base, que está jogando um campeonato sub-20 e botar no profissional, estádio cheio, momento de pressão, e botar para jogar. Sempre bons jogadores estão sendo integrados aos poucos. Vêm treinar com a gente, obviamente que não dá para fazer do jeito que eu gostaria, porque os campeonatos brasileiros sub-17 e sub-17 foram acontecendo, então você puxa para treinar aqui e o jogador perde o jogo lá. Às vezes a gente tem que escolher dar mais minutagem para os jogadores da própria categoria do que ficar aqui só treinando e deixar de jogar lá. Então não é uma equação assim simples. Se eu pudesse, os jogadores estariam mais próximos aqui, mas nem sempre isso é possível por conta disso que eu te disse, que os campeonatos, quando estão acontecendo lá, a gente não consegue ir desfalcando as categorias de base por conta dos campeonatos que eles estão disputando.

Thiago Mendes titular?

— É uma possibilidade. O Thiago Mendes ele chegou, assim como Matheus França, os dois chegaram muito fora de ritmo de jogo, porque o Thiago saiu da França fazia já quase três temporadas e aí ele ficou esse tempo no Catar. Teve uma lesão importante quando ele veio pra cá, já fazia um tempo que ele não estava jogando, e jogar no Catar com a idade que o Thiago está, não é uma coisa simples. Vocês lembram, foi assim quando o Juninho esteve no Catar e voltou aqui pro Vasco. O Felipe, Maestro, a mesma coisa. Você paga uma conta que o Thiago foi pagando essa conta, e ele está adquirindo o melhor ritmo, ele tem evoluído nos treinamentos. Entrou um pouco no jogo passado e é uma possibilidade dele poder ser aproveitado.

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