Se tem alguém que pode falar da interação entre o Fluminense e o futebol venezuelano, este é Carlos Maldonado. Aliás, seria o único. Somente ele representa o país na lista de jogadores que já defenderam o Tricolor na história de 110 anos.
– Isso é algo muito bonito e especial para mim. Trata-se de um clube muito importante no Brasil e foi um período interessante da minha carreira. Fui muito bem tratado no Fluminense, havia muito respeito – disse Carlos Maldonado, ao LANCE!Net.
Carlos Fabián Maldonado Piñeiro nasceu em Montevidéu, no Uruguai, mas se naturalizou venezuelano. Ele traçou a maior parte da carreira futebolística no país, inclusive com destaque pela seleção local. Hoje, trabalha como treinador.
A passagem pelas Laranjeiras foi curta. Ele foi contratado pelo Fluminense três anos depois de se destacar na Copa América de 1989, no Brasil. Foram sete meses no clube, 15 jogos, sendo 11 como titular e quatro como reserva. Ao todo, nove vitórias, três empates e três derrotas, além de dois gols marcados. Maldonado atuou pelo time no Carioca e na Copa do Brasil (nessa edição, o Flu perdeu a decisão para o Internacional). Sem o vigor de antes, o meio-campista acabou não rendendo o esperado e saindo antes do que pretendia:
– Eu estava no descenso da curva da minha carreira. Foi uma pena eu não ter ido para o Fluminense quando era mais jovem. Eu já não tinha mais a intensidade dos meus 24, 25 anos – lamentou o venezuelano, que chegou ao Flu em 1992, já com 29 anos nas costas.
Apesar do pouco tempo no clube, Carlos Maldonado guarda as lembranças do lugar com carinho, principalmente o bom relacionamento com os ex-colegas. Portanto, na estreia do Fluminense pela Libertadores deste ano, contra o Caracas, já se sabe por quem torcerá.
GOLS NA COPA AMÉRICA CHAMARAM A ATENÇÃO
A contratação de Maldonado pelo Fluminense aconteceu apenas em 1992, mas o interesse do clube pelo jogador havia surgido anos antes. Mais precisamente, durante a Copa América de 1989.
O meio-campista foi o único destaque da Venezuela naquela competição. Ele marcou os quatro gols da seleção no torneio, sendo um deles em cima da Seleção Brasileira, na derrota por 3 a 1 na Fonte Nova. Foi primeiro jogador da história de seu país a fazer isso. A Venezuela foi eliminada da Copa América daquele ano ainda na primeira fase, após três derrotas, um empate e 11 gols sofridos.
– Foi uma competição muito importante para mim. Tive a oportunidade de enfrentar seleções fortes e consegui ter grandes atuações. Foi muito legal ver a Seleção Brasileira de perto, eles fizeram uma Copa muito vistosa, jogando com muita qualidade, principalmente com mais intensidade do que nós.
A relação dele com a seleção da Venezuela não para por aí. Carlos é pai de Giancarlo Maldonado, maior artilheiro do time que representa o país, com 22 gols. Giancarlo foi um dos responsáveis pela primeira derrota do Brasil para a Vino Tinto, num amistoso em 2008, por 2 a 0.
BATE-BOLA
Carlos Maldonado
Único venezuelano a vestir a camisa do Fluminense
Quais as maiores lembranças de quando atuou pelo Fluminense?
Eu me lembro muito bem de Laranjeiras, da sede, e de vários jogadores. Me lembro sobretudo do amor que os torcedores sentiam pelo Fluminense, era algo muito bonito. A tradição do clube também era algo que eu notava de diferente em relação aos outros. Foi um tempo muito bom, não tive qualquer tipo de problema. Fui muito bem recebido pelos companheiros. Lembro muito do Ézio e também do Julinho, um grande amigo. Me sentia em casa.
Por que resolveu voltar para o futebol venezuelano?
Houve a possibilidade de ir para outros dois clubes de São Paulo, mas eu queria voltar para a Venezuela, para jogar lá nos últimos anos da minha carreira. Antes já tinha jogado também na Argentina e na Colômbia, e estava bastante contente com o que já havia feito no futebol.
Consegue explicar a facilidade do Flu contra venezuelanos?
O Fluminense joga com muita intensidade, assim como outros do futebol brasileiro, e por isso se sobressai contra os venezuelanos. O futebol do nosso país está crescendo, mas sempre custa quando enfrenta os brasileiros. Hoje o Flu atravessa um grande momento, disputando a Libertadores constantemente. Está acariciando o troféu (risos).
O que espera deste confronto entre Caracas e Fluminense?
O Caracas tem um futebol muito organizado. É uma equipe muito boa fisicamente, mas que ainda não arrancou no campeonato desse ano. Vai custar ao Fluminense para vencer, não vai ser fácil. É um time muito técnico, que ataca frequentemente pelas laterais. Acredito que o Caracas vai se fechar.