Quando entrar em quadra nesta quarta-feira para enfrentar Juan Mónaco (19º da ATP), André Ghem já terá feito mais do que simplesmente chegar às oitavas de final do ATP 250 de Dusseldorf (ALE). Por exemplo, terá colocado fim a um jejum de sete anos, tempo o qual ele ficou sem conseguir uma vitória sequer em torneios de nível ATP.
Aos 30 anos, o gaúcho de Porto Alegre venceu ontem o japonês Go Soeda (115º) por 2 sets a 0 (6-4 e 6-0). O torneio no Alemanha é o primeiro em que ele consegue furar o qualificatório na temporada de 2013.
Como grande parte do seu calendário é composto por torneios de nível Challenger, Ghem não dedica todo o seu tempo ao circuito.
Por exemplo, teve de disputar torneios interclubes na Alemanha, a fim de arrecadar dinheiro que o bancasse em outras competições.
– (Dinheiro) é sempre uma questão complicada. Acabo jogando interclubes na Alemanha, que são competições extra-oficiais, ou seja, não valem pontos para a ATP. Mas, como pagam bem, ajudam a me manter no circuito – disse Ghem em contato com o LANCE!Net ontem, após a sua vitória na Europa.
Atualmente, Ghem figura na 260ª posição do ranking. Em premiação, ele soma cerca de US$ 8 mil (aproximadamente R$ 16 mil) acumulados nesta temporada.
O triunfo em Dusseldorf é apenas o segundo dele em chaves principais no circuito. Nada que desmereça a primeira vitória, que veio nada menos do que sobre o maior ídolo que o tênis nacional já teve.
Em 2006, André Ghem surpreendeu Gustavo Kuerten na estreia do Aberto do Brasil – até então disputado na Costa do Sauípe (BA). Partida da qual guarda as melhores recordações de sua carreira.
Nem mesmo a eliminação na rodada seguinte, ante o espanhol Alberto Martín, tirou o gosto da vitória sobre seu ídolo no tênis.
Assim como, certamente, nem uma derrota nesta quarta contra o rival argentino tirará de Ghem o gostinho do triunfo sobre Go Soeda.
Bate-bola André Ghem, em entrevista exclusiva ao LANCE!Net, por e -mail
Como foi esta primeira partida em Dusseldorf, ontem, contra o japonês Go Soeda?
Foi uma partida boa. Não a melhor do torneio, mas me mantive focado nos momentos-chaves, principalmente no primeiro set. E, no segundo, consegui além de me soltar mais, conduzir firme até o final.
Há muito tempo você não conseguia uma vitória em um torneio ATP. Como é a sensação de voltar a obter esse tipo de triunfo?
É muito bom poder voltar a jogar torneios grandes e, claro, jogar bem e avançar na chave.
A outra vitória que você tinha neste nível foi contra o Guga, em 2006, na Costa do Sauípe. O que você se lembra daquela partida?
A partida contra o Guga foi muito especial para mim, pois foi meu primeiro ATP no Brasil. Jogar contra um dos meus ídolos e sair vitorioso foi importante para mim. Todo o nervosismo e pressão que passei... Acredito que tenha sido a maior pressão que já passei.
Como vê a partida desta quarta contra o Juan Mónaco? Acha que tem chance de uma nova vitória?
Em 2007, joguei contra ele na última rodada do qualificatório de um ATP na Áustria. Perdi dois sets duros, em que tive até set point. Foi um das minhas melhores partidas. Espero dessa vez sair vitorioso.
Você conseguirá disputar o qualificatório para a chave principal de Roland Garros?
Não. O qualifying começa já nesta semana, e o limite para obter ranking para entrar ocorreu há duas semanas, quando eu estava no torneio do Rio Quente. Na época, eu era só o 305 do mundo. Então, não vou conseguir entrar. Mas vou para Wimbledon com certeza.