Os fãs de vôlei que acompanham a Superliga Feminina não imaginam as dificuldades que o time de Rio do Sul encontrou para participar da competição.
No dia 8 de setembro deste ano, pouco tempo depois da conquista inédita da Liga Nacional, a equipe sofreu com enchente (a maior dos últimos 30 anos) que devastou a cidade, localizada no Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina.
Após três dias incansáveis de chuvas, o Rio Itajaí-Açu atingiu quase 14 metros, invadiu os bairros e fez duas vítimas fatais. Na ocasião, a prefeitura decretou estado de calamidade pública por causa das inundações e deslizamentos de terra. Dos 61 mil habitantes, cerca de 10 mil ficaram desalojados.
Com a cidade arrasada e o Ginásio Artenir Werner danificado pelas águas, a equipe de Rio do Sul por pouco não encerrou as atividades em 2011. Os patrocinadores foram diretamente atingidos pela tragédia e colocaram em risco o sonho de participar da Superliga.
Os problemas das jogadoras, que ficaram semanas sem treinar, acabaram se tornando uma “solução”. Os investimentos foram mantidos e a cidade abraçou o time.
– Estamos jogando para dar força aos moradores de Rio do Sul. A cidade precisa de nós. A população merece sorrir. Sinto que as pessoas se tornaram mais humanas depois da enchente, elas estão mais preocupadas com tudo – declarou a central Claudinha, ao LANCENET!.
Mas o caminho até estreia na Superliga, no começo de dezembro, foi árduo. A superação da população foi o trunfo encontrado para motivar as jogadoras ao entrar na quadra.
– Fiz um vídeo de motivação relacionado à enchente antes do jogo contra o Pinheiros. Mostrei imagens da enchente e das nossas conquistas. Houve um belo momento de emoção entre as meninas – lembrou o supervisor técnico Zé Roberto.
Torcida e time vibram com vitória em cima do Sâo Caetano no Ginásio Artenir Werner (Foto: Daniel dos Santos)
Hoje, Rio do Sul ocupa a 11ª colocação, com apenas três pontos. Em cinco jogos, foram quatro derrotas e uma vitória. O triunfo contra o São Caetano, no último dia 21, por 3 sets a 0, trouxe animação extra para 2012. Mais uma injeção de ânimo para quem tem vivido à base de garra...
O próximo jogo de Rio do Sul na Superliga será realizado em 10 de janeiro, contra o Mackenzie, em casa.
Prefeitura contabiliza prejuízo de R$ 400 milhões
Três meses após a enchente que devastou Rio do Sul, em Santa Catarina, a população vibra com a volta por cima. Hoje, quem chega à cidade já não percebe que ela decretou estado de calamidade publica.
A presença do time da cidade na Superliga Feminina é o orgulho para seus moradores. A média de público da equipe no Ginásio Artenir Werner é uma das maiores: 1.500 fãs por jogo.
Mas, enquanto os populares vibram com o esporte, a prefeitura calcula os prejuízos: cerca de R$ 400 milhões. No levantamento feito pelo governo estadual, Rio do Sul teve uma perda de R$ 64,3 milhões apenas em infraestrutura.
Recentemente, o governador Raimundo Colombo visitou os bairros mais afetados pela enchente. Na ocasião, ele informou que havia destinado recursos do Estado em convênios com o município, no valor de R$ 3,2 milhões.
Bate-Bola
Claudia Carvalho (Claudinha) - Central do Rio do Sul, ao LANCENET!
Como o time de vôlei do Rio do Sul enfrentou a tragédia?
A enchente ocorreu logo depois do nosso título da Liga Nacional, no começo de setembro. A cidade estava um caos e parecia que tinham jogado uma bomba nuclear lá. Nosso ginásio foi tomado pelas águas e prejudicou todo o planejamento. Ficamos dias sem treinar.
Como foi a estreia na Superliga?
Foi uma festa enorme na cidade. Toda a população estava envolvida e feliz. O ginásio ficou lotado, foi muito emocionante. Nem mesmo a derrota (para o Pinheiros) apagou a nossa superação.
Onde pretendem chegar?
Somos honestas. Sonhar com o título é quase impossível, mas queremos ficar entre as oito melhores. A nossa equipe não tem grandes investimentos como as candidatas ao título.
Com a palavra
Zé Roberto - Supervisor do Rio do Sul
"Pensamos até em não disputar a Superliga"
A enorme enchente que devastou Rio do Sul mudou nossos planos. Foi uma verdadeira catástrofe natural.
Com muito trabalho e superação, reerguemos a cidade e, consequentemente, o time. As próprias meninas ajudaram na limpeza das ruas e do ginásio. Na ocasião, pensamos até em não disputar a Superliga. Porém, a comoção de todos não deixou isso acontecer.
Felizmente, a diretoria conseguiu apoio da prefeitura e de patrocinadores para dar sequência ao trabalho. A CBB ficou surpresa com a nossa volta por cima.
Nossas adversárias estão admiradas com a reconstrução de Rio do Sul. Temos uma grande média de público na Superliga e não perdemos em nada no quesito estrutura. Conseguimos!