Dia 27/10/2015
23:38
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O esporte nunca fez parte da agenda brasileira de forma tão intensa como agora. Com a Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíada, Sérgio Cabral Filho, governador do Rio de Janeiro, corre contra o tempo para entregar a cidade em condições à altura dos eventos.

Em visita ao LANCENET!, Cabral falou sobre a situação dos aeroportos e do Maracanã, vitais para o sucesso do evento. Após especulações, o governante garantiu que o Maracanã passará à  iniciativa privada. Confira a íntegra da entrevista exclusiva.

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Com a construção do novo teto do Maracanã, já há um novo custo fechado? O prazo de entrega para dezembro de 2012 segue de pé?

O prazo está mantido. Mais do que isso, do ponto de vista legal, a lei permite que você aumente em até 50% quando é reforma, que é o que vamos fazer. Vai ficar abaixo dos 50% permitidos por lei, apesar da cobertura ter sido a última novidade. Mas não encareceu a ponto de chegar aos 50%. O projeto está muito bonito, vamos entregar o projeto executivo no dia 17 ao TCU, conforme o combinado, mais o orçamento. Está tudo dentro do prazo, nós vamos ter um estádio. O Maracanã é, sem dúvida, o estádio de grande porte do mundo com a melhor taxa de ocupação.

O governo já bateu o martelo sobre como vai ser gerido o estádio depois da obra ser concluída?

Quando eu era presidente da Assembleia Legislativa, o governador de então me disse: ‘meu filho, sabe o que é poder no Estado? Não é nomear secretário. Poder no Estado é o Portão 18 do Maracanã’. Aquilo ficou na minha memória. Eu não quero esse poder, não. Acho que é um equipamento para ser gerido pelo setor privado. Nós vamos começar esse processo no segundo semestre de 2011. Vamos concessionar o Maracanã. Não tem cabimento um estádio como o Maracanã nas mãos do poder público. A concessionária terá de ter, obviamente, obrigações públicas. O Estado tem de concentrar os esforços naquilo que é importante. Como será um estádio renovado, e mais o Maracanãzinho, é um equipamento interessante para o setor privado. As grandes operadoras de estádio do mundo, gestoras de conteúdo, clubes de futebol, quem quer que seja, terão muito interesse nesse conjunto de entretenimento não só esportivo, mas também modernizado e renovado que será o Maracanã e o Maracanãzinho.

O senhor já comparou o Galeão à Rodoviária. A presidenta Dilma já anunciou que irá lançar um edital que define obras em regime de concessão para alguns aeroportos. O senhor acredita que a Copa é um perigo real para o aumento do gargalo?

Disse mais. Disse que a rodoviária é melhor porque nós concessionamos. Se você for na rodoviária do Rio, está muito boa, muito melhor do que o Galeão. Costumo dizer que temos um doce problema. A nossa infraestrututra portuária está no gargalo, e a demanda doméstica aumentou 25% no ano passado. Se você comparar com São Paulo, por exemplo, são problemas diferentes. Na minha avaliação, Guarulhos chegou no limite, o Galeão tem espaço. O Galeão é muito mais questão de gestão, além de obras de infraestrutura, é claro. Aquele estacionamento do Terminal 1 é impossível, aliás, é ilegal para qualquer evento esportivo internacional. Nem a Fifa nem o COI permitem. Terá de sair dali, para um novo estacionamento atrás. É proibido estar no subsolo. Aquele Terminal 1 tem de ser todo remodelado, o Terminal 2 tem uma parte ociosa, não é utilizada... pista para manobra, fingers (embarque com acesso aos aviões). Há a perspectiva do Terminal 3. Você tem a aviação executiva. No Brasil, você não tem aeroportos para isso. Nos Estados Unidos, privados, têm mais de 400 aeroportos para aviação executiva, para empresários que não usam o voo comercial. Estamos muito atrasados. Há vários modelos em que você pode pagar uma taxa de concessão, um percentual da receita que cabe ao governo. Há modelos no mundo em que empresas privadas administram muito bem aeroportos.

E o Santos Dumont?

Também. Eu botaria tudo. Com isso, a União se capitaliza até mesmo para expansão de aeroportos e construção em lugares, digamos assim, onde não vale a pena economicamente para o setor privado. Então expande e atrai o setor privado. O governo tem de se preocupar com regulação aérea, com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Temos de ter um aeroporto melhor. Até a Copa, teremos não o ideal, mas teremos em 2016, ou em condições muito boas.

Como o interior do Estado pode aproveitar essa agenda?

Hoje inaugurei três delegacias legais em três cidades importantes próximas à Região Metropolitana. Falei sobre Olimpíada e Copa, e o quanto essa região precisa se capacitar. Alguns prefeitos já estão se movimentando. Teremos uma reunião em maio com o Nuzman (Carlos Arthur, presidente do COB) e prefeitos de todo o Estado, para falarmos do projeto de aclimatação, onde as cidades receberão um caderno de encargos de como elas podem se credenciar e se capacitar para a aclimatação dos atletas para os Jogos Olímpicos. É uma oportunidade de ouro.

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