O lateral-esquerdo Junior Cesar deixou o São Paulo chateado. Por mais que tenha enaltecido sua transferência para o Flamengo, em sua entrevista de despedida do Tricolor as poucas oportunidades com o técnico Carpegiani e a perda da concorrência com Juan foram os assuntos mais abordados.
O ex-camisa 6 do clube, que deve se apresentar ao Rubro-Negro nesta quarta-feira, revelou conversas que teve com o treinador sobre o fato de não estar sendo nem relacionado para as partidas e disse tais decisões pesaram na sua saída.
Junior Cesar diz não se sentir útil no São Paulo
Junior chegou ao clube no começo de 2009 e foi o último do "pacotão" carioca a deixar o clube. Na mesma leva vieram o lateral-direito Wagner Diniz, do Vasco, o zagueiro Renato Silva, do Botafogo, Arouca e Washington, do Fluminense, assim como o lateral. Abaixo, você acompanha a entrevista de despedida de Junior Cesar:
Passagem pelo São Paulo
Foi muito boa. Aprendi muita coisa, amadureci muito. Até porque o São Paulo é um clube de grandeza, acostumado a ganhar títulos e graças a Deus pude participar. Claro que há uma frustração de não conquistar um título, que bateu na trave agumas, mas é legal ressaltar os cem jogos que fiz aqui. É triste para dar explicações diante de uma saída, mas é vida que segue e com certeza vou sempre carregar o São Paulo no meu coração, principalmente a torcida, que me apoiou nesse momento e vou carregar isso para sempre. Porque não é fácil chegar como cheguei e conseguir um espaço num grupo qualificado.
Relação com o técnico Carpegiani
Não tive nada pessoal contra ele, não. Bom ressaltar que o São Paulo trouxe Juan pela minha contusão, pois eu só jogaria em março (Junior sofreu uma fratura no tendão-de-aquiles em setembro do ano passado). Futebol tem essas coisas e era evidente que a contratação só era por conta disso. A própria comissão tratou disso comigo, mas não me constrange, tenho consciência do que fiz, fico feliz de ter retornado e bem.
Falta de oportunidades
Tive três oportunidades de jogar com o Paulo (César Carpegiani) os 90 minutos e fui bem, no meu modo de ver. Depois do jogo contra o Corinthians ele chamou o Juan eu para conversar, disse que tinha dois jogadores de qualidade e ele optou pelo Juan, que estava com um ritmo de jogo melhor, pela pré-temporada. Mas fiquei feliz com meu desempenho, mas era normal de que só jogaria um. E naquele momento ficou evidente que o Paulo, dentro de suas preferências, escolheu o Juan. Nunca briguei com ninguém, com o Paulo, tivemos conversa muito amigável e pode ter certeza de que não aconteceu nada.
Insatisfação por não ser relacionado
Quando o Paulo me cortou do primeiro jogo em Goiãnia e depois no segundo também, no primeiro em momento algum falei nada. No segundo corte, trabalhei normalmente no outro dia e pedi uma conversa com ele. Não briguei, não discuti, mas não fiz nada. Mas claro que todo jogador quer estar jogando e fica insatisfeito com a reserva. E eu poderia ser útil, porque eu tinha mostrado um bom futebol nas oportunidades. E, por isso eu poderia ter ficado entre os 18 relacionados, agora fora dos 18, não vou falar que não aceito, mas acho melhor essa situação de procurar outro lugar.
Não existe grupo?
Desde minha chegada, São Paulo sempre teve grupo qualificado, muito forte, muito experiente e isso é normal. Você estar no grupo sendo útil é muito legal, mas quando não, aí fica difícil. Eu expliquei para o Carpegiani, se não sou relacionado entre os 18, qual será minha motivação de treinar? Nunca cheguei atrasado de treino, nunca desrespeitei ninguém, nunca discuti com ninguém, sempre treinei. Naquele momento que ele me deu três oportunidades, dei meu melhor, participei altamente e por vocês fui um dos melhores em campo. Então se fiz três jogos destes, e não fui relacionado, como será quando não for bem? Não tenho nada contra o Paulo, acho boa pessoa, mas optei por isso.
Difícil de entender as mudanças?
Cada um tem sua maneira, ele é o comandante e quem está abaixo tem de respeitar. E respeitei. Mas enfim, ele achou por optar por outros jogadores, são coisas que acontecem dentro do futebol e saio hoje triste dentro do São Paulo porque sei que poderia contribuir com o grupo que tem hoje. Mas é coisa que acontece e vida que segue.
Acusação de indisciplina pelo técnico
Foi numa situação que eu já estava conversando com o Flamengo e o São Paulo já estava avisado. Fui em um sábado para o Rio e, na segunda-feira, ele queria que eu entrasse no time titular. O Rodrigo Carpegiani, filho dele, veio me falar que o Paulo queria e eu disse ao Rodrigo que pedisse a ele para me deixar de fora naquele momento e falei com o Paulo também depois. Falei para ele que estava negociando com o Flamengo, era antes do jogo contra o Avaí, e eu não estava concentrado naquele momento. Não me senti a vontade para ajudar meus companheiros, mas já passou, é vida que segue.