Dia 29/02/2016
23:37
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Única brasileira na elite mundial do surfe, Silvana Lima tem opiniões fortes quando o assunto é a falta de visibilidade das mulheres no esporte. Em entrevista exclusiva ao LANCE!, a cearense de 30 anos, que acaba de fechar patrocínio com a Oi e volta a contar com um aporte financeiro depois de quatro anos, mostrou-se aliviada pelo bom momento na carreira e alertou para a necessidade de valorização da modalidade feminina, inclusive pelos responsáveis pela organização dos campeonatos. Confira:

Acha que o fato de ter um patrocínio vai fazer você melhorar a sua colocação no ranking mundial?
Certamente. Esse novo patrocínio da Oi chegou em boa hora. Acho que estou no melhor momento do meu surfe e a estrutura da Oi vai me dar condições de me dedicar mais aos treinos para lutar pelo título.

Você fez duras críticas aos surfistas da “Brazilian Storm” em uma entrevista recente. Como foi a repercussão? Chegou a conversar com alguns deles depois? Mudou algo na forma como te tratam?
O desabafo que eu fiz foi no sentido de que as mulheres pudessem ter mais visibilidade no surfe também. Não tive o intuito de reclamar dos meninos, minha crítica não foi a eles. Até porque, somos amigos e sei que eles também gostariam que as mulheres surfistas fossem reconhecidas.

Muitas vezes, as mulheres se sentem desprestigiadas nas etapas, uma vez que a prioridade da organização é sempre mandar os homens para as baterias primeiro. Essa situação te incomoda?
Essa prioridade é algo que incomoda e precisa ser revista. Aliás, a discussão já começou no ano passado e ainda tem muito a evoluir daqui para frente.

O que falta para o surfe feminino ser mais valorizado?
No Brasil, para valorizar mais o surfe, um primeiro passo seria acontecer um campeonato brasileiro feminino. Já faz quatro anos que não tem uma competição nacional feminina. Isso já seria um grande incentivo, porque geraria premiação e mais visibilidade para as meninas. Com esse destaque, elas ganhariam patrocínio e teriam condições financeiras de competir no campeonato mundial, tanto o CT (Championship Tour, a elite do surfe) quanto o QS (Qualifying Series, a divisão classificatória).

Em todo o período em que você competiu sem patrocínio, qual foi o momento mais difícil?
Foi em 2012. Em 2011, machuquei o joelho esquerdo e, em 2012, quando estava voltando a competir no campeonato mundial, acabei tendo uma nova lesão, dessa vez no joelho direito, que de novo me tirou das etapas. Por coincidência, nessa mesma época perdi um patrocínio.

Fale um pouco sobre o que prevê para as etapas da Califórnia, que acontecem nos próximos meses, e como tem sido sua preparação.
Estou super ansiosa para voltar a competir na Califórnia, é um lugar que leva bastante público pra praia, assim como aconteceu no Oi Rio Pro aqui na Barra da Tijuca. Lá na Califórnia, principalmente em Huntington Beach, lugar onde acontece a próxima etapa, as ondas são muito difíceis e pequenas. São “gordas”, não formam uma parede boa, por isso tenho que caprichar nas manobras. Estou levando uma prancha pequena, que é melhor pra esse tipo de onda. Estou treinando muito forte em Ilhéus (Bahia), onde eu moro, que tem ondas parecidas. O mar na Califórnia é um desafio, mas o que me move é a vontade de vencer, então estou focada nos treinos.

Está na torcida por algum brasileiro em especial na briga pelo título deste ano?
Torço para o Adriano (Mineirinho) e para o Filipinho (Toledo) repetirem o feito do ano passado do Gabriel Medina. Estou super dividida porque sou muito amiga dos dois e gosto muito deles. Qualquer um que ganhar vai ser muito merecido.

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