A noite caía fria em Concepción, porém no Estádio Ester Roa o ambiente ia subindo a temperatura a medida que se aproximava a hora do jogo correspondente à segunda semifinal da Copa América.
O Paraguai ia enfrentar um rival com o que já havia cruzado no primeiro jogo da fase de grupos: a Argentina. O mesmo time que havia aberto uma diferença de dois gols e terminou sofrendo o empate que até agora muitos seguiam sem acreditar.
A Albirroja havia chegado ao torneio com o peso de ter sido a última colocada nas últimas Eliminatórias, e eram poucos os otimistas que viam nossa seleção capaz de chegar a fases como esta. Ainda assim, suportando críticas e zombarias, os dirigidos por Ramón Díaz foram avançando no torneio continental, às vezes graças à garra e outras tantas com mostras de bom futebol.
Após a grande mostra de amor próprio que havia dado a Albirroja na primeira rodada da fase de grupos, era razoável pensar que os argentinos já não festejariam antes do tempo. Todavia, ao largo dos últimos dias já estavam pensando em quem enfrentariam na final da competição.
Porém no futebol, os times falam dentro de campo.
Longe do que se havia visto durante a estreia, o Paraguai começou demonstrando maior ambição que o rival. Antes que completassem os primeiros três minutos de jogo, a Albirroja conseguia já uma falta nas proximidades da área argentina após uma falta de Demichelis sobre Roque Santa Cruz.
A Argentina parecia aturdida pela vontade que demonstrou o quadro guarani durante os primeiros minutos. A Albirroja pressionava e mantinha uma concentração que lhe permitia fechar bem os espaços. No minutos cinco, uma boa troca de passes entre Haedo Valdez e Santa Cruz terminou com um chute mal dado pelo capitão paraguaio.
Era um aviso.
A pressão guarani era tal que quando os zagueiros argentinos tinham a bola, se viam obrigados a jogar muito atrás, com o goleiro, para tratar de buscar uma forma de sair. No minuto 10 se produziria uma chegada após uma desatenção que permitiu que se gerasse uma chegada profunda e um passe de Pastore que chutou para Villar dominar a bola.
Como já havia feito o Brasil, Derlis Gonzále era o homem desequilibrante nas fileiras paraguaias. Era tal seu bom trabalho, que para pará-lo os argentinos tinham de recorrer a constantes faltas, uma delas foi no minuto 11, cometida por Rojo.
Tanto falaram na Argentina durante os dias anteriores ao jogo da arbitragem de Sandro Ricci, que os mesmos jogadores argentinos reclamavam de tudo no campo. O brasileiro mostou a Biglia que não estava disposto a permitir que reclamassem de nada, logo de apitar uma falta cometida por Victor Cáceres perto da área albirroja.
Dessa falta terminaria chegando um cruzamento que deixou a bola picando no coração da área, onde Rojo a encontraria e se encarregaria de mandá-la dormir entre as redes do arco paraguaio. O 1 a 0 chegava como um golpe duro a uma Alborroja que havia merecido mais nesses 14 minutos que haviam transcurrido.
Aa partir daí, as coisas iriam se complicando ainda mais para o nosso lado. É que Derlis seguia levando à loucura os jogadores argentinos cada vez que tinha a bola... e eles seguiam batendo. Uma dura entrada de Di María terminaria golpeando-lhe o suficiente como para ter de deixar o campo de jogo.
O jovem talentoso albirrojo tentou várias vezes seguir jogando mais, porém não podia continuar e terminou sendo substituído por Bobadilla. Quase de imediato a dupla ofensiva começou a sentir problemas físicos e Roque Santa Cruz também devia abandonar o campo de jogo, para ceder seu lugar a Lucas Barrios.
Enquanto o Paraguai tentava se rearmar após o gol e a saída de Derlis, uma jogada rápida e um mau posicionamento defensivo permitiram que um chute cruzado de Pastore ampliasse o marcador em 2 a 0 a favor dos albicelestes.
Quando conseguiu reconectar o chip, o Paraguai começou a criar outra vez muitos problemas à defesa rival. Bruno Valdez, o zagueiro improvisado na lateral-direita, era chave nas subidas. E o demonstrou a poucos minutos do final quando roubou uma bola e passou a Lucas Barrios, que chutou forte e pôs o 2 a 1. Os fantasmas da primeira rodada apareciam na Argentina.
Poderíamos ter empatado no fim dos primeiros 45 minutos, porque Valdez voltou a armar uma grande jogada e meteu um grande passe, como um 10, para que Bobadilla chutasse a gol. O arremate do atacante do Augsburg terminaria indo para fora.
A primeira etapa chegaria ao seu final com a esperança que uma virada poderia ocorrer.
O Paraguai foi para cima desde que começou o segundo tempo, porém dois contra-ataques rápidos, com uma jogadaça de Messi incluída, terminariam chegando como baldes de água fria para as intenções albirrojas. Ambas jogadas foram concretizadas por Di María, o mesmo que se havia encarregado de mudar o trâmite do encontro com a lesão de Derlis.
A Albirroja não deixou de pensar nunca em atacar, apesar de que estava em uma importante desvantagem. Continuou buscando criar alternativas para o desconto, ainda que isso significaria deixar espaços no ataque.
No minuto 79, Agüero anotaria o quinto e a conta se selaría três minutos depois com o sexto convertido por Higuaín.
O Paraguai sofreu uma dura derrota para a Argentina, a última vice-campeã mundial, a mesma com quem havia empatado apesar de ter estado 2 a 0 atrás no placar e o sonho de chegar à final da Copa América terminou frustrado.
Apesar da dureza da derrota, muito pouco fica para reprovar nossos jogadores. A Albirroja havia chegado sem demasiadas expectativas, porém jogo a jogo conseguiu voltar a gerar a mesma esperança e união que lhe haviam caracterizado durante vários anos e que se perderam na campanha das últimas Eliminatórias.
A participação albirroja - que ainda não chegou ao seu fim - nesta Copa América permitiu demonstrar que nossa seleção tem material para voltar a acreditar. Faltarão alguns retoques e que se somem vários jogadores que prometem em seus respectivos clubes, porém pensar em um bom papel nas próximas Eliminatórias já não parece uma ideia tão descabida.