Dia 27/10/2015
22:24
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Sábado de Carnaval, dia 5 de março de 2011. O Fluminense vence o Resende por 2 a 1 no Campeonato Carioca e ameniza a crise que vinha desde a derrota para o América (MEX) na Libertadores. No dia seguinte, a delegação ganha folga. Muricy Ramalho, então, viaja para São Paulo. Lá, se encontra com seu empresário, Márcio Rivellino. O teor da conversa é duro e seco: a saída do Tricolor.

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Segunda-feira, dia 7 de março de 2011. Muricy volta ao Riode Janeiro, acompanhado pelo empresário, e inicia o processo de litígio com o clube das Laranjeiras.Previamente convidado, comparece, à noite, ao camarote da patrocinadora do Fluminense, na Sapucaí,no segundo dia dos desfiles das escolas de samba. Não muito simpático ao ritmo carnavalesco, deixa o Sambódromo antes mesmo do fim:

– Só vim mesmo por conta do Celso Barros.

Em meio aos batuques dos tamborins, iniciam-se diálogos com Barros para o pedido de demissão que viria a se suceder.

Na terça e na quarta-feira, as conversas continuam com Márcio Rivellino presente e, na quinta-feira, dia 10, Barros recebe o comunicado de Peter Siemsen, presidente do Flu, de que o vice de futebol, Alcides Antunes, será demitido. Na mesma data, conforme o LANCE! antecipou, o documento de desligamento do dirigente é preparado pelo departamento jurídico do clube e encaminhado a Siemsen. Com a decisão tomada, mesmo sendo contrária à sua opinião, Celso Barros liga para Alcides e o informa sobre a notícia.

Muricy avisou a Celso da decisão antes


Sexta-feira, dia 11, pela manhã: a comissão técnica toma conhecimento da saída do vice de futebol e revela a ele que também está de saída do Flu.


Sexta-feira à noite: Muricy se reúne por cerca de duas horas e meia com o presidente Peter Siemsen. No encontro, dá sua sentença: está de saída por conta da falta de estrutura epor não ter sido apresentado um projeto de melhoria ou uma solução emergencial para os problemas que vinha tendo para treinamento ou para prevenir/tratar as lesões dos jogadores. Na mesma conversa, deixa claro ao presidente que os problemas políticos atrapalharam seu trabalho nos últimos meses.

Diante do quadro e sem que o treinador desse qualquer brecha para uma mudança de posicionamento, se chega a um consenso geral: Alcides Antunes sai na segunda e Muricy na terça, tudo para blindar o grupo do importante clássico com o Flamengo no domingo, que iria anteceder estas datas.

Sábado, dia 12, pela manhã: ecoam as notícias, em diversos veículos, sobre a possibilidade do pedido de demissão do treinador, bem como uma crise com o presidente do clube. A equipe treina nas Laranjeiras e, de última hora, uma entrevista coletiva é convocada por Siemsen para às 16h no clube. Com a imprensa toda reunida, Peter Siemsen comunica, de forma antecipada, a saída de Alcides Antunes e nega divergências com Muricy:


Siemsen convocou coletiva às pressas no sábado


– O Fluminense passou a ser objeto de crises que nunca existiram. Disseram que eu tenho problema com o Muricy. Conversei poucas vezes com ele, mas sempre para dar apoio, inclusive sobre CT – disse o dirigente que, naquele momento, já sabendo que o treinador não continuaria no cargo, dá um leve indício do que iria se confirmar no dia seguinte:

– Sou grande fã do Muricy como técnico e pessoa. Gostaria que ele ficasse e fosse campeão mais vezes. Nossas demandas são as mesmas. Se ele se sentir incomodado com alguma coisa e ache que não é bom ficar no Fluminense, vou lamentar muito.

Posteriormente, Peter Siemsen inicia um, até então, inesperado discurso sobre projetos para a estrutura do clube, bem como a promessa de campos para o CT de Xerém e um pedido para que lhe cobrem melhorias.

Domingo, dia 13: Flu e Fla estão em campo e Muricy, em poucas palavras, dá seu recado após ser indagado se continua:

– Falarei após o jogo.

Fim de jogo e o 0 a 0 no placar. Muricy caminha em disparada para o vestiário. Os jornalistas esperam ávidos por informações. No vestiário, o treinador reúne o grupo e lhes revela a decisão. Entre choros e pedidos para ficar, se despede, toma banho, vai embora e, por meio de sua assessoria, emite uma nota oficial comunicando sobre o desligamento do Fluminense. O motivo? A estrutura prometida por Peter Siemsen um dia antes.


Muricy deixa o Engenhão após o jogo (Foto: Paulo Sérgio)

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