Dia 28/10/2015
04:40
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"Messiânicos de todo mundo, uni-vos! Quando Giovanni pisou na Vila Belmiro a má sorte começou a virar. Havia um Márcio Resende no meio do caminho, é verdade. O título de 95 veio na essência, mas não veio na prática por questões outras. O fato é
que um meia paraense ganharia ali os corações santistas. Até hoje faixas de apaixonados alvinegros entoam sua prece: "Testemunhas de Giovanni!". Alguns amargos vêm tripudiar pela falta de títulos nessa época. E daí? Um ídolo se constrói
também por outros passos. A vitória por 5 a 2 sobre o Fluminense, no Pacaembu, valeu por três, quatro, cinco títulos. Valeu pela auto-estima resgatada. Foi o pontapé inicial para o reencontro definitivo com as glórias, anos depois. Por isso, 17 anos atrás foi eregido um púlpito invisível nos corações santistas. Nele reina Giovanni!" (Por Valdomiro Neto)

Tímido, com dificuldades para dar entrevistas e sem nenhuma conquista como titular do Santos. Giovanni não é daqueles jogadores carismáticos, irreverentes, que cativam o torcedor pelo jeito de ser. Entretanto, quis o destino que o meia, ou melhor, o Messias fosse eternizado como um dos maiores ídolos da história do Alvinegro.

Luz em meio ao breu pelo qual passava o Peixe na década de 1990, G10 – um dos carinhosos apelidos que recebeu o jogador – devolveu orgulho e alegria aos sofridos santistas. Ele não levantou taças, mas ganhou milhares de fãs, ou testemunhas como dizem seus admiradores.

– Ele que deu um sopro de esperança para a a gente. Naquele época a gente não ganhava nada, só ouvia gozação – relembra José Valdir Amorim Dantas, torcedor santista.

José Valdir e o filho Giovanni, na Vila Belmiro (Foto: Arquivo pessoal)

Dantas é um dos dezenas de santistas que, em homenagem ao ídolo, batizaram o filho de Giovanni. Com pouco menos de um ano, o garoto mal sabe quem foi o camisa 10 que o  pai tanto admira, nem faz ideia da importância dele para o Santos, mas, já tem definido o time irá torcer:

– Não cogito a hipótese de ele não ser santista! Ele já tem camisa oficial, quarto todo pintado com as cores do Santos. Não tem como... A mãe também é santista, então, o Gi não vai para outro lado. Vai seguir a família, torcer pelo Alvinegro Praiano – diz o pai, orgulhoso, que já teve a oportunidade de contar ao Giovanni “original” sobre a homenagem.

Mas como explicar tanta idolatria ao meia paraense, que chegou à Vila Belmiro em 1994 sem sequer ser notado, contratado junto ao Sãocarlense? “O que ele ganhou pelo Santos?”, indagam os torcedores rivais, em tom provocativo ao alvinegros.

– A minha geração, nascida na década de 80, começou a se apaixonar pelo Santos com aquele time de 1995, que tinha o Giovanni como craque – conta Fabio Habib, que também nomeou o filho em gratidão ao ídolo.

Fabio e o filho Giovanni, de um ano (Foto: Arquivo pessoal)

Em três passagens pelo Santos (94/95, 2005/2006 e 2010), o Messias reforçou sua identificação com o clube e cavou espaço na história do Peixe. Porém, assim como a chegada, teve um “adeus” sem holofotes. Insatisfeito em ser reserva no time de Dorival Júnior, ele pediu para ter seu contrato rescindido antes do prazo e nunca teve um jogo de despedida. Morando hoje no Pará, ele não participa das festividades do centenário do clube, mas nem por isso deixa de ser lembrado...



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