Ele tem 1,68m e 65kg. Um a mais do que o Levezinho.
– Fico com 65 só quando estou muito gordo. Tipo depois da ceia de Natal – brincou o camisa 9.
Aos 15 anos, Kaique é o mais novo parceiro de Liedson. Não de ataque, como deve ser Willian neste domingo, contra o Cruzeiro, mas de conversas.
Agenciados pela mesma empresa, a dupla vem se entrosando.
– Trato ele como um filho, pela idade que tenho, mais que o dobro (faz 34 em dezembro). Sou como um paizão, daqueles que dá conselho, que bota no caminho certo, mas já percebi que não precisa de muita gente falando na cabeça dele, tem boa criação. Vai seguir a linha que já está traçada para ele – afirmou.
Convocado neste mês para a Seleção Brasileira Sub-15, que disputa o Sul-Americano da categoria em novembro, no Uruguai, o atacante comemora o bom momento. No Timão desde o sub-8, é apontado como uma boa joia a ser lapidada para o futuro. E pelos pais, como uma oportunidade de mudança de vida.
Responsabilidade grande para ele, que até evita a Educação Física na escola por temer lesões.
– Na idade dele não tinha feito nada. Não passei por base como ele, mas acho legal ele já ter uma história no clube – diz o baiano, que começou no futebol aos 22 anos.
Um encontro em campo, porém, é visto como difícil por Liedshow.
– Acho que não aguento (risos), só se ele subir mais cedo. Já está duro chegar até dezembro – brincou.
Mãe aposta em mudança de vida
Desde que apontaram Kaique como um jovem promissor, ainda nas escolinhas Chute Inicial do Corinthians, Lúcia largou o trabalho para perseguir o sonho do filho. Perseverante, aposta que o sucesso na carreira dele vai mudar a vida da família.
– Jogador de base quer chegar ao profisisonal. É o sonho dele, o nosso de mudar de vida. É a única maneira de uma família que só trabalha e tem salário conseguir. Ter um craque na família é o sonho para ter uma mudança, uma casa, um carro, tudo... – explicou Lúcia, casada com Carlos, que trabalha como segurança na Avenida Paulista.
A família garante ver com ótimos olhos a aproximação de Liedson com o jovem.
– É uma relação legal, porque ele passa sua experiência para Kaique, mostra o que pode e o que não pode. E ele está captando. Hoje, sonha em ser um grande jogador e brilhar pelo Corinthians. Depois de fazer seu nome, quer jogar fora – explica.
Recentemente, o Levezinho levou o garoto e sua família para um fim de semana na praia, na casa do colega Derlei, que foi parceiro do atacante no Sporting (POR).
Bate-Bola: Liedson
Atacante do Corinthians, em entrevista exclusiva ao LANCE!
Kaique vem sendo bom aluno?
Com certeza. Toda vez que tem jogos dele falo com o nosso empresário: “E aí, como foi o nosso Fenômeno?” E ele sempre foi bem, ou marcou gols ou deu passes importantes. Está mantendo uma média muito boa de rendimento, nessa idade é bom aproveitar o máximo, está cheio de energia, tem muita coisa boa pela frente na carreira.
Como fazer para um garoto dessa idade não se perder em meio a tanta responsabilidade?
É complicado, mas ele tem pessoas estruturadas em volta dele. A base de um jogador não depende só dele dentro de campo, tem de ter pessoas fora cuidando, orientando, mostrando o caminho. Os jovens têm responsabilidade mais cedo, criam expectativas nos clubes, que pensam lá na frente, nos milhões, e acaba atrapalhando. Tem de ter orientação.
Você não teve categoria de base. Acha que um talento que passa por essa lapidação pode chegar longe?
Sim, porque estrutura é tudo no futebol, ter um local de trabalho com todas as condições para você desempenhar o que faz de melhor, que é jogar futebol, é fundamental. O Corinthians tem uma categoria de base muito boa e está acabando de construir o CT, que é maravilhoso e vai integrar as camadas jovens. Mas depende de cada um, não basta só estar ali, tem de querer vencer. O clube dá as condições para se formar grandes jogadores.
E quanto a você e Adriano? Poderão jogar juntos em breve ou Tite terá de fazer um revezamento?
Isso depende muito do nosso treinador. O Tite sabe o que é melhor para o Corinthians. Mas, qualquer coisa, é só chamar o Kaique para dar uma ajudada no time de cima (risos). Podem gravar esse nome que daqui a alguns anos ele será um grande ídolo no Corinthians.
Bate-Bola: Kaique
Atacante do Corinthians sub-15, em entrevista exclusiva ao LANCE!
Qual é sua trajetória no Timão?
Cheguei aos oito anos, no final de 2004. Comecei a treinar, fomos campeões da Copa Associação Paulista/Sub-11 em 2005, fui bem. Desde então, trabalho forte. Cheguei no sub-8 e hoje estou no sub-15.
O que espera da Seleção?
Sei que excelentes jogadores também foram convocados, a briga por uma vaga será boa. Infelizmente, dez serão cortados, mas minha expectativa é de ir para o Uruguai. Nos treinos, vou me doar ao máximo para chegar ao time titular. Quero conquistar meu espaço e nunca mais deixar a Seleção.
E qual é seu estilo de jogo?
Meu estilo é de jogar pelas pontas do gramado, tenho muita velocidade e visão de jogo, procuro partir para cima, sem medo, com vontade de vencer. Com o Liedson, procuro me espelhar ao máximo possível nele dentro da área, na finalização, a calma, o oportunismo. Procuro me espelhar nessas características dele. Liedson é um ótimo atacante.
É sempre o primeiro a ser escolhido da Educação Física?
(Risos) Na escola, os meninos sempre me chamam para jogar, mas eu procuro não fazer muito para não me machucar, para me preservar mais. Mas quando tem brincadeirinha, aí eu me divirto com a molecada.
O que acha desses elogios que Liedson está fazendo sobre você?
É demais ouvir essas palavras do Liedson, fico muito feliz. Procuro fazer o máximo possível do que ele me fala, já faço muitas dessas coisas, mas ouvir essas palavras positivas dele sobre mim é muito bom.
Ele brincou que, se Tite precisar de mais um atacante no time principal, pode chamar você. Será que dá para brigar por posição (risos)?
(Risos) Não sei, mas ao lado do Liedson tudo ficaria mais fácil.