Dia 29/02/2016
23:02
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Criado apenas há dez anos, o Audax vem sendo um modelo para muitos clubes do futebol brasileiro, principalmente quando se fala em gestão. O clube, que desde a sua fundação mostra um trabalho de administração brilhante, principalmente nas categorias de base, conseguiu conquistar o seu principal objetivo neste ano, que era colocar as suas duas filiais, São Paulo e Rio de Janeiro, na primeira divisão dos seus respectivos campeonatos estaduais.

Mas neste mês o clube teve uma repercussão ainda maior fora dos gramados. O Audax conseguiu lucrar cerca de R$ 34,91 milhões. Isso aconteceu pela venda de dois atletas que foram formados no clube. A venda de Paulinho, ex-Corinthians, para o Tottenham-ING, deu a clube cerca de R$ 31,75 milhões. Enquanto isso, a venda de Vitinho, ex-botafogo, trouxe cerca R$ 3,16 milhões, já que o clube tinha apenas 10% do passe do atleta.

Para os dirigente dos clubes, os ganhos com as respectivas vendas não foram apenas financeiros, mas também morais, pois o clube consegue aparecer de vez no cenário do futebol brasileiro.

- O maior ganho é institucional, temos conquistas expressivas nas categorias de base, construímos dois clubes do zero até a elite dos dois principais estados do pais, formamos cidadãos, formamos profissionais para trabalhar no futebol, projetamos atletas para clubes do Brasil e do Mundo, mas a exposição que a saída do Paulinho e Vitinho proporcionam é uma forma de consolidar o Audax perante a opinião pública - Afirmou o gerente executivo do Audax, Thiago Scuro, ao LANCE!Net!.

Scuro acredita que nos próximos anos, outros atletas que foram formados pelo clube irão ter um reconhecimento internacional, o que irá ajudar ainda mais o clube.

- Temos o Samir, o goleiro César e o zagueiro sub-20 Rafael Dumas no Flamengo. O Antônio Carlos, do Corinthians (autor do gol do título corintiano da Copinha em 2012), é nosso também. O Juninho, titular do Palmeiras, surgiu no Audax. São muitos nomes, como o do Rafael Carioca, ex-Grêmio e Vasco, que está no Spartak. Além desses que aparecem para o mundo todo há uma série de negócios menores em que o Audax vende 60% dos direitos e fica com 40% do passe. É um modelo dentro do futebol que respeita o atleta e dá a ele melhores oportunidades (de ganhar vitrine) do que o Audax - Disse.

Para ele, muito clubes do Brasil precisam se organizar mais nas suas categorias inferiores, não somente investir dinheiro de uma forma desorganizada, tendo gastos acima.

Bate-papo com Thiago Scuro, gerente executivo do Audax.

LANCE!Net!: Quais os maiores ganhos que o Audax têm com a venda dos dois atletas?

Thiago Scuro: O maior ganho é institucional, temos conquistas expressivas nas categorias de base, construímos dois clubes do zero até a elite dos dois principais estados do pais, formamos cidadãos, formamos profissionais para trabalhar no futebol, projetamos atletas para clubes do Brasil e do Mundo, mas a exposição que a saída do Paulinho e Vitinho proporcionam é uma forma de consolidar o Audax perante a opinião pública. O retorno financeiro é bem vindo, mas sempre foi consequência das nossas ações e projetos e não o contrário.
Estamos orgulhosos do trabalho do nosso staff e dos resultados que apresentamos até hoje, mas sem dúvida o Vitinho e Paulinho consolidam o Audax no radar dos principais clubes do mundo.

L!Net: Qual seria a fórmula para todo esse sucesso nas categorias de base no clube? Quais fatores diferenciam o Audax dos outros clubes nacionais?

T.S.: Planejamento, metodologia e persistência. Acreditamos no nosso modelo de gestão administrativa e técnica e seguimos aprimorando esse modelo de acordo com os erros e aprendizados que o dia a dia nos impõe. Mesmo que em alguns momentos os resultados nos fizeram questionar se estávamos no caminho certo, seguimos adiante e isso fez com que o Audax tenha processo, metodologia e modelo de negócios testado e aprimorado ao decorrer dos anos.
Somamos isso ao fato de a equipe profissional ser uma extensão da formação, temos 55% dos atletas do profissional formados no clube, projetamos atletas para diversos clubes e com isso criamos um ambiente extremamente motivador e que premia os que possuem talento e trabalham.

L!Net: Na época que os atletas atuavam no Audax, vocês já tinham as percepções que seriam grandes jogadores do cenário nacional? Vocês veem em outros atletas do clube estas mesma qualidades para daqui a um tempo "explodir" para o mundo? Quais?

T.S.: O Futebol é um ambiente de risco, é muito difícil assegurar o êxito de uma equipe ou atleta, por isso, tratamos aqui de minimizar a margem de erro. Evidente que tínhamos grandes expectativas sobre o talento que o Vitinho e Paulinho demonstravam na base, mas chegar ao nível que, principalmente o Paulinho chegou, é realmente difícil de prever. Nesses casos temos outros fatores que o clube não controla, a forma como aproveitaram as oportunidades em clubes grandes é parte da natureza deles e, do apoio que tiveram da família. Por isso, o grande 'fator' desse processo pertence aos atletas, nós apenas geramos a oportunidade e dirigimos.

L!Net: Essa filosofia de trabalho é única e duradoura ou vocês acham que daqui a um tempo todos os clubes irão se inspirar no trabalho feito por vocês?

T.S.: De forma alguma, os princípios são simples e básicos. Investimos em média 30% a mais do que os grandes clubes investem na formação de atletas, mas por termos uma gestão técnica, sem envolvimento político direto e com continuidade, conseguimos ser competitivos e formar atletas de alto nível. Mas ainda vejo no aspecto social o grande diferencial do Audax, formamos cidadãos e bons cidadãos com talento esportivo com certeza vão mais longe.

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