Dia 27/10/2015
23:36
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Enquanto Neymar brilha com a camisa do Santos nos campos, nas quadras outro craque de estilo parecido também dá show pelo Peixe: Falcão, melhor jogador de futsal do mundo.

Porém, as diferenças entre os dois se resumem ao "terreno" de jogo. Amigos, eles têm relação próxima fora do clube, a ponto de Falcão dar conselhos ao atacante.

Maior referência de seu esporte e artilheiro de todos os tempos da Seleção Brasileira, ele também sofreu com a fúria dos adversários ao longo da carreira por conta dos dribles e das jogadas de efeito. Mesmo assim, afirma que o jovem tem de continuar irreverente, independentemente do placar.

Atencioso, Falcão recebeu o LANCENET! após um treinamento do time, em Santos, e falou sobre a relação com Neymar, o sucesso da equipe de futsal do Peixe, sua passagem pelo campo... E profetizou:

– Mais um ou dois anos, Neymar será o único que poderá ser comparado ao Messi. Ele tem uma perfeição muito grande – disse.

Confira a entrevista exclusiva com Falcão:

LANCENET!: Seu estilo de jogo é parecido com o do Neymar. Existe comparação da torcida?

FALCÃO: Existe. Ele diz que escuta muito que é o Falcão dos campos e eu escuto muito que sou o Neymar das quadras. Realmente virou um chavão da torcida. Me deixa muito feliz ser comparado a ele, assim como ele já me disse também que fica bastante feliz de ser comparado a mim.

LNET!: E como é para você ouvir esse tipo de elogio do melhor jogador do Brasil hoje?

F: Isso mostra, primeiro, que está na hora de parar (risos). Quando vejo um craque falando que me acompanha desde criança é porque estou ficando velho (risos). Segundo que ser referência para esses caras é muito bacana. Tenho prazer de ser amigo do Neymar e dele falar que é meu fã, assim como sou fã dele.

LNET!: Como é a relação de vocês dois? São amigos?

F: Nós conversamos bastante. Tenho liberdade de falar com ele e com o pai. Não tanto quanto a gente gostaria, até por causa do calendário, mas há essa proximidade. É muito legal. Não é só com o Neymar, mas com toda a família. Já temos marcado para depois da Libertadores irmos um na casa do outro.

LNET!: Então há uma relação de confiança entre vocês... Ele já chegou a lhe pedir algum conselho?

F: Dou algumas dicas. O início e o estilo de jogo dele têm muito a ver com o meu. Ele está na fase do prazer de driblar a toda hora e falo que tem de driblar mesmo. Foi um diferencial meu, sempre fiz ganhando ou perdendo. Falei com o Neymar e o pai dele que, fazendo independentemente do placar, todo mundo vai ver que é estilo de jogo e não falarão nada. Ele tem tudo para ser um dos grandes do futebol mundial.

LNET!: Já que você tem o estilo de jogo parecido e é amigo do Neymar, se considera um Menino da Vila?

F: Um menino meio velho já, né? Mas meu estilo de jogar, de alegrar a torcida, faz com que eu seja. Torcedores de outros times vêm ao ginásio me ver jogar. É muito legal. Me sinto um Menino da Vila, sim.

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LNET!: Falando sobre futsal agora, como é a pressão da torcida do Santos? Vocês ouvem comparações com o time de campo?

F: Não queremos concorrer com o campo e nem temos condição. Estamos aqui para conquistar o nosso público. Torcemos muito pelo campo esabemos que eles torcem por nós. Quando o clube vai bem, é bom para todo mundo. É uma pressão que existe naturalmente, por vestir a camisa do Santos. Tínhamos uma expectativa muito grande e a torcida também. Ela abraçou o futsal.

LNET!: O Santos é líder disparado da Liga Futsal. Acha que o time pode repetir o sucesso do Jaraguá?

F: Considero o time completo, pronto para repetir. Se tudo correr bem somos favoritos, com certeza. Estamos retribuindo tudo que foi investido com essa campanha. Só depende de nós para que esse trabalho dure bastante. Até agora está tudo 100%: ganhamos a Copa Gramado e estamos liderando a Liga. Esse time ainda tem muito fruto para dar.

LNET!: No passado, você já teve alguns problemas com os adversários, inclusive de brigas. Como é a sua convivência no futsal hoje?

F: Há uns 8 anos, isso era complicado. Todo mundo achava que eu fazia as jogadas para sacanear. Se fosse isso, não marcasse gols e não ganhasse títulos, eu ficaria marcado como jogador apenas de exibição e acabou. Quebrei isso com números. Sou o maior artilheiro da história Seleção, com 303 gols. Hoje o respeito é muito grande. Brinco que, se eu sentar na bola, vão achar que é para alguma coisa e vão entender. Hoje todo mundo sabe que jogo assim e que não é para desrespeitar.

LNET!: O futsal segue lutando para se tornar um esporte olímpico. Qual é seu pensamento sobre isso?

F: É um sonho, né? Mas o principal culpado disso é o próprio esporte. Não pode querer ser olímpico com regras diferentes no Brasil e na Espanha, as duas principais forças. Agora já está unificado. Vejo pelos números: a liga de vôlei tem poucos times, a de futsal tem 23. É assim com outras modalidades também. O esporte tem tudo para ser olímpico. Torço muito pelo futsal, ele me deu tudo o que tenho. Espero que venham novos ídolos, nenhum esporte vive sem. Tomara que apareça alguém para dar sequência.

LNET!: E sobre sua passagem pelo campo do São Paulo, realmente o Emerson Leão foi o vilão para não ter dado certo a tentativa?

F: Todo mundo sabe que poderia ter tido mais oportunidades, que não foram dadas. Quando foram, aproveitei. O mais difícil é você ensinar alguém a jogar futebol. Falar que é adaptação é muito fácil. Mostrei que poderia ser útil ao São Paulo, mas a oportunidade não aconteceu porque o treinador não deu. Não tenho mágoa nenhuma, isso é passado. Sou muito bem resolvido em relação à minha escolha. Estava realmente disposto a voltar. No futsal tenho vários patrocínios individuais que no campo não teria. A escolha foi minha, sou apaixonado pelo que faço e não preciso provar nada. Foi muito legal, fui campeão do Paulistão e da Libertadores.

LNET!: Após tanto tempo em Jaraguá, como está a vida em Santos?

F: É uma vida totalmente diferente. Estou muito feliz aqui. Se dá para ir à praia, troco qualquer programa. Meus filhos e minha esposa gostam. Adoro sair à noite do nada, caminhar por aí, tomar um açaí...

LNET!: E seus filhos, já começaram a jogar futsal também?

F: Enzo tem oito anos e já joga no Santos. Luigi tem cinco, está novo ainda, mas os dois mostram muita habilidade com a bola. O fato de eu jogar é um incentivo natural. Não forço nada, não obrigo eles a nada.

LNET!: Herdaram o talento do pai?

F: É difícil falar, o pai é coruja sempre (risos). O Luigi está me surpreendendo. Ele é destro, tem muita qualidade. O Enzo chuta com a esquerda. É igual no jeito de andar, de correr, parece demais comigo.

LNET!: Está surgindo o novo Falcão?

F: (Risos) Vamos ver, é muito cedo, mas tomara. O pai sempre quer o filho jogando, mas não será forçado.

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