Dia 27/10/2015
12:49
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O impacto da independência escocesa será muito maior nos esportes olímpicos do que no futebol. Isso porque nas Olimpíadas os atletas da Escócia competem sob a bandeira da Grã-Bretanha e, portanto, utilizam a mesma estrutura e verba de ingleses, norte-irlandeses e galeses.

Com a separação, teria algum jeito de manter os escoceses no mesmo nível de performance? O LANCE!Net consultou oficiais do governo escocês, que faz campanha pela independência, e eles garantiram que é possível que a Escócia siga com bons resultados olímpicos.

– A Escócia já é a casa de um grande número de instalações esportivas de nível mundial tanto para treinamentos quanto para competições. A sportscotland (espécie de agência esportiva do país) tem a responsabilidade de cuidar de todos os aspectos do esporte no país, desde o nível de comunidade até o de competição. Os Jogos de Commonwealth* 2014 mostram isso – disse parte de um comunicado enviado com exclusividade ao LANCE!Net.

Especialistas do esporte não compartilham a opinião do governo local. Sir Craig Reedie, vice-presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional) e também escocês, acha que os esportistas acabarão permanecendo com a Grã-Bretanha, seguindo o “dinheiro” dos investimentos de empresas. 

– Minha experiência é que namaioria das vezes os atletas seguem o dinheiro. Se você é um escocês em um time de remo com oito atletas ou algum velejador que compete com uma dupla... Penso que nesses exemplos, a intenção é permanecer na Grã-Bretanha – comentou ao jornal “The Guardian”.

INVESTIMENTOS GERAM DÚVIDAS

Após as Olimpíadas de Atlanta, em 1996, a Grã-Bretanha organizou um novo jeito de investir no esporte de alta performance, usando o dinheiro ganho pelo governo nas loterias e com impostos e repassando grandes quantias no desenvolvimento de novas instalações e atletas. Este processo fez com que o número de medalhas do "Team GB" multiplicasse, transformando os britânicos numa potência olímpica.

No atual ciclo olímpico, 500 milhões de libras (R$ 1,9 bilhão) foram destinados ao Team GB. Porém, membros do Comitê Olímpico Britânico defendem que esse dinheiro não seja repassado à Escócia em caso de independência. Naturalmente, os escoceses querem sua parte no dinheiro recebido pela loteria nacional (que pelo menos até hoje também inclui o povo escocês).


GOVERNO GARANTE ESCÓCIA NA RIO-2016

Para conseguir um lugar na Olimpíada, a Escócia independente terá que garantir pelo menos cinco federações nacionais de diferentes esportes afiliadas aos seus respectivos órgãos internacionais, além de reconhecida mundialmente como uma nação. Tais requisitos não devem ser
problemas para os escoceses.

No entanto, o tempo para que os escoceses já possam competir em 2016, nas Olimpíadas do Rio, parece curto. O processo de transição deve durar até março de 2016, quando vários esportes já terão passado pelas suas competições qualificatórias. Ao LANCE!Net, o governo escocês garantiu que já trabalha com o COI para garantir que os atletas locais possam se qualificar para o Rio:

- Assim que a Escócia for independente, todos terão dupla cidadania, e poderão escolher. Mas daremos um jeito, junto ao COI, de garantir nossa
delegação independente em 2016.

NÚMEROS DA ESCÓCIA NAS OLÍMPIADAS

Dois dos maiores astros do Team GB nas últimas Olimpíadas, curiosamente em Londres (2012), foram escoceses: o tenista Andy Murray venceu a competição de simples e conquistou a medalha de prata em duplas mistas com Laura Robson. Já Sir Chris Hoy se tornou o maior medalhista de ouro da história da Grã-Bretanha com duas vitórias no ciclismo.

No total, os escoceses responderam por 20% das medalhas do Team GB nos Jogos de Londres. Curiosamente, apenas 10% do contingente de atletas da Grã-Bretanha eram da Escócia.

*No Commonwealth, a Escócia compete em esportes olímpicos como uma nação contra outros países do antigo Império Britânico.

 

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