O pé direito que acertou dois chutões históricos no clássico de domingo já deu muita dor de cabeça a Darío Bottinelli. Primeiro, uma fratura em 2007 impediu que o meia tivesse uma sequência no San Lorenzo, time argentino que o revelou.
Ano passado, uma torção no tornozelo interrompeu a boa temporada no Universidad Católica, do Chile, equipe em que ele era a principal estrela. Apontado como revelação das categorias de base do San Lorenzo, Bottinelli subiu para o profissional em abril de 2005, aos 18 anos. Na época, a imprensa local o anunciou como irmão habilidoso de Jonathan, zagueiro dois anos mais velho e titular absoluto do time.
Mas o jogador nunca conseguiu se firmar. Primeiro porque variava muito de posição no meio (jogou nas quatro posições). Depois, quando era titular atuando como meia, fraturou um osso do pé direito. A previsão inicial era de três semanas parado, mas foram 74 dias afastado dos gramados.
- Ele sentiu bastante a parada. A fratura não chegou a ser um trauma na carreira, mas quebrou uma boa sequência que vinha tendo. É um jogador talentoso, de personalidade, mas precisa jogar para pegar - confiança - conta Rafael Savino, presidente do San Lorenzo na época em que o argentino subiu para o time profissional.
Após a lesão, Bottinelli viveu um momento negro na carreira. Foi negociado com Racing, mas
marcou apenas cinco gols (nenhum importante) em quase um ano de clube. Negociado com o Universidad Católica em 2008, andou no México até voltar ao clube chileno, ano passado. Quando liderava o time, o pé direito voltou a incomodar.
Uma torção contra o Universidade do Chile tirou o atleta dos jogos decisivos do campeonato nacional. Dessa vez foi menos grave, mas Bottinelli desembarcou no Brasil ainda sem estar totalmente recuperado.
Durante a pré-temporada, em Londrina, precisou ficar duas semanas tratando a lesão. O pé que tanto preocupou não tira mais o sono do meia argentino. Passou a dar dor de cabeça para os
goleiros adversários.
Mesma trajetória de Conca e Montillo
Repercutiu ontem nos veículos de imprensa da Argentina os gols feitos por Bottinelli no clássico de domingo. Os hermanos não conseguiam entender como promessas locais não dão certo no seu próprio país e acabam brilhando no Brasil.
- Falta paciência no nosso futebol. Não dão tempo para garotos promissores mostrarem seu talento. Quantos ainda vamos perder? - disse o Arthur Cicinare, sociólogo que estuda a História do futebol argentino.
O caso de Bottinelli é muito semelhante ao de Conca e Montillo, hermanos que recentemente viraram ídolos no Brasil. Todos eram promessas nas categorias de base, comparados a craques locais. Mas não se firmaram em seus clubes e se destacaram no Chile antes de estourar no futebol brasileiro. Coincidência? Cicinare afirma que não.
- Ao mudarem para o Chile, a pressão diminui. Saem dos holofotes. O futebol naturalmente aparece. E o Brasil está sabendo olhar esse mercado - observou.
Bottinelli, a exemplo de Conca e Montillo, teve problemas com o idioma no início, mas já demonstra estar mais adaptado.
Dia 28/10/2015 02:59