Nesta semana, o Cruzeiro anunciou o empréstimo de Anderson Lessa – que estava afastado do time – para o Avaí. A solução encontrada para o atacante já aconteceu com outros atletas e ajuda a diminuir o elenco, mas cria um problema a longo prazo.
A princípio, os empréstimos surgem como boas alternativas para colocar jogadores não aproveitados na vitrine e para promessas da base acumularem experiência. As saídas também podem gerar retorno técnico e financeiro.
Mas o problema é quando os jogadores emprestados não rendem nada ao clube. O LANCE! fez um levantamento e constatou que, desde 2007, poucos atletas foram negociados pelo Cruzeiro após passaram por outras equipes. Menor ainda é o número dos que foram aproveitados na Raposa (ver quadro).
Nos últimos anos, mais de 30 jogadores foram repassados a outras equipes. Muitos não convenceram nem foram negociados posteriormente. O destino comum é o fim ou a rescisão do contrato. Certos nomes são facilmente lembrados pela torcida, como Apodi, Carlinhos Bala e Kieza. Outros já saíram da memória, como nos casos de Wanderley, Rômulo e Jajá
Às vezes, porém, a culpa do insucesso é dos próprios jogadores, que não veem a oportunidade de aparecerem em outras equipes, como destaca Geovanni, ex-atacante do Cruzeiro, com passagem pelo América.
- Muitos atletas não veem um empréstimo como uma chance na carreira. Alguns pensam que estão saindo para um clube menor, mas na verdade é um trampolim, não só para o Cruzeiro mas para clubes do exterior – afirmou.
Nem mesmo as promessas da base escapam dos empréstimos. Bons valores vindos da 'Toquinha' acabaram sem espaço no grupo principal e precisaram batalhar em outros clubes, muitas vezes sem sucesso.
São os casos de Luiz Fernando, Gatti, Maicon, Dudu, Bernardo, Eliandro e Thiaguinho. De todos esses, apenas Dudu foi aproveitado no clube, depois de passagem pelo Coritiba. Maicon, outra excessão, foi ne-gociado com o Porto (POR).
Luiz Fernando e Gatti terminaram seus vínculos com o clube. Bernardo, Eliandro e Thiaguinho estão emprestados e ainda podem render frutos ao clube, seja dentro de campo, ou até mesmo nos cofres.
Farías sem destino; Geovanni é exemplo
Contratado como grande reforço no ano passado, Ernesto Farías não emplacou no Cruzeiro. Em maio, o jogador foi listado como dispensável no grupo da Raposa e, agora, está sem destino e com um salário alto.
Recebendo certa de R$ 200 mil por mês, o argentino dificilmente se enquadra no perfil de clubes menos. O Cruzeiro tenta de qualquer maneira de desfazer do jogador, mas até o momento continua pagando os salários de Farías, que sequer treina com o grupo na Toca da Raposa II.
O ideal seria arrumar para Farías um destino parecido com o que teve Rômulo. O lateral foi emprestado ao Atlético-PR e, neste mês, foi negociado para a Fiorentina, rendendo quase R$ 3 milhões ao Cruzeiro.
Geovanni rendeu muito ao Cruzeiro (Foto: Reuters)
O maior exemplo de sucesso dos empréstimos é Geovanni, cria da base. O meia foi emprestado ao América, onde jogou por cerca de um ano. Ao voltar, atuou de 1999 a 2001 pela Raposa, conquistou cinco títulos e foi protagonista de um deles, a Copa do Brasil de 2000. Depois disso, foi vendido ao Barcelona por 18 milhões de dólares.
Com Palavra: Geovanni, ex-atacante do Cruzeiro que foi emprestado ao América
"Joguei no América um Brasileiro que nós caímos e isso me marcou muito. Coloquei que tinha que voltar ao Cruzeiro e dar meu máximo, para ganhar algo, fazer história. Quando voltei, estava mais maduro, valeu pela experiência. Eu esperava voltar e ter sucesso, confiava muito em mim. Fiquei feliz pela chance de ir para o América, um clube que abriu as portas para mim e guardo um carinho especial. Lá ganhei experiência e voltei ao Cruzeiro com mais bagagem.
O mais importante é o jogador estar ciente do que deve fazer. Quando chega em um lugar e é bem recebido, fica feliz, joga bem e depois voltar tranquilamente ao seu clube. Estar jogando é sempre mais importante"
Quem deu retorno