O gesto não é novo. Mas, como muitos holofotes estão voltados para o Pan de Toronto, a prestação de continência de atletas brasileiros ligados às Forças Armadas na entrega de medalhas no Canadá ganhou proporções e virou polêmica.
Em Toronto, diversos atletas tupiniquins fizeram o gesto no pódio no momento em que era tocado o Hino Nacional (em caso de medalha de ouro), ou mesmo apenas quando a bandeira era hasteada.
A controvérsia residiria no fato de que a continência, além de ser uma saudação militar, teria também uma conotação “comercial” e política.
As Forças Armadas (Exército, Aeronáutica e Marinha) criaram em 2008 o Programa de Atletas de Alto Rendimento. Neste projeto, diversos competidores tornaram-se soldados, entre outras patentes, e em troca ganham salários e outros benefícios dos militares.
Na natação, a continência foi prestada por Leonardo de Deus, João de Lucca e pelo time do 4x100m livre feminino. No judô, Luciano Corrêa, Mayra Aguiar e Tiago Camilo fizeram a saudação à bandeira.
– Somos ensinados que, sempre que o hino toca, o militar, por respeito, tem de prestar continência e ficar em posição de sentido. É uma forma de respeito pela minha bandeira e meu país – falou De Deus.
A polêmica teria base na Carta Olímpica do Comitê Olímpico Internacional (COI). A entidade proíbe qualquer tipo de publicidade ou propaganda em competições, além de manifestações políticas.
- É um orgulho poder prestar essa homenagem e lembrar quem está nos ajudando - falou Mayra Aguiar.
COB se pronuncia e defende atletas
Após o burburinho criado em torno da prestação de continência, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) divulgou um comunicado oficial à imprensa defendendo o gesto.
“O COB entende que a continência, além de regulamentar, quando prestada de forma espontânea e não obrigatória, é uma demonstração de patriotismo, sem qualquer conotação política”, publicou a entidade nesta quarta-feira.
Dos 590 atletas que estão competindo no Pan de Toronto, 123 fazem parte do Programa de Alto Rendimento das Forças Armadas. Até a terça-feira, segundo dados do Exército, 17 das 41 medalhas obtidas em Toronto foram de militares.